Capítulo 9

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     Hoseok          

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     Hoseok          

Não vi o utilitário luxuoso ao meu lado até escutar uma voz grave e familiar chamar meu nome. Parei e olhei quando Yoongi estacionou atrás de mim. Não esperava vê-lo de novo.

O modo como meu coração disparou e começou a bater violentamente no peito me surpreendeu. O que havia nesse homem que me fazia sentir coisas que eu achava que eram impossíveis para mim?

- Entre - disse Yoongi, passando pela frente do carro para abrir a porta do carona.

A verdade é que eu não queria discutir com ele. Ele estava aqui e eu teria chance de estar perto dele por alguns minutos. Eu ia aproveitar.

Deixei meus olhos passarem pelo seu traseiro delineado pelo jeans e observei a maneira como a camiseta azul-marinho que ele usava agarrava-se ao seu corpo, incapaz de esconder todos aqueles músculos definidos. O cabelo dele estava preto, mas o marrom nas pontas faziam os fios parecerem sedosos e convidativos ao toque.

Quando ele começou a se virar para mim, voltei à realidade e me apressei até ele.

- Obrigado - respondi, subindo no carro.

Ele não me ajudou desta vez, mas esse carro não era tão alto quanto a camionete. Era o carro de Seokjin. Sabia que parecia familiar, mas o assento do bebê no banco de trás era definitivamente o de Jennie Kate. Eu já o tinha visto.

Yoongi fechou a porta, e eu contemplei sua beleza masculina quando ele passou pela frente do veículo, prendendo um fio de cabelo atrás da orelha. A barba pequena que quase não aparecia, estava novamente por fazer.

- Você trabalhou hoje - disse ele, olhando para minha mão. - Está melhor?

Estava. Muito melhor. Eu não havia tido muitos problemas com ela hoje. Usei luvas de borracha e pude fazer faxina sem que o corte me fizesse ir mais devagar.

- Sim - respondi - Você estava indo a algum lugar?

Ele sacudiu a cabeça negativamente e ligou o veículo, voltando para a rua.

- Não. Acabei de almoçar no clube. Jimin comentou que você trabalhou hoje e que estava voltando para casa a pé - explicou ele.

Então Yoongi viera para me procurar? Se ele estivesse indo para a casa dos Kim, teria dobrado algumas quadras antes senti o estômago se agitar.

Antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, um telefone começou a tocar. Yoongi se esticou e puxou o Smartphone do bolso.

- Oi, tudo bem? - disse ele ao atender, parecendo preocupado. - Claro. Estarei de volta lá. Acho que posso encaixar. Eles disseram por quanto tempo precisam ser tratados?

Tentei não olhar para o rosto dele enquanto ele se concentrava na estrada e na conversa no telefone.

- Sim, pode me passar - prosseguiu ele, e então se esticou e abriu o porta-luvas. - veja se tem uma caneta aí, Hoseok.

Fiz rapidamente o que ele pediu, encontrei uma caneta preta e a entreguei para ele. Yoongi me devolveu a caneta e pegou um pedaço de papel no console entre os bancos.

- Aqui, escreva para mim - disse ele.

Ah, não. Isso não.

Ele veria o que escrevi. Eu tinha dificuldade para escrever coisas ditadas. Eu precisava me concentrar. Minhas letras ficavam tortas e eu frequentemente entrava em pânico quando pressionado para escrever em pouco tempo. Eu tinha que ficar sozinho e me concentrar.

- Três, três, três - começou ele, e eu rapidamente escrevi os números. Aquilo eu conseguia. Não era difícil. - Berkley Roede - acrescentou ele, e meu coração começou a bater tão forte que eu não conseguia ouvir mais nada. - Fort Worth - prosseguiu, antes que eu conseguisse escrever o B, ou o que pensava que era B. Minhas mãos tremiam tanto que eu não sabia se conseguiria continuar.

Respirei fundo e tentei com todas as forças me controlar. Berkley. Já tinha o B. Então vinha o E. Comecei a escrever o E e ele pareceu um 3, como os que eu tinha escrito antes. Parei e olhei de novo para os números 3. Por que eles se pareciam?

O olhar dele estava fixo em mim. Um suor frio tomou todo o meu corpo e eu me forcei a continuar. A próxima letra era R. Pisquei rapidamente, enquanto as letras que eu tinha escrito se retorciam, e minha cabeça começava a latejar.

- Me manda por mensagem - eu o ouvi dizer.

Sabia que não estava falando comigo.

Fechei os olhos com força, desejando apenas pular daquele veículo em movimento. Aquilo não estava acontecendo. Eu morava aqui havia quatro anos, sem que ninguém soubesse que eu era burro. Aquele estigma tinha ficado para trás. Usara o corretor ortográfico do computador de Jimin para preencher meu formulário de inscrição para a agência de limpeza.

A força com que eu segurava a caneta tinha deixado as juntas dos meus dedos brancos, e eu olhava para elas com lágrimas de frustração se acumulando em meus olhos. Agora Yoongi Manning sabia que eu era burro. De todas as pessoas que poderiam ter descoberto isso, por que tinha que ser justamente ele? O universo me odiava.

Yoongi estendeu a mão e tirou a caneta de mim. Deixei que ele a pegasse. Ele então a jogou no porta-luvas e o fechou. Eu não conseguia olhar para ele. Ele não disse nada, e eu me recusava a encará-lo. Veria a pena ou, pior, desprezo.

O carro parou, eu respirei fundo e levei a mão à maçaneta da porta. Eu ia simplesmente sair correndo. As chances de ver aquele homem outra vez eram pequenas ou nulas. Ele não disse nada quando desci do carro. Isso doeu, apesar de eu me sentir agradecido. Ele não ia abrir a porta para mim nem me dizer adeus. Estava me deixando fugir, como o idiota que eu era.

Sem olhar para trás, me pus a procurar a chave do apartamento na mochila.

Minha mão tremia tanto que eu não conseguia colocar a chave na fechadura. As lágrimas borravam minha visão e eu deixei escapar um soluço de frustração antes de tentar abrir a porta outra vez.

De repente, a mão dele cobriu a minha e eu o vi tirar a chave de mim. Não resisti. Fiquei lá de pé, horrorizado e confuso, enquanto ele destrancava e abria a porta. Por que ele tinha saído do carro?

Não me mexi. Estava paralisado. Então a mão dele tocou minhas costas, e ele gentilmente me conduziu para dentro. Incapaz de pensar por mim mesmo, entrei. Ele manteve a mão dele na parte inferior das minhas costas até estarmos dentro do apartamento e a porta se fechar suavemente. Ele entrara atrás de mim. E ia me fazer perguntas. Perguntas cujas respostas ele já sabia. Eu havia provado no carro que meu cérebro não funcionava direito. E ele virá. Agora eu só precisava que ele fosse embora.

- O que aconteceu? - A voz dele era gentil e afável.

Não havia nada de desagradável na pergunta dele. Eu quase me senti seguro.

À Sua Espera (Yoonseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora