CAPÍTULO DOIS

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Jake acabou passando a maior parte da noite em claro. Sua mente estava perturbada demais para que conseguisse ter um sono tranquilo. As poucas horas que dormiu foram agitadas, com pesadelos de pessoas tocando o seu filho das piores formas possíveis. Aproveitou as horas acordadas para tentar entrar em contato com Neytiri pelo comunicador, mas não conseguia sinal. Pensava que ela e os filhos deveriam estar preocupados.

     A manhã começou chuvosa, com direito a raios e trovões e uma queda na temperatura. Lo'ak continuava dormindo, enrolado na coberta e agarrado ao pai e Bob dormia do lado de fora, encostado na árvore, usando suas folhas para se proteger da chuva.

     Jake sentia a cabeça latejar e um arrepio passar por seu corpo. Estava mais frio que o normal, Lo'ak também parecia estar com frio, mas não sabia dizer se o filho tremia de medo ou de frio. Tudo o que o mais velho queria era mergulhar na fonte termal que encontrou enquanto caminhava pela mata tentando acalmar seus pensamentos no meio da noite.

     Até que não seria uma má ideia. O filho estava bem sujo e a água quente ajudaria a aquecer ambos. Saiu de seus pensamentos quando o pequeno levantou a cabeça de seu peito, coçando os olhos, sonolento. Deu um rápido beijo na cabeça do mais novo, fazendo-o com que olhasse para si.

     — Bom dia, garoto. — disse com um pequeno sorriso, passando a mão por sua cabeça. O menor agarrou-lhe o pescoço, o abraçando com força, deixando uma lágrima solitária cair.

     Não havia sido tudo um sonho.

     Jake enrolou o rabo ao redor do pequeno, o abraçando melhor quando um pequeno soluço deixou os seus lábios.

     — Está tudo bem, Lo'ak. — sussurrou na orelha baixa do filho. O pequeno se aconchegou nos braços do pai, encostando o ouvido em seu peito, escutando seu coração e respiração, fechando os olhos.

     Ficaram nessa posição até a chuva começou a diminuir, deixando apenas um chuvisco e os baixos trovões. Quando a chuva já havia diminuído o suficiente, Jake ajudou Lo'ak a ir até a fonte termal que havia encontrado. Ela não era muito longe de onde estavam, o que colaborava, já que o mais novo não conseguia ficar de pé, seu tornozelo direito tinha um enorme hematoma e estava completamente inchado, sequer conseguia tocar nele sem que se contorcesse de dor, o Sully mais velho precisou carregá-lo no colo todo o trajeto.

     A fonte ficava em uma caverna, seu fundo tinha plantas brilhantes que, além de iluminar o fundo, refletia no teto da caverna, deixando o ambiente iluminado por completo em tons de azul, roxo e verde. Não era muito funda, perfeita para um banho quente e relaxante. Justamente o que Jake e Lo'ak — principalmente Lo'ak — precisavam.

     — Vamos, Lo'ak, está tudo bem. — dizia com uma voz calma para o filho enquanto tentava tirar a coberta do pequeno. O menor se recusava a soltar o cobertor, se enrolando cada vez mais nele. Jake achou melhor desistir e deixá-lo com ele, mesmo que fosse molhar. Não queria que o filho passasse por ainda mais estresse.

     Deixou o mais novo sentado em uma pedra na parte mais rasa, com a água indo até sua clavícula e se sentou ao lado dele, escorregando e afundando na água até o nariz, fechando os olhos enquanto a água quente relaxava seus músculos. Ficou ali por algum tempinho até que a falta de ar começasse a lhe incomodar. Voltou a se sentar normalmente, olhando para o filho e vendo-o com os joelhos no peito, encolhido e tenso. Agora que estava em um ambiente mais bem iluminado, Jake pôde ver melhor o filho. O mais novo continuava com os músculos rígidos o tempo todo desde que saíram da base militar, sua cauda sempre entre as pernas ou o mais próxima do corpo possível, as orelhas coladas na cabeça o tempo todo, o olhar baixo e não havia dito uma única palavra até agora. O mais velho abaixou as orelhas e balançou sua cauda de forma ansiosa ao analisar o filho. Ele também estava bem sujo, o cabelo mais comprido do que da última vez que o viu, indo até metade de suas costas, algumas de suas tranças haviam se desfeito por completo, outras estavam frouxas, com a parte do couro cabeludo completamente solta, as missangas que enfeitavam-no haviam caído e não sobrara nenhuma.

Ao amanhecer (Avatar 2: O Caminho Da Água)Onde histórias criam vida. Descubra agora