4º Capitulo - Inferno Macabro

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Seus olhos estavam focados em um ponto aleatório da parede, não prestava a atenção no que seus olhos escarlates enxergavam, sua atenção estava no vazio que sentia no seu coração congelado, a sensação desesperadora de perda que não conseguia compreender, eram os mesmos sentimentos que sentiu por muito tempo por sua falecida companheira, como era possível? Como seu peito podia doer tanto e não ser pela sua falecida amada. Porque sentia que algo vital havia lhe sido tirado? Tantas perguntas e sem nenhuma resposta.

Aro e Caius também estavam pensativos, Jane falava e Aro só assentia os três não tinham foco para as suas funções. Estava sendo sufocante ficar na bela gaiola de mármore que era o Palazzo, deixou o trono e foi para seus aposentos, removeu o manto grosso que lhe cobria e vestiu roupas normais, um desejo de ver a lua cheia lhe abateu, então deixou seu quarto e andou pela cidade que ajudava a proteger há mais de mil anos.

As pessoas mudaram conforme a passagem do tempo, em sua época as mulheres eram donas de casa e só serviam para agradar seus marido e gerar filhos, em alguns séculos elas passaram a ser trabalhadoras e até puderam entrar na política, e eram ouvidas, não se calavam quando confrontadas por um homem. Essas mudanças passaram como um piscar de olhos, seu luto pela Didyme lhe tirou o desejo de observar a vida mortal, ela era seu mundo, e ela se foi, assassinada por um desconhecido, mas vingada. Até hoje Volterra comemorava sua vitória, mesmo não sabendo nem um terço da realidade.

A praça estava cheia de turistas e mercantes, suas vozes eram a musica para o ambiente, mas não queria ouvir conversas aleatórias de estranhos, seus olhos deslocaram novamente e pararam um uma fonte, uma nostalgia apareceu em seu peito e uma saudade, mas de quem? Quem estava bagunçando suas emoções?

- O que aconteceu deve ficar no passado. – Disse uma mulher de cabelos castanhos, ela não parecia ser humana, seu cheiro era diferente de tudo que já havia presenciado.

- Não entendo. – Disse o Vampiro confuso com o inicio do dialogo daquela mulher estranha.

- Existe um ditado que diz que não devemos chorar pelo leite derramado, ou seja: Não pense no que não pode ser mudado. – Respondeu a mulher com uma face serena, ela era como uma estrela, rodeada por uma luz cósmica. – Se tem um vazio no seu peito você pode ignora-lo ou preenchê-lo com outra coisa, a escolha é sua, mas não ande em círculos em busca de uma resposta que jamais encontrará.

Definitivamente ela pertencia ao mundo sobrenatural, mas sua espécie é uma incógnita.

- Quem é você? – Perguntou completamente confuso.

- Tenho muitos nomes e apelidos, uns não muito agradáveis, todos temos nossos passados que gostaríamos de esquecer. – Refletiu a mulher, seu vestido brilhava com o reflexo da luz, dando lhe uma aparência divina. – Eu sou Elena, uma deusa em busca de um propósito. Já vivi o mundo mortal e um mundo cheio de magia, estou como você, perdida ao vento, deixando a brisa me guiar. Já passei pela provação do amor, agora espero pela próxima.

Os dois observaram a lua por um tempo, em silêncio, deixando o barulho das pessoas no fundo e só pensando sem suas próprias preocupações, aos poucos o fluxo das pessoas diminuiu, a madrugada havia chegado e os seres sobrenaturais só deixaram de observar o satélite natural quando uma grossa nuvem carregada a escondeu.

- O que lhe foi tirado não pode ser recuperado, não estamos em um conto de fadas.

- O que você sabe sobre isso? - Perguntou Marcus sentindo um aperto fantasma em seu peito.

- Você perdeu alguém que amou, não uma, mas duas vezes, seu destino não era viver ao lado delas, como o meu não era viver ao lado do meu amado sociopata, por ele fui capaz de multilar minha própria alma e sou atormentada pelo tempo que passamos juntos. Você tem sorte de não sofrer com as lembranças, não fique triste, você recebeu uma benção.

Uma Intrusa em Crepúsculo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora