GRÁVIDA?

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Estava numa das minhas melhores fases em diversos aspectos, e estava cheia de expectativas profissionais, estava recomeçado após muitos acontecimentos, só que eu não esperava ser surpreendida como fui, e naquele momento eu não sabia definir se seria de forma positiva ou não.

Dia 17 de março de 2018, um dia para não ser esquecido...
O dia começou com o convite de uma prima minha para acompanhá-la num teste de gravidez, apesar de ela já saber que estava grávida, mas queria ter certeza e consequentemente a acompanhei ao laboratório, ela queria que eu fizesse junto com ela só para que não fizesse só, apenas para acompanha-la (durante esse período eu estava numa rotina de trabalho intenso, mal me alimentava e descansava, resultando em algumas indisposições, como eu pensava, mas nada que pudesse sinalizar que seria um bebê, afinal minhas regras mensais não foram alteradas e nem meu corpo mudou) e lá fomos nós!
Fizemos o bendito exame.
Ela ansiosa perguntou a recepcionista a que horas sairia o resultado:
- Você pode acessar a partir das 13:30hs. Disse ela.
Me mantive extremamente tranquila, estava num relacionamento com uma outra mulher e não tinha como eu engravidar, ainda mais pelo tempo de término do relacionamento anterior!
Então, deu o horário, combinamos de um olhar o teste da outra no aplicativo do laboratório, o resultado dela saiu primeiro e como esperado, positivo, o meu passou mais uns minutos e nada, peguei então e disse a ela para esquecer, que era impossível...
Antes de eu terminar a frase ela me olhou e com um certo desespero disse: "Prima, deu positivo!"
Naquele momento foi um silêncio ensurdecedor!
Tinham milhões de perguntas na minha cabeça, não tinha ideia do que fazer, parecia ter aberto um buraco sem fundo e ali estava eu, caindo nele.
Eu respirei e falei na mais pura certeza que estava errado, POSITIVO? Mas como?
Pelo tempo, era impossível.
Eu morri e voltei!
Pensei que nunca iria me sentir tão perdida como naquele momento, só que eu nem imaginava o que estava por vir, e esse não foi um terço da história...
Então, marquei com minha companheira de conversarmos a noite, após ela sair do trabalho. Então tentei encontrar todas as palavras possíveis, apesar de não conseguir pensar em nenhuma, e então falei com ela, disse do meu desespero, do medo em que eu estava e que não saberia se estava preparada para ser mãe naquele momento e ela só falou que apoiaria, que sim, aquele bebê seria muito amado e que ela estaria ali para tudo!
Fomos atrás da maternidade para agendarmos o primeiro ultrassom, eu e ela, e depois de horas, estávamos juntas e ouvimos pela primeira vez os batimentos cardíacos daquele pequeno ser.
Quanto a minha família, contei a eles sobre a gestação e o que não foi novidade, ficaram eufóricos em saber, mas ninguém de fato queria saber como eu estava.
Só que, como eu disse lá no início, contos de fadas não existem né!?
Dia da primeira consulta médica.
Feliz não foi a palavra certa por um longo período, mas Deus tem sua forma única de agir.
Bom, bora lá!
Batimentos cardíacos, ok!
Desenvolvimento do bebê, ok!
Fiz mais alguns exames e o médico constatou que meu colo do útero era aberto e eu estava com dilatação e que a qualquer momento eu poderia sofrer um aborto espontâneo, é isso mesmo, neste mesmo instante ele pediu para ligar para o meu obstetra e informar.
Meu Deus! Me sentia perdida que só!
Chegando no consultório ele olhou o ultrassom, fez algumas anotações, algumas ligações e voltou dizendo:
- Mãe, você vai precisar de repouso absoluto durante toda sua gestação, além de tomar esses medicamentos (Nifedipina e Ultrogestan), além de ter a urgência em fazer uma cirurgia (uma cerclagem para fechar o colo do útero), precisamos evitar mais um aborto (esta não era minha primeira gestação, apesar de as anteriores, não ter tido o tempo de descobri-las a tempo)!
Eu simplesmente concordei e sai.
Mal sabia eu, que nem tinha tido tempo de processar que estava grávida, já ia fazer uma cirurgia!
Tudo isso em menos de duas semanas.
Foi aí que...
No final de semana tive a minha primeira reflexão!
Todos estavam felizes, mas e eu? O que eu estava sentindo? Até o momento nada, estava indo de modo automático!
Então ...
Quando parei, respirei e pude enfim observar e vê que com aquela calmaria, onde encontrava eu e eu, comecei a pensar em como meus dias estavam sendo!
Sabe os benditos enjoos? Pois é!
Eu tinha 24hs por dia, precisei abrir mão de mais algumas coisas, eram cólicas terríveis, já não conseguia dormir e eu não conseguia assimilar o fato de ter uma vida sendo gerada dentro de mim.
Era um período de repouso absoluto, com isso, por vezes, passava a noite inteira acordada pensando em como? Por quê? Qual a finalidade em eu estar grávida? Por que tinha que ser naquele momento?
Essa descoberta foi numa das minhas melhores fases, pessoal e profissional!
Era terrível ficar perdida em meio a tantas "interrogações".
Mas uma coisa era certa:
Tinha uma nova vida ali, crescendo, se nutrindo de tudo que eu sentia e pensava...
E foi assim que eu continuei sem aceitar a gravidez, mas compreendia que seria mãe!
Mal sabia eu que essa era só a primeira parte do processo!
Eu precisaria respirar e me preparar para uma enxurrada de riscos durante o processo até o nascimento do meu neném (onde a história fica ainda mais interessante, mas será desenvolvido noutro momento)!
Então, lá vamos nós para mais uma parte!
As semanas foram passando e eu percebia como meu corpo mudava, em alguns momentos era extremamente desesperador, só que, de alguma forma, algo me acalentava.
Eu passava horas e horas no quarto.
Não pode fazer esforço.
Não pode abaixar.
Não pode tomar banho quente.
Não pode...
Não pode...
Os dias passaram a virar noites e as noites viravam dias e tudo ficava mais difícil.
Neste momento, estava afastada de tudo e de todos. Com isso, o que passou a me ajudar um pouco durante esses longos dias/noites foi começar a escrever e passei a relatar como me sentia, como uma rota de fuga, para eu não enlouquecer, já que tudo ficava ainda mais complicado.
Mesmo ficando em repouso tive alguns sangramentos, cheguei a ficar internada algumas vezes e com isso, a situação agravava ainda mais!
Certo dia, decidi escrever um pouco e tentar ver tudo que estava acontecendo por uma perspectiva diferente, já que, no meu caso, escrevendo me entendo e me encontro.

Diário de uma mãe atípica Onde histórias criam vida. Descubra agora