Capítulo 4

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Naquela noite fria no hospital, minha mãe me olhava preocupada e assustada. Eu entendo ela, ninguém imaginava que eu faria algo assim. Quando saímos de lá minhas consultas no psiquiatra e psicóloga começaram. Mudei de psicólogas três vezes, o psiquiatra continuou o mesmo até hoje. Eu tinha parado com as outras drogas, mas comecei a fumar maconha e me ajudava para um caralho, eu não tinha mais crises de raiva, na verdade até tinha, mas tinha diminuído bastante.

- Sol, pode falar a verdade, você me odeia? - Falei olhando nos olhos dela

- Não te odeio. - Falou séria.

Era óbvio que eu me culpava muito por tudo que fiz com ela, eu tinha me decidido, eu iria mudar. Não sou ele e nem vou ser, vou começar pedindo perdão a Sol, vou falar que amo elas, mais do que qualquer coisa, não posso morrer antes de ver o meu sobrinho grande, preciso dizer que o mundo é cruel, mas tem pequenos momentos que faz a vida valer a pena. E eu estava ficando bem, fiz a minha primeira tatuagem com o significado de que nem todo lobo mal é totalmente mal, fiz ela para me lembrar de que eu não sou ruim, eu fui ruim com alguém que eu amava, mas pedi perdão e me arrependi, eu não sou ele! Não sou. Então, no final dos meus 16 anos, eu me apaixonei, eu me apaixonei por uma menina. Posso te afirmar com toda certeza do mundo, ela era a menina mais linda do mundo, a mais cheirosa e porra, eu estava louca por ela, ainda lembro como era sua risada, seu cheiro, seu abraço e ainda lembro do primeiro beijo, eu estava tão nervosa que estava até me tremendo, ela tinha cabelos ruivos, pele branca e tinha 18 anos, eu me apaixonei perdidamente por ela, pena que não foi do mesmo jeito para ela. Ela foi minha primeira tudo, primeira menina que beijei e primeira transa também. Não consigo explicar o que eu realmente sentia naquele tempo, mas eu amava ela naquele momento, ela não me queria da forma que eu a queria. Eu pedi ela em namoro e ela disse que não estava pronta mesmo que sempre mostrava o oposto, então a gente continuou apenas ficando, mas uns dias depois ela disse que se arrependia e que queria namorar comigo, mas tinha algo errado, eu não queria mais ela, queria curtir minha vida dessa vez, eu não amava mais ela, nosso namoro durou cerca de três dias, terminei com ela pelo o celular e segui minha vida. Novamente me apaixonei,  ela tinha os cabelos curtos, pretos e um sorriso que conquistava qualquer um e tinha um jeito lindo de quebrar o meu coração e foi o que ela fez, ela me tratava como se eu fosse única na vida dela, ela só ficava comigo e eu só com ela, então pedi ela em namoro. Ela disse que não estava  pronta e queria continuar do mesmo jeito que a gente estava, eu disse sim... uma semana depois ela foi para uma festa com sua melhor amiga, assim que voltou da festa falou comigo pelo o celular:

- Preciso te contar um negócio.

- ?

- Fiquei com outras pessoas...

E logo em seguida sua melhor amiga postou nos status ela beijando várias pessoas, aquilo me quebrou de uma forma que só de lembrar dói, mas porra, superei a rejeição do meu pai, posso superar tudo!!! E novamente me apaixonei e novamente quebrei a cara, dessa vez fui amante, superei como sempre e segui e antes que eu pudesse me envolver novamente com alguém, ele voltou... O meu pai voltou, tudo indicava que ele estava diferente, então confiei nele. Minha mãe deixou eu e Sol ir para a casa dele, eu não imaginava que ele iria fazer algo comigo e Sol, e ele não fez. Mas naquela primeira noite que a gente foi dormir na casa dele, só tinha uma cama de casal e um sofá, eu não tinha notado até aquele dia... Mas eu estava com trauma do meu pai, eu sei, eu tenho motivos... Mas como vou explicar a Sol que o pai dela machucou minha alma? E ele me machucou, não foi ela. Ele não faria isso com ela, porque ele ama ela, e mesmo eu repetindo isso milhares de vezes na minha mente, eu não me convenci. Pedi para dormir no sofá e minha irmã dormiu com ele, naquela noite eu não dormir nada, fiquei olhando eles dormirem, fiquei com medo de fechar os meus olhos e no outro dia minha irmã estar quebrada igual a mim. Lembro que eu me tremia muito, lembro que estava muito frio e lembro que toda vez que ele se mexia, eu olhava assustada para eles, ele não fez nada, A  gente ficou uma semana com ele, e depois da primeira noite as outras foram perfeitas! Ele não estava bebendo, ele estava comprando tudo que a gente queria. Não lembro de ter uma conversa com ele, mas lembro que ele tinha comprado bastante besteiras para a gente, lembro que a gente assistiu filme tomando sorvete, comendo  pizza e refrigerante, acho que aqueles foi os melhores momentos que eu tive com ele... Até ele chegar bêbado em casa.

- O senhor bebeu? - Perguntei vendo ele entrar em casa quase caindo e com um cheiro forte de bebida.

- Só uma cervej - Antes que ele terminasse de falar, ele caiu no chão.

- Eu quero ir embora, quero minha mãe! - Falei com lagrimas nos olhos.

- Vocês vão semana que vem, e só vai você, quero que Sol more comigo. 

Novamente... Novamente aquele sentimento de rejeição e raiva dentro de mim. Por que eu ainda buscava o meu herói nele? Por que eu ainda queria sua aceitação? Por que eu ainda buscava o seu amor? Amor de pai não era para ser conquistado, era para ser dado... Mas com ele nada do que eu fizer vai adiantar. Ele não me quer, ele quer ela, sou um peso na sua vida, eu sou o maior erro da sua vida.



A menina que busca o heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora