𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐓 𝐃𝐀𝐘𝐒

2.1K 303 47
                                    

DIAS SILENCIOSOS by Stella Hawkins

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

DIAS SILENCIOSOS by Stella Hawkins

Eu acredito que há um problema com a fé: a idolatria. No momento em que você acredita tão fielmente em algo que é capaz de ir contra todos os seus princípios em nome da fé, isso se torna um problema. E pior ainda, isso se torna um perigo.

Eu já ouvi e vi muitas vezes isso acontecer. Vi a crença da humanidade nos levar a limites nunca antes atingidos. Religião, política, deuses, reis, governantes. Eu vi homens sem escrúpulos ascenderem ao poder por culpa da devoção das pessoas que os cercavam, vi guerras serem travadas por causa da idolatria e vi pessoas caminhando para morte eminete por causa de seus líderes ou deuses.

Eu vi o pior da humanidade ao longo dos últimos vinte anos e tudo isso em busca de algo para acreditar. Porque era da natureza humana acreditar.

Joel não havia, milagrosamente, melhorado. Ainda tinha seus picos de consciência, mas estava definitivamente muito mal. A ferida não tinha mais pus e parecia está desenfeccionando aos poucos. As doses de penicilina haviam ajudado bastante, mas ainda não era o suficiente para faze-lo melhorar.

Eu não havia conseguido fechar os olhos nas últimas horas, o medo de que Joel piorasse ou David e seu povo nos encontrassem enquanto eu dormia, se fazia presente e era o meu maior inimigo no momento.

Ellie havia decidido que iria ver como os cavalos estavam e havia saído há alguns minutos nessa missão, deixando apenas o homem enfermo e eu no porão.

Assim que injetei a última dose de penicilina no ferimento de Joel, não pude deixar de suspirar cansada. Todo o meu corpo implorava para que eu meu acalmasse e dormisse ao menos alguns minutos, mas meu cérebro gritava ordens em modo sobrevivência e me impedia de ao menos fechar os olhos.

Eu me sentia tão perdida e com medo como nunca me senti desde que Marlene me naquela floresta. Eu não sabia o que fazer, não sabia como planejar minhas ações e percebi que todo o tempo em que passei com os Vaga-lumes me protegendo e mantendo segura, me fizeram ficar enferrujada no quesito sobrevivência.

- Joel...- chamei acariciado seu rosto.- você precisa acordar.

O homem a minha frente nem ao menos se moveu. Eu apenas tinha certeza de que ele estava vivo pois podia ouvir sua respiração fraca e ver seu peito subindo e descendo.

- Eu menti, Joel! Menti desde o início, quando disse que sabia cuidar de mim mesma, que podia cuidar da Ellie sozinha - confessei sentindo meu peito doer e minha voz embargar.- a verdade é que eu não faço ideia de como agir agora. Eu não sei o que fazer, não sei o que pensar. Não consigo cuidar de mim e da Ellie. Não sozinha. Eu preciso de você, Joel. Preciso de você mais do que nunca, meu amor. Ellie e eu precisamos. Você é quem protege a gente, você mantém nós duas vivas. Não me deixa sozinha. Por favor, meu sol e estrelas...

Deitei minha cabaça sobre o peito de Joel enquanto lutava contra as lágrimas e a sensação de puro medo que estava se apossando do meu corpo. Senti Joel deitar sua cabeça sobre a minha, assim como fez com Ellie. Segurei uma de suas mãos e entrelassei nossos dedos.

BORN TO DIE           joel millerOnde histórias criam vida. Descubra agora