Dia 4

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A noite foi péssima, dormi com a sensação de que estava acordada, me remexi na cama a noite inteira, precisava dele ao meu lado, ao me mover na cama com um giro notei que havia duas alianças em meu dedo, ele tirou a aliança, isso doeu mais do que imaginei, o fim se findou.

Era o fim. Definitivamente era o fim de algo que jamais pensei que fosse chegar ao fim.

Minha cabeça não pensa a com coerência, o ar começou a faltar e choro cortou meu peito fazendo com que meu corpo inteiro ficasse em posição fetal. Os joelhos no peito diminuíram a dor por alguns instantes. O coração doía literalmente. "Vou enfartar, vou enfartar." Queria mesmo que fosse algo ligado a saúde física, mais era mais que isso, estava totalmente ligado ao que eu mesma causei, consequências, precisava passar, alguma coisa precisava ser feita pra tamanha atrocidade que cometi. Peguei meu telefone, a casa parecia vazia, muda! O silencio se fazia tão presente que era como um grito de morte aos ouvidos tampados pelo choro.

Jake!

Mandei mensagem, escrevendo entre lágrimas, não estava online, e a única pessoa que de fato conseguiria me acalmar seria ele. Tentei novamente, sem resposta.

Comecei então a falar com o marido, o que não foi nada bom, era como se não nos conhecêssemos, ele começou a falar coisas que não faziam sentido me fazendo sentir mais culpada ainda, explodi em lágrimas, agora de raiva, frustração, não quis mais falar. Concluí que aqui não era meu lugar mesmo.

Liguei para Jake na esperança que ele acordasse, consegui ele atendeu ainda trôpego de sono, quando voltou a realidade se deu conta do meu estado, a Kel já havia acordado e tentado me acalmar. Não demorou muito Jake chegou, e meu coração se encheu de alegria, mesmo estando em pedaços, mesmo querendo morrer por fazer duas pessoas ao mesmo tempo passarem como idiotas, sim passar pelo que eu quis por puro egoísmo e Jake aceitou isso bem de boa, porém sabia que não estava sendo fácil pra ela que sabia de toda a situação. Triste demais tudo isso, e mesmo assim ele ainda conseguia me fazer sorrir.

Tomei a difícil decisão de ir para a primeira boate em que havia trabalhado. De certa forma seria como se não tivesse saído de lá.

Havia apenas um problema a Kel já era garota, mas a Naay não.

Mesmo assim colocaram a cara pra bater e vieram comigo sem hesitar, Thaay também se juntou ao grupo, então agora éramos só nós, eu, Kel, Naay e Thaay, de quebra ainda arrumei um trampo para o Jake, obviamente devia isso a ele já que ele não apareceu no trabalho por conta da minha crise.

Arrumamos tudo bem rápido, meu coração parecia que iria explodir, mais algumas coisas não passavam despercebidas. "Ai, não gruda muito nela porque fico com ciúmes." A voz da Kel cortou o silêncio enquanto Jake me abraça por trás dando vários beijinhos no meu pescoço, se ele soubesse o quanto isso me fazia bem, mesmo estando tão confusa não pararia nunca mais. E se ela também tivesse a noção do quão sem noção ela foi não falaria isso, mas tudo bem provavelmente ciúmes de amiga, afinal estava tudo muito recente.

Saímos muito em cima da hora, ainda assim conseguimos chegar no terminal antes da hora marcada, entramos no ônibus e a todo custo tentava não pensar em nada, percebi algumas brincadeiras infantis da parte de Jake de certa forma e mesmo achando ele um grande idiota fazendo esse tipo de coisa me deixavam mais relaxadas, não precisava fazer força pra não pensar em nada, não com ele sendo um completo bestão. Dormi um pouco, acordei, e dormi novamente, a última vez em que acordei, Jake estava pousado em meu rosto, fiquei inquieta no assento.

"Que foi?" "Nada, só estou te olhando, não pode?"

É podia, eu realmente não estava acostumada a romantismos, e ele era o próprio posso de romance. Por fim descemos no ponto já estando próximos da boate, o lugar ainda estava intacto no geral, apesar de notar algumas pequenas mudanças, começamos a andar e pra nossa sorte começou a garoar, mesmo assim a empolgação era a mesma, abri o portão já tão conhecido, e entramos, fui direto para o quarto 1, quarto esse que poucos saberiam que tive os momentos mais felizes, afinal o marido um dia foi cliente, e cliente nesta boate. As lembranças encheram minha mente, não demorou pra sermos recepcionados pela anfitriã da casa, nos acomodamos e começamos a nos arrumar, Jake por sua vez ficou andando atrás da anfitriã para que ela explicasse a ele o que fazer, logo a tia da limpeza chegou e deu mais algumas coordenadas a ele. Não o vi mais até certa parte da noite, precisei focar no que eu queria, dinheiro, e nessa parte ninguém tinha mais foco que eu.

16 diasOnde histórias criam vida. Descubra agora