Capítulo 5 - Sophie

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Depois de criarem um plano mirabolante que envolve o avô de Martin vindo atrás de nós e a tia de Martin sendo usada como isca, meus pais deixaram o local. Não gosto de despedidas, ainda mais quando pode ser a última, então eu só me tranquei no quarto pra não precisar de tudo isso.

Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta.

- Pode entrar, Martin. - eu disse, sentando na cama.

Ele entrou meio tímido e sorriu. Em seguida sentou do meu lado, na beirada da cama. Martin me olhou fixamente.

- Seus olhos são lindos. - falou tão baixo que parecia mais um sussurro.

- Veio me dizer o óbvio? - eu ri.

Ele ficou corado e fitou a cama.

- Eu vim te ensinar algo, me dá sua mão. - eu dei minha mão esquerda a ele, meio hesitante - Feche os olhos e imagina uma floresta. O que você sente estando na floresta?

Fechei os olhos e me concentrei na floresta.

- Paz.

- Agora imagina que tem alguém colocando fogo nessa floresta.

Eu tentei imaginar. Tentei mesmo. Mas não consegui me concentrar mais.

- Desculpa, Martin, talvez eu não sirva pra ser bruxa.

Abri os olhos e ele estava sorrindo graciosamente. Olhei ao meu redor e haviam mini pássaros formados por água flutuando pelo quarto. Parecia um delírio.

- Isso foi incrível, Sophie. E seu cabelo fica extremamente bonito na cor rosa.

De todos os momentos que tive com Martin, esse foi o que mais senti vontade de beijá-lo. Ele parecia tão feliz com a minha conquista. Então, aproximei meu rosto e ele também, fechei os olhos e...

- Desculpa, eu não devia... Não que eu não queira, eu quero, e muito. Mas eu não posso deixar que você se apaixone por mim, isso seria um ponto fraco e você seria a primeira vítima do meu avô se ele souber. - ele levantou e coçou o cabelo.

Ele me odeia?

- Não culpe o seu avô por isso, okay? Você quis me rejeitar, então parabéns, vai poder falar pra todo mundo que a menina dos namorados mortos tentou te beijar. - então, minha cabeça deu um estalo - É isso, não é? Tem medo de morrer como meus últimos namorados. - agora eu ria.

Talvez eu nem quisesse beijar ele, só sinto isso porque é a única opção que tenho nessa espelunca. Ou ele me manipulou. De qualquer forma, a vontade se foi.

- A gente está em uma guerra, se os boatos estiverem certos e você me beijar, não vou durar um mês.

Então eu cheguei muito perto do rosto dele, dava pra sentir sua respiração ofegante e todo seu corpo assustado. E nessa hora, quem estava na minha mão era ele, não o contrário.

- Você é patético, Martin Heradiw. Um medroso de merda. - sussurrei e saí do quarto, deixando ele parado como uma estátua.

Nesse dia, decidi dormir na sala. O quarto estava muito mal frequentado.
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Acordei com Martin me observando.

- Seu psicopata de merda! Me deixa em paz. - digo, jogando uma almofada nele.

E ele pega no ar.

- O'Brien, você é terrível. Eu estava aqui para pedir perdão por ter brincado com seus sentimentos e... Por não ter te beijado. - o olhar dele vai ao chão.

- Eu saí do quarto justamente para não ver esse seu rosto, você acha que ninguém consegue resistir à sua tatuagem e os músculos, mas deixe eu dizer: Você não está em um livro. Não adianta ser sexy mas também ser um prepotente arrogante e egoísta. - grito, me exaltando.

Ele apenas sorri e eu percebo o que eu disse, querendo voltar no tempo e arrumar o que sei que vai acontecer.

- Me acha sexy, princesa?

- Sério que focou nisso? Heradiw, eu não te acho sexy, você se acha sexy. Foi o que eu quis dizer. - minto.

- Meu sobrenome é mais bonito saindo da sua boca.

Assim que ele fala isso, eu perco a linha.

- Para de flertar comigo! Você me humilhou há menos de doze horas! De você eu não quero nem dó.

- Eu juro por tudo, Sophie O'Brien, que isso não é um jogo para mim. O único motivo para eu não ter correspondido foi algo causado por você mesma. - seu semblante muda.

- Foram dois. Um tinha tumor no cérebro e o outro você assassinou. Como, em algum universo, isso pode ser uma maldição? - pergunto, calma.

- Quando eu te beijar, e acredite, eu quis isso desde que te vi desacordada naquela chuva, você não vai querer parar, princesa.

- Que pena para você, monamour, porque eu não sinto vontade alguma nem de te olhar.

- Ontem não foi uma invenção da minha cabeça.

- Ontem você ainda não era um completo otário. - dou risada.

- Vamos ver, Sophie...

E assim que ele diz isso, um calafrio percorre minha espinha.



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⏰ Última atualização: Jun 27, 2023 ⏰

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