1| Cassie Edwards

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Apoio minhas mãos no joelho sentindo o suor percorrer meu rosto e minha costa, inspiro várias vezes antes que eu sinta alguém dar dois tapinhas na minha costa

Ao virar para olhar, vejo que era Jenny, filha de uma amiga de Isabelly que mora a três anos comigo. A ruiva de olhos azuis estava tão ofegante quanto eu, ela dá um leve sorriso e exala

Ela maneia a cabeça me intimando a continuar, acho que em algum momento eu deveria agradecer a ela por me ajudar tanto

Passo a mão na testa retirando o suor que havia ali, ergui meu corpo e sou obrigada a retribuir o enorme sorriso da morena ruiva ao meu lado — mesmo o meu sendo pequeno — exalo e então volto a correr

Correr é um dos meu passatempos atuais, ando me mantendo longe das revistas e jornais a quase três anos graças a Jenny Lynch. Graças a ela meu antigo status deplorável está sendo esquecido. Ou quase. Pelo menos um pouco dele

Voltado a correr eu não pude deixar de perceber pessoas me observando como se eu fosse uma boneca de porcelana ou esperando que eu fizesse alguma merda

Eu já deveria ter me acostumado a ver pessoas me olhando dessa forma quase todos os dias — todos os dias —. Jenny e eu corremos desde que ela me convenceu a quase três anos atrás

Todos os dias, às cinco horas — da madrugada e da tarde — corremos pela Revere Beach. Isso de fato tem me ajudado muito nesses últimos anos. Ver o sol de pôr, sentada na praia ao lado de minha única amiga, de fato, é muito bom

Voltamos para casa depois que o sol se pôs. É essa hora que sempre voltamos. Como sempre minhas bochechas estavam para pegar fogo, talvez estejam mais vermelhas que ontem

Me sento na banqueta da ilha e espero Jenny me dar minha garrafa de água e algo gelado para pôr no rosto. Vejo ela jogar minha água em um lenço e me dar para pôr no rosto

— Não me olha desse jeito, estamos sem gelo e sua água está mais gelada que a minha — a fulmino com o olhar

— Você está com preguiça de abrir a geladeira — ponho o lenço na bochecha — E nunca ficamos sem gelo

— E você está com preguiça de se levantar e pegar o gelo com suas próprias mãos

— Fizemos um trato a quase três anos atrás no qual você exige que eu corra com você todos os dias, até em dias inapropriados, e eu exijo que você, bela dama ruiva da minha vida, me dê água gelada e algo gelado para pôr no rosto que fica igual a uma pimenta!

— Eu ignoro totalmente suas reclamações — ela debocha

— Merida, no dia que eu te pegar eu acabo com sua raça

— Você não vai me pegar — ela joga o cabelo cacheado, amarrado em um rabo de cavalo, para trás — E médicos confirmam que não há nenhum impedimento de correr menstruada — ela bebe água

— Eles menstruam?

— Não

— Então eles não podem dizer que não há nenhum impedimento

— Gatinha para de birra, hoje nem foi tão ruim

— É, diz isso para minha bochecha e eu, em hipótese alguma, vou usar um absorvente interno

— Está fazendo birra a toa branca de neve, você nem menstruada está

— Fala como se não me obrigasse a correr quando eu estou

— Deixa eu ver sua bochecha — diz mudando de assunto e abaixando o lenço do meu rosto

— Você ama mudar de assunto quando eu estou reclamando

Uma Ajuda InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora