01 - Steve Harrington, o ser mais azarado do mundo

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Chutei, irritado à décima latinha amassada que encontrei na rua. Estava puto, putaço, putissimo porque era sexta feira e, bom, vocês já devem entender minha indignação. Era o tal dia de invocar o serzinho do inferno e eu não estava nem um pouco ansioso. Para quê mexer com algo que não existe? Para quê incomodar os seres que só querem ficar, sei lá, torturando as almas? Pecando e blá blá blá?

Saquei o celular do meu bolso, quando o mesmo começou a vibrar, e atendi sem olhar o nome que brilhava na tela.

É hoje, hein, Harrington... —– pude escutar uma risadinha idiota do outro lado. Estava falando com Robin, a maldita.

— Vou levar um palhacinho para te fazer companhia.

Escutei um resmungo da mais baixa, que desligou o celular sem se despedir. Eu sabia como cortar o barato da Buckley.

Era dia e estava na estação à espera do transporte coletivo, sabia que teria que ir em um metrô cheio e lento que pararia em todas as estações até chegar a minha: entretanto, era melhor do que ir de ônibus.

Saí da escola, mas, como havia esquecido, em casa, os itens que Nancy me pediu para levar, fui até lá buscá-los. Pude avistar aquela minhoca gigante de metal e então a multidão se aglomerou na porta de entrada. Era quase como uma luta de UFC, antes nesmo da porta abrir. Me enfiei ali no meio quando a limiar abriu. Quem estava fora, empurrava para entrar; quem estava dentro, empurrava para sair — era uma loucura.

Depois de quase meia hora, finalmente consegui entrar, as portas se fecharam e então o metrô seguiu.

— Olha a bala! Um saquinho são dois reais e três saquinhos são cinco reais.

Vendedores ambulantes; meus salvadores quando o assunto era fome, pois sempre havia um dentro do metrô. Apesar de, naquele lugar, vender qualquer tipo de coisa, desde balas a barbeadores.

O metrô estava um pouco cheio, havia algumas pessoas em pé e eu era uma delas sendo encoxado vez ou outra. Era um saco, mas pelo menos o ar-condicionado era bom. Melhor do que o ônibus.

Depois de algumas paradas — cinco, para ser preciso — finalmente chegamos na minha estação, o local em que eu saltaria. Segui para fora do veículo como se estivesse em uma batalha em Troia, e, depois de tanto empurrar, consegui sair. Andei apenas um pouquinho para chegar em casa.

[...]

Depois de, enfim, achar todos os itens em meu quarto, segui para a casa de Nancy, que não era tão distante, ficava a alguns quarteirões. Apesar de ser um preguiçoso profissional, preferia esperar o ônibus à andar, só que estava sem dinheiro porque... Ok, eu havia gastado com M&M's.

Depois de alguns minutos andando, finalmente cheguei ao local. Entrei, sem fazer qualquer cerimônia, cumprimentei a senhora Wheeler, que me avisou que sua filha se encontrava no porão assim como os outros. Balançei a cabeça, em respeito, e depois segui para lá.

— Ah, chegou o adestrador de demônios! —– Disse Dustin em um tom divertido, o que fez todos caírem na risada.

Eu deveria ter cara de palhaço mesmo.

— Você é sempre tão engraçadinho... —– respondi, enquanto descia as escadas.

Robin passou o dedo entre os cabelos, antes de se pronunciar:

— Estou começando a achar que toda essa raiva é medo.

— Ah, meu nome não é Robin Buckley! E eu não tenho medo de demônios porque eles sequer existem.

— Aham, tá! —– Dustin se pronunciou. — Eu vi aquele filme, A morte do demônio, e não foi bem isso que aprendi não.

— Era um filme, Dustin. —– revirei os olhos, enquanto me sentava em uma das cadeiras vagas.

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⏰ Última atualização: Mar 17, 2023 ⏰

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