Narração Shinichiro Sano
Entrei em meu quarto tirando o terno e indo me deitar, peguei o celular para dar uma olhada nas mensagens, eu acabo ignorando a maioria, odeio perder tempo com conversinhas fúteis, respondi as que eu julgava serem as mais importantes e bloqueei o aparelho largando-o pela cama e me aconchegando debaixo das cobertas para dormir.
Cinco minutos de olhos fechados e ouvi o que me parece ser som de chuva, levantei da cama abrindo a cortina do quarto e uma tempestade estava prestes a cair em Shibuya, mas porra, será que Wakasa já estava em casa?
Quando éramos do colegial, havia uma floresta abandonada, ficava na divisa de Shibuya com outra cidade, depois que descobrimos aquele local, se tornou nosso lugar favorito, eu até perdi as contas das vezes em que matamos aula para ficar lá de bobeira, e quando algum de nós queria um momento "a sós" com alguma garota, usávamos ali de motel, porém, quando chovia era perigoso, muita lama, muitas árvores e tinha um lago ali que às vezes transbordava. Eu me lembro de uma vez em que fomos para lá depois da aula, os quatro cansadaço, a gente nadou um pouco no lago e nos deitamos nas rochas para se secar com o sol e descansar, mas de tarde começou uma chuva muito forte e acabamos tendo que passar a noite inteira lá até que pudéssemos novamente pegar nossas motos e voltar para casa.
— Caralho, esse cara não me atende!
Tentei várias vezes ligar para Wakasa, mas eu era direcionado automaticamente para a caixa postal, que raiva.
— Aí, tão me ouvindo?
— Shini? O que foi? - perguntou Takeomi na ligação em grupo que eu havia feito.
— O que rolou, Shini? - perguntou Benkei.
— É com Wakasa, tá uma chuva do caralho lá fora e ele não me atende.
— Óbvio, ele tá ocupado - Benkei falou - relaxa e volta pra cama.
— Não, vocês sabem que lá é perigoso, já se esqueceram de quando ficamos ilhados lá por uma noite inteirinha?
— Shini, fica de boa, Waka sabe se virar - Takeomi falou com a voz carregada de sono.
— Beleza, eu me viro sozinho.
Desliguei a ligação e fui vestir uma roupa, peguei também minha capa de chuva e o celular, quando guardei no bolso senti vibrar.
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Whatsaap onGrupo: Sanatório
(Shini, Waka, Takeomi e Benkei)Benkei: Vamos se encontrar na onde?
Eu: Na entrada da floresta, me espera chegar.
Takeomi: Tô saindo de casa agora.
Whatsaap off
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Quando cheguei os dois já estavam à minha espera.— Conseguiram algum contato com Waka?
— Caixa postal - disse Benkei.
— Beleza, vamos ter que entrar aí - disse observando a floresta.
— Vamos ir de moto, Shini? - Takeomi me perguntou.
Fiz um aceno positivo com a cabeça e entrei na floresta, os outros dois vieram logo atrás, a situação era péssima, bem como eu esperava mesmo, lama e os caralho todo, porém, nenhum sinal do Wakasa, isso estava me preocupando.
— Onde esse cuzão se meteu…
Nós conseguimos chegar até o lago mas não havia ninguém, eu já estava ficando nervoso, não de raiva, mas de preocupação, minhas mãos começaram a tremer e eu acabei batendo a moto em algo, ou melhor em alguém, quando eu olhei para o chão, era uma garota, puta merda!
— Ei, você tá legal? - perguntei descendo da moto e me abaixando em sua frente.
— Me ajuda… por favor…
— Você se machucou? Quer ajuda?
— Me tira daqui… - disse passando as mãos todas sujas de lama envolta do meu pescoço.
Eu a peguei no colo e me levantei do chão, parecia estar quase desmaiando, mas algo me diz que não era somente por conta da batida. Ouvi um movimento atrás de mim e quando me virei para olhar, vi uma figura sinistra se afastando, parecia um homem com um sobretudo, mas não tinha rosto, só consegui ver um espiral laranja, será que era disso que ela estava fugindo?
Logo Benkei e Takeomi apareceram.
— Shini !!! O que aconteceu? - perguntou Takeomi vendo a mulher quase desacordada em meus braços.
— Acho que vamos ter que ir ao hospital.
— Não…. eu, eu não posso ir ao hospital - disse a garota.
— Não temos outra opção - subi na moto com ela atrás na minha garupa e fomos ao hospital, Benkei e Takeomi disseram que continuariam à procura de Wakasa.
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— Qual o nome da pessoa que vai passar, senhor? - a recepcionista do hospital me perguntou.
— Me fala seu nome.
A garota me olhava com os olhos arregalados sem dizer uma palavra.
— Anda! Você é surda?
Ela se abaixou no meio do hospital e começou a chorar escondendo o rosto entre as mãos.
— Mas que porra! - me virei para a recepcionista - inclui ela aí no meu convênio.
Passei meus dados e a garota sem nome entrou no sistema como minha dependente, logo ela já seria atendida.
— Para de ficar chorando, os outros vão pensar que eu tô te maltratando - fiz ela se levantar e sentar na cadeira de espera.
Meu nome apareceu na tela indicando a sala que deveríamos ir e eu a acompanhei, tudo não passou de um susto, para a minha sorte, porém o médico disse que ela estava muito fraca e que passaria a noite lá recebendo medicação para se recuperar.
— Eu vou para casa e amanhã venho visitá-la - disse à enfermeira - tranque a porta do quarto dela, não quero que ela fuja.
Na saída do hospital vi Takeomi e Benkei encostados em suas motos fumando, cheguei perto deles pegando o cigarro da mão de Takeomi e levando a boca.
— Encontraram o Wakasa?
— Advinha… - disse Benkei.
— Não faço idéia.
— Ele ligou pra gente, disse que viu na previsão do tempo que iria chover então desmarcou com a garota.
— Sacanagem! E esse arrombado nem avisa a gente - devolvi o cigarro para Takeomi e montei em minha moto - aí, depois que eu vim embora, vocês viram mais alguém na floresta?
— Não vimos não - disse Benkei.
— Por que a pergunta? - perguntou Takeomi, terminando seu cigarro e jogando no chão.
— Nada não, pensei ter visto algo, mas acho que era somente a garota mesmo.
— Falando em garota, como ela está?
— Está bem, vai passar a noite aí somente por precaução, amanhã venho buscá-la e levá-la a algum canto.
Nos despedimos e finalmente pude voltar para a minha cama, antes eu tomei um banho para tirar a lama do corpo, tinha até no meu cabelo, depois deitei e logo peguei no sono.
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Sem Limites.
FanfictionTokyo, Japão. Duas grandes gangues, duas pessoas, um grande amor... Shinichiro Sano, o líder mafioso que não vê limites em nada, quando se trata da mulher que roubou o seu coração. - Todos os personagens são maiores de idade.