Vilarejo

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Lara acorda, um pouco desconfortável pela superfície dura que se deitava, estranhando a mesma, uma vez que sua cama costumava ser mais acolchoada. Ela se vê coberta por algumas folhagens em tom verde-aqua, que serviram como seu colchão e seus lençóis. Aonde estava? Como foi parar ali? Levantando-se e olhando ao redor, ela se deparou com um ambiente florestal, árvores de troncos marrons claros e folhagens da mesma cor que a cobria a instantes atrás, o vento morno brincando com eles dentre os caminhos feitos por possíveis animais, dentre a densa vegetação, junto com pequenas partículas azuis claras que também flutuavam no local, como vagalumes intangíveis, dando uma aura de misticismo e calmaria.

Lara: Bizarro, tô sonhando ainda?

Ela se belisca de leve, logo após dando de ombros ao se dar conta que isso provavelmente não provaria se ela delirava ou realmente se encontrava em um local completamente alheio a cidade que ela vivia. Vasculhando a região com o olhar, ela nota mais ao fundo que não fora a única a cair naquele matagal. Próximo dela, Pedro se levantava, um pouco atordoado, com algumas olheiras ainda cobrindo seu rosto. Caminhando até ele, Lara o chacoalha, tentanto o alertar.

Lara: Ei acorda aí hom!

Pedro: Zuada Lara... Pera, Lara?

Ele coça os olhos, se deparando com o mesmo ambiente mágico a pouco descoberto pela garota, agora se questionando se tinha enlouquecido de vez.

Pedro: Djabo é isso?

Lara: Boa pergunta. Se for sonho, é um sonho bonito pelo menos.

Pedro: Se fosse sonho, Maríllia Mendonça tava cantando num palco feito dessas árvores.

Marcos: Se fosse sonho de Lara, Aly e ela tavam se beijando ali atrás.

Lara: Mais ein?!

De trás de algumas das árvores, Marcos se revela, espanando algumas folhas que ainda persistiam em suas roupas, parecendo bem menos confuso do que seus companheiros, e sim, mais curioso.

Lara: Deixe de lorota Marcos, mas que bom que tá aqui.

Marcos: Bom poder alegrá-los com minha ilustre presença.

Pedro: Ai dento!

Marcos: Ei mas brincadeiras a parte, que lugar é esse?

Lara: Não fazemos ideia, só dormi e puff, tô aqui.

Pedro: Mesma coisa, será que fomos isekaizados?

Marcos: Se for, eu quero minha glock logo.

Pedro: Se a 38 chegar a gente tá segur-

A conversa é interrompida com um som. Um uivo gultural, diferente de qualquer barulho que eles poderiam ter escutado em suas vidas, sendo identificado como um uivo apenas pela entonação, mais parecendo-se com vibrações em vidro, que ecoava de forma sinistra. O som parecia vir da direita deles, mas nessa mesma direção, eles viram um quarto integrante de seu grupo, que apenas agora despertava.

Dannilo: Oh buceta, quem é a loba?

Lara: Dannilo macho, saia daí!

Pedro: El lobo tá vindo, mas não é pra proteger a loba não, arreie e se esconde.

Ainda confuso, o rapaz começa a se levantar, porém já era tarde, e logo ele sentiu o frio percorrer sua espinha ao escutar o uivo, agora tão próximo, que ressoava atrás dele. Próximo dali, outros ouviam os barulhos das bestas que tão bem conheciam, e um grupo saia de suas casas na vila, determinados a perseguí-los. Um deles seguia a frente, vestindo uma capa e um capuz que escondiam seu rosto, mas que revelavam seus braços, marcados por sinais ritualísticos, e suas mãos, que seguravam espadas curtas, cintilando ávidas ao combate.

???: Os lupinos de vidro devem ter encontrado os Receptáculos. SUBAM EM SEUS CAVALOS, TEMOS QUE PROTEGER OS RECÉM-CHEGADOS!

Picotados: O AlémOnde histórias criam vida. Descubra agora