No Carnaval do sexto ano da clausura de Sérgio, após panquecas e vinho, um grupo animado de gente rica da cidade vizinha, homens e mulheres, passeava em suas troicas. O grupo consistia de dois advogados, um fazendeiro, um oficial do exército e quatro mulheres. Uma era mulher do oficial; outra, mulher do fazendeiro; a terceira, sua jovem irmã; e a quarta, uma divorciada, formosa, ricaça e extravagante, que surpreendia e chocava a cidade com suas escapadelas.
O tempo estava ótimo, e a estrada parecia encerada. Haviam se afastado dez verstas da cidade quando pararam e começaram a discutir se deveriam seguir em frente ou voltar.
— Mas essa estrada vai dar onde? — perguntou Mákovkina, a bela divorciada.
— Em Tambinô, até lá são doze verstas — disse um dos advogados, que estava flertando com ela.
— Bem, e depois?
— Depois em L., à altura do monastério.
— Lá onde vive o tal padre Sérgio?
— Sim.
— Kassátski? Aquele belo eremita?
— Sim.
— Senhoras! Senhores! Vamos até Kassátski. Em Tambinô descansamos e comemos alguma coisa.
— Mas não chegaríamos em casa à noite.
— Não importa, ficamos com Kassátski.
— Ora, há uma hospedaria no monastério, e muito boa por sinal. Estive lá quando defendi Mákhin.
— Não, eu vou passar a noite com Kassátski.
— Bem, temo que seja impossível, mesmo em toda a vossa onipotência.
— Impossível? Quer apostar?
— Feito. E se passar a noite com ele, o que vai querer de mim?
— À discretion.
— Mas o mesmo vale para você!
— Sim, claro. Vamos.
Deram vinho aos cocheiros. Abriram uma caixa recheada de pastéis, vinho e guloseimas. As mulheres agasalharam-se em suas peliças brancas, feitas de pele de cachorro. Os cocheiros disputavam quem iria à frente, e um deles, jovem, saltando audaciosamente para a boleia, suspendeu o cabo do chicote, gritou — e os sinos da troica soaram, os patins rangeram.
A troica mal balançava ou trepidava, o cavalo atrelado ao lado galopava regular e alegremente, a cauda solidamente presa pelo atafal adornado, a estrada plana, untada, ia ficando a galope para trás, o cocheiro audacioso sacudia as rédeas, um dos advogados e o oficial, sentados frente a frente, contavam piadas à vizinha Mákovkina — que estava sentada imóvel e pensava, apertando a peliça com vigor: "Tudo sempre igual, tudo sempre torpe: rostos vermelhos e brilhosos que cheiram a vinho e tabaco, os mesmos assuntos, as mesmas ideias, e tudo girando sobre a mesma torpeza. E estão todos satisfeitos e certos de que assim deve ser, e assim continuarão a viver até a morte. Mas eu não posso. Isso me enfastia. Preciso de algo que me ponha do avesso, que me vire de cabeça para baixo. Suponhamos que acontecesse agora o mesmo que em Sarátov, acho, com aquelas pessoas que andaram até congelar. O que nosso grupo faria? Como se comportaria? De forma vil, com certeza. Cada um por si. E eu agiria da mesma forma. Mas pelo menos sou bonita. Eles sabem disso. E esse monge? Será que já não se interessa por isso? Não acredito. É só por isso que se interessam. Como aquele cadete no outono. Que tolo...".
— Ivan Nikoláitch! — disse ela.
— O que manda?
— Quantos anos ele tem?
— Quem?
— Kassátski, ora.
— Acho que mais de quarenta.
— E será que ele recebe a todos?
— A todos, mas não sempre.
— Cubra meus pés. Não assim. Como você é desajeitado! Não... mais, mais... assim está bem. Mas não precisa apertá-los.
E assim chegaram à floresta onde ficava a ermida.
Ela desceu e mandou que prosseguissem. O grupo tentou dissuadi-la, mas ela se zangou e mandou que partissem. As troicas então partiram, e ela seguiu a trilha, envolta em sua peliça branca. O advogado saltou e ficou parado, olhando.