Capítulo 3 - Sophie

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Se eu fosse rápida talvez conseguisse sair. Antes ter algumas queimaduras do que ficar com esses psicopatas.

Coloquei uma mão, me arrependendo um pouco, mas não podia desistir. Coloquei a outra mão e fiquei agachada no parapeito da janela. Só que era muito alto, e quanto mais tempo eu ficava, mais sentia uma dor alucinante.

Meu braços já estavam em carne viva. Eu acabei escorregando, só que pelo visto a barreira ia até fora da janela, porque não parava de me queimar. Antes de cair, Martin segurou minha mão e me puxou pra dentro, me salvando pela segunda vez.

Eu gritava de dor. Estava toda queimada, e doía demais.

- Por que você fez isso? Queria morrer? Isso teria acontecido se eu não te salvasse.

Ele não parecia bravo, apenas espantado.

- Desculpe. - murmurei, quase caindo no chão.

Ele me segurou e me carregou até a cama. Depois me examinou e segurou minha mão.

Senti a dor ir embora e meu corpo voltando ao normal.

- Não faça mais isso por favor. Por mim. - ele disse, levantando da cama onde eu estava deitada e ele sentado.

Estranho. Todas as queimaduras haviam sumido. Pelo visto minha mãe estava certa, existem bruxos. Antes dele sair da cama, segurei seu braço.

- Obrigada. Teria alguma chance de você não contar isso pra sua tia? - corei.

- Não sou babaca. E além disso, ela não tem poder algum.

- Minha irmã também tem poderes? - sorri.

- Menos que você. Ela só consegue controlar os elementos, como seu pai. - ele sorriu de lado.

- A gente vai participar de uma guerra contra outros bruxos?

- Sim. - ele ficou sério.

- Eu vou morrer? - corei de novo.

- Não se eu puder evitar, futura princesa dos bruxos. - ele forçou um sorriso e fingiu uma reverência.

Revirei os olhos e sorri.

- Eu esperava outra pessoa. Uma garota rebelde de verdade, que me bateria e tentaria me matar algumas vezes. Não esperava que você fosse... Você. Que fosse divertida e até educada. - ele disse, se retirando.

- Eu não sou um monstro - ri - Só gosto de viver como se cada dia fosse o meu último.

- Preciso sair pra comprar suas roupas.

Ele sorriu e fechou a porta.

Neste momento, eu não me sentia deslocada ou triste. Eu me sentia feliz, feliz por ter algo que minha irmã não tem. E por poder finalmente fazer a diferença.

Enquanto eu pensava no quanto a ideia de ficar aqui era estranha e em como eu aceitei rápido demais a ideia de ajudar essas pessoas, algo passou por mim. Uma chama. Voava como uma borboleta, e eu fiquei paralisada olhando.

Meu pai estava me procurando. Ele deve ter usado fogo e ar para me achar. A chama era dele, eu tinha certeza.

Decidi mandar uma mensagem para Jo dizendo que estou bem e que um filho de um tal de Apolo precisava deles urgente.

Ela me ligou.

*Alô?

Oi, Jo

Você está bem mesmo? Sabe o endereço de onde está?

Tô bem, o Martin me salvou quando o Alan estava querendo me matar
Eu posso perguntar pra ele onde estou, mas não sei se ele vai saber também

Olhei pela janela e vi que só tinha mato do lado de fora.

Vou falar com os nossos pais e perguntar tudo sobre esse tal de Heradiw e ver como vamos fazer para te salvar. O vô dele que voltou?

Isso

Ok, se cuida e tenta não morrer*

- Oi, princesa. - Martin sorriu e me entregou uma sacola cheia de roupas.

- E onde você conseguiu dinheiro pra tudo isso? - franzi o cenho.

- Eu trabalho, tá bom? E... eu acho que vai ser melhor pra você usar coisas chiques, já que provavelmente vai ser a princesa dos bruxos de Gaarland quando meu vô sair de cena.

- Acho que na verdade seria minha mãe.

- Ela rejeitou no passado. Por causa do que aconteceu com seu vô. - ele olhou pra baixo.

- Você tem quantos anos? - perguntei, sorrindo.

- Vinte e dois.

- Você será o príncipe.

- Só se tiver você do meu lado.

O quê? Nos conhecemos agora, poxa.

- Acho que você está indo rápido demais, não?

- Ah, desculpe, eu achei que você... Entendi errado, perdão.

Ele deve ter achado que falei que ele seria príncipe porque o escolheria. Realmente muito constrangedor.

- Você conseguiria ser príncipe sem ninguém ao seu lado. - sorri.

- Espero que sim. Eu... Cresci aprendendo tudo sobre os bruxos e sobre a sua família, e sempre fui curioso para saber como eram as filhas da bruxa de luz que derrotou meu avô. Eu esperava sentir raiva, ódio, ou pelo menos tivesse um pouco de inveja de você, por sua família ter pedido a ajuda do meu pai e ele ter morrido. E ninguém da sua família morreu...

Eu não sabia de nem metade disso. Minha mente estava explodindo com tanta informação.

- Me desculpe, eu...

- O problema é que eu não senti nada disso. Quando eu te salvei e vi você desmaiada com Alan apertando seu pescoço, percebi que não queria que nada de ruim acontecesse a você. Não quero que ache que estou gostando de você dessa forma, é só que você...

- É meu charme. Sempre me meto em encrencas.- ri para descontrair e ele riu junto.

As risadas cessaram. Ele olhou nos meus olhos e eu fiquei completamente hipnotizada por aqueles olhos cor de mel.

Aproximei meu rosto do dele, e ele aproximou o rosto dele do meu. Quando fechei os olhos, ele cochichou algo no meu ouvido.

- Ainda não, Sophie. Eu quero que nosso primeiro beijo seja mais especial que isso, mais romântico. Acabamos de nos conhecer, não ia ser tão bom como pode ser algum dia.

- E quem disse que você vai ter outra chance de me beijar? - arqueei a sobrancelha.

- Eu vou jogar nas mãos do destino. - ele sorriu de lado.









Fire (Water-vol 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora