Capítulo 1

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Talvez a maior loucura no ano anterior devesse ter sido usar um vira-tempo e assistir o máximo de aulas possíveis, mas foi esclarecedor para diversas coisas como por exemplo, ela soube que Adivinhação era uma matéria deplorável e ilógica, quem gostaria de ver o futuro através de folhas de chá?

Matérias como essa deveriam ser extintas de Hogwarts, assim, os alunos poderiam se concentrar em assuntos mais interessantes como Runas Antigas. Hermione se sentia culpada em estar pensando naquela charlatona, porém, não conseguiu esquecer o quanto a repudiava desde o momento que ocorrera mais cedo.

—Srta Granger, o problema é que você não consegue ver além do prático, além do tangível.—a professora Trelawney afirmou dando um leve riso ao observar as borras da xícara de café da aluna.—Foi por isso que desistiu da minha aula esse ano?

—Exatamente, como a senhora disse ano passado, a minha alma é velha demais para ser capaz de compreender assuntos esotéricos.—a grifana se perguntou porque resolveu aceitar tomar café com essa lunática antes da aula, estava sendo uma perda de tempo tremenda.

—Posso lhe dizer o que o futuro a aguarda? Seria nossa despedida, visto que, não pretende voltar.—a garota de cabelos armados deu de ombros.—Aqui diz que a senhorita irá encontrar o amor. Não será fácil, terão vários pretendentes. Mas há um laço com um deles, é inquebrável e inflamável. De certo a sua alma gêmea, você saberá o momento.

—Adeus professora Trelawney.—a garota pegou sua mochila bufando e se retirou da sala dela.

Tudo o que aquela doida havia dito era completamente sem cabimento, era risível ela possuir vários pretendentes. Os únicos homens que ela conversava eram Harry e Rony. Harry estava completamente apaixonado pela Cho Chang desde que a vira no ano anterior e Rony, o ruivo era um caso à parte, Hermione jurava que ele não era capaz de possuir um sequer sentimento. Não que ele fosse uma má pessoa ou algo do tipo, só não conseguia ver ele se apaixonando por ela, esse pensamento é tão absurdo.

Aliás os dois pensamentos eram absurdos, nunca se pegou avaliando os seus melhores amigos, ainda mais em tempos como esse, onde a marca negra reapareceu, o Harry sentiu doer sua cicatriz e Hogwarts estranhamente abrigando duas novas escolas de magia.

Ambas chegariam no final de outubro e Hermione estava definitivamente empolgada, seria interessante a troca de experiências com alunos de outras escolas de magia. Claro que não seria tão interessante quanto se fosse com escolas com magias diferentes como Castelobruxo, que ficava lá na América do Sul ou até mesmo Uagadou, na África, ela achava ambas fascinantes, principalmente a última, que não utilizava da varinha para fazer feitiços. Mas mesmo assim, essa cooperação internacional de magia era surreal.

Descendo as escadas, a morena foi em direção à aula de Feitiços, sabia que Harry e Rony chegariam atrasados, não era a matéria preferida deles. Aliás, ela não conseguia definir se eles realmente gostavam de alguma matéria, chutaria que talvez Defesa Contra as Artes das Trevas.

—Sabe Granger, achei que tivesse sido claro que eu não compartilho o mesmo ambiente que você.—aquela voz que a grifana menos esperava encontrar apareceu, era uma voz irritante e obstinada, acompanhada por uma cara fechada e par de olhos cinzas.

—Malfoy, o mundo não gira em torno de você.—Hermione pensou em completar, falando que adoraria relembrar aquele momento em que socou o loiro no ano anterior, mas resolveu deixar quieto.

Ambos estavam parados enquanto a escadaria se movia, apesar de às vezes práticas, Granger não suportava as escadas, pois podia ficar presa enquanto tentava se locomover para longe de pessoas desprezíveis. Antes que o rapaz pudesse responder, ela correu para não ouvir algum tipo de baboseira sobre o fato dos pais dela serem trouxas.

A sabe-tudo não gostava de responder com palavras, preferia ações e pretendia ser a melhor da turma novamente, visto que, derrotar seu rival era inspirador, principalmente quando tinham aulas conjuntas como em Feitiços.

Sentou-se na primeira carteira, era de praxe Harry e Rony não dividirem as mesas com ela nessa matéria, ambos eram inseparáveis e odiavam ficar em lugares no qual dava fácil acesso para o professor pedir uma demonstração de feitiços na sala.

Ao contrário dela, seu rival vivia com seus dois capangas que provavelmente não sabiam ler, a garota com cara de buldogue e aquele garoto estranhamente observador. O grupinho se sentava no fundo, próximo de Rony e Harry, que também estavam acompanhados de Dino Thomas e Simas Finnigan. Parecia que eles faziam de propósito sempre que tinham aulas em conjunto, como se um quisesse provar que era melhor que o outro.

—Posso me sentar aqui?—Neville perguntou a garota com a voz trêmula e oscilando, desde o ano passado viu seus colegas entrarem na puberdade, mas agora eram todos, as vozes infantis sendo trocadas por vozes graves. O rapaz ainda tinha medo dela desde o Petrificus Totalus do primeiro ano, evitava ao máximo se sentar próximo e por isso ela se sentia um monstro perto dele.

Hermione esperava ao menos conseguir manter uma relação de mínima amizade com Neville, como os seus amigos o fizeram.

—Pode sim.—puxou seu pergaminho para o lado, ninguém costumava se sentar ao seu lado, então se acostumou a ocupar mais espaço do que era o esperado.—Sabe Neville, não acho que você precise ter medo de mim.

—N-não tenho medo de você, Hermione.—as bochechas dele estavam coradas, esperava que realmente pudessem ser amigos.—Se eu tivesse medo, não teria sentado ao seu lado.

Então ela sorriu, foi o primeiro sorriso genuíno do dia e ela estava contente. Logo em seguida, o professor Flitwick chegou, por serem dois períodos, ele usou a primeira aula para relembrar os principais feitiços do terceiro ano e depois começou a teoria de um novo.

Toda vez, ela adorava aprender um feitiço novo, se sentia poderosa, como se fosse capaz de lidar com tudo e todos, havia sido assim desde que o zelador da escola havia vindo explicar o que eram aqueles acidentes estranhos e como, na verdade, ela era uma bruxa. Desde então, decidiu absorver e aprender o máximo feitiços e qualquer outra fonte de magia, como uma forma de lembrar que esse mundo era real e era onde ela pertencia.

Talvez ela fosse a sabe-tudo irritante de Hogwarts, mas pelo menos ela sentia se encaixar ali, diferente de quando tirou uma péssima nota em soletrar na sua escola trouxa e a prova começou a pegar fogo em frente aos colegas, desde então odiava estar lá, recebia olhares raivosos e amedrontados. Ser a sabe-tudo era bem melhor que a aberração que quase queimou a sala.

—Mione?—questionou a voz de Harry Potter, o menino que sobreviveu. O rapaz a chamou após a aula acabar, todos já haviam até saído da sala.

—Desculpa Harry, estava pensando sobre algumas coisas. Como está a cicatriz?—os olhos verdes do rapaz a olhavam com curiosidade, ela sabia que Harry era bom de ler as pessoas, mas não faria sentido retomar coisas de um passado distante quando havia assuntos mais importantes a serem tratados.

—Hoje não doeu, te falei que eu só tive uma sensação estranha com o professor Moody.—ele comentou enquanto a garota terminava de tapar os últimos tinteiros e os colocar sem nenhuma delicadeza dentro da mochila.

—Pode ser por sentir falta do professor Lupin, esse ano não vai ser o mesmo sem ele.—se lembrou do professor, que no fim, descobriram ser um dos melhores amigos do pai do Harry e lobisomem.

—Talvez…

—Ou pode ser porque ele não tem um olho, vocês viram que esquisito?—Rony reapareceu na porta da sala com uma cara brava.—Vocês não vão sair logo? Não gosto de Herbologia e quanto mais rápido plantarmos aquelas coisas a gente acaba.

Como era mesmo? Insensível, Hermione revirou os olhos e sorriu.

Fidelius || Dramione Onde histórias criam vida. Descubra agora