4. Insidius

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Jungkook ficou travado no lugar sem dar espaço para quaisquer reações que pudesse vir a ter. Ele ainda estava preso dentro da própria cabeça, dentro daquele lugar quente e seguro no qual ele fantasiava em voltar em algum dia, sem êxito até o momento.

No entanto, ele não precisava mais daquele refúgio, não quando a sorte parecia sorrir para ele mais uma vez.

— Você sabe falar? — A voz doce e suave ecoou em seus ouvidos.

Jungkook piscou uma, duas vezes, até seus olhos focarem na estranha figura à sua frente.

Dentro daquela caminhonete linda e mágica e segura e perfeita, um rapaz louro de sorriso meigo piscava os cílios para Jungkook, e ele não era o único, pois, do banco do passageiro, um outro tão ou ainda mais bonito, de cabelos castanhos, olhava-o com curiosidade.

— A-Ah, desculpe, e-eu falo sim, meu nome é... Jungkook. — ele deu de ombros, envergonhado. Era estranho até mesmo ouvir o som de sua própria voz depois de tantas semanas sem usá-la.

— Jungkook... — o loiro testou o nome em seus lábios, suspirando. — É um lindo nome pra um homem tão triste. Você está sozinho, Jungkook?

O moreno assentiu. Por um momento, um brilho estranho surgiu nos olhos do estranho encantador, mas logo sumiu, e Jungkook só viu novamente a doçura e a simpatia neles.

— Sei... Então, muito prazer, Jungkook. Eu sou o Jimin, e esse aqui do lado é o Taehyung. Se você estiver afim, nós temos um lugar seguro para ficar perto daqui. Tem comida, água, eletricidade, e uma cama quente prontas pra você. E o melhor, totalmente seguro.

— Nenhum lugar é totalmente seguro. — o moreno retrucou.

— Mas o nosso é. Nenhum monstro nunca ousou se aventurar perto das nossas terras, e temos quase certeza de que continuará assim, não é? — O loiro olhou para o amigo, que balançou a cabeça com um sorriso. Até o momento, Jungkook ainda não tinha ouvido sua voz.

— E qual seria o preço? — Jungkook mordeu o interior das bochechas. Nem em seus melhores sonhos ele imaginaria ter qualquer um daqueles luxos de novo, e ele não esperava que as coisas fossem ser fáceis.

Mas para sua surpresa, Jimin jogou a cabeça para trás e riu.

— Oras, como assim, preço? Bem, é verdade que a horta se beneficiaria de um par extra de mãos, mas nós não esperamos cobrar nenhuma "taxa" para te ajudar.

— Vocês têm uma horta?

— E um celeiro com 3 vacas! — Jimin assentiu. — Há o bastante para todos. Além disso, nós somos poucos agora, as pessoas têm que se ajudar, não acha? Têm sido apenas eu e Taehyung há muito tempo, já estamos entediados da companhia um do outro.

Jungkook deu uma risadinha cordial, mas ao olhar para Taehyung, o encontrou inexpressivo.

Havia algo subjetivo, bem embaixo da pele de Jungkook, que se sentia incomodado com aquilo, como uma coceira dentro do ouvido.

— Venha... com a gente. — Taehyung falou pela primeira vez e, uau.

A voz do homem era rouca e baixa, confiante, mas nem um pouco mandona e ameaçadora, era quase... carinhosa, se isso fosse possível entre dois estranhos numa situação como aquela. Mas aquilo puxou algo para fora de Jungkook, uma carência que nem mesmo ele parecia estar ciente de sentir, e assim Jungkook se viu caindo lentamente naquela espiral.

— Sim, eu vou com vocês.

..

Era de se imaginar que Jungkook fosse ficar sem reação no momento em que a picape virou em uma rua de terra, até o momento sem atrativos, para adentrar a vasta floresta que iniciava os vários metros da propriedade de Jimin. O loiro, olhando cuidadosamente Jungkook pelo retrovisor, deu um sorriso satisfeito ao vê-lo praticamente babando.

Gênesis | Vminkook [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora