𝗰𝗶𝗿𝗰𝘂𝘀, 𝗀𝖾𝗇𝗌𝗁𝗂𝗇 𝗂𝗆𝗉𝖺𝖼𝗍

ㅤ ㅤ 𝗄𝖺𝖾𝖽𝖾𝗁𝖺𝗋𝖺 𝗄𝖺𝗓𝗎𝗁𝖺

❛ THE THINGS WE DO FOR LOVE ❜

pairing⠀ 〳 ⠀ kaedehara kazuha x female!oc ‵

dedicated to⠀ 〳 ⠀ chokitokkj

content warning⠀ 〳 ⠀ storyboard do andarilho de fundo, puppet!oc, angústia sem conforto, abandono, problemas com a família, menção a mortes, sangue e lutas ‵

notes⠀ 〳 ⠀ ok, eu tentei refazer o capítulo do kazuha de um jeito de diferente e particularmente gostei mais desta versão do que da anterior, mas ainda estou com certas dúvidas. se vocês puderem me dar um retorno sobre, eu ficaria muito grata. espero poder recompensar vocês pela demora com os capítulos e torço para que gostem. tenham uma boa leitura <3

Tomar decisões nunca foi o forte de Miyatsuru, e talvez nunca seja.

Abandonada desde muito jovem pela sua própria criadora, a primeira do trio de possíveis receptáculos criados pelo próprio arconte de Inazuma, a marionete teve de aprender a se virar entre os mortais. Suas decisões eram completamente baseadas no que eles diziam, e mesmo que sua mente gritasse para que fizesse, ou seguisse, caminhos opostos aos que os humanos lhe ofereciam, ela apenas segurava em suas mãos e permitia que os mesmos decidissem seus próximos passos, falas e pensamentos. Miya entregou-se ao seu propósito inicial, servir, mas como qualquer protótipo, ela tinha erros contínuos que fizeram os humanos desistirem de mantê-la por perto.

Anos depois, surgiu aquele que hoje atende pelo nome Scaramouche. Pequeno, frágil e com sentimentos tão negativos presos em seu peito que poderiam faze-lo explodir de desgosto, mas ao mesmo tempo, a inocência que estampam seus olhos e o carinho pelos humanos faziam o pequeno coração de Miya tremer. Ela sentiu essa necessidade urgente de protegê-lo, e quando uma visão hydro pousou diante de seus olhos no momento em que o pensamento cruzou sua mente, a garota sentiu que seu destino fora selado naquele mesmo instante.

E então, toda a tragédia com a ilha Taratsuna aconteceu, e seu pequeno irmão desapareceu antes que conseguisse ter qualquer ação sobre isso. Ele simplesmente a abandonou e ela perdeu toda a motivação existente para permanecer "viva", enxergando nada mais que um borrão de cores sempre que caminhava pelos arredores da nação.

Levaram décadas até que Miya conseguisse se sentir capaz de viver por algo, ou por alguém e esse momento foi quando encontrou com um samurai errante, descendente de um antigo clã de ferreiros, Kaedehara Kazuha. Aquele garoto conseguiu fazer o mundo bagunçado se tornar uma bela pintura e com todo o amor em suas palavras e toques, transformou-a de uma melodia melancólica distorcida para uma tímida e confortável. Ele a aqueceu em seus momentos de escuridão e Miya dedicou sua vida à ele.

Mas então, os eventos envolvendo o fim do Decreto de Caça a Visão levaram-na a ter conhecimento do paradeiro de seu irmão. Ele estava entre os Fatui, organização com uma aura estranha e cheia de mistérios envolvendo cada um de seus mensageiros e subordinados que cediam somente às ordens de sua imperatriz, Tsaritsa. O motivo pelos quais Scaramouche se encontrava entre eles era, até então, desconhecido, mas após receber cartas do viajante sobre os seus planos de substituir a Lorde Menor Kusanali em Sumeru, e se tornar um novo deus, Miya sentiu que precisava tomar finalmente as responsabilidades para si novamente.

Para isso, teria que se despedir daqueles que a acolheram, e isso incluía ter que se despedir dele, mesmo que o seu desejo fosse o de jamais fazê-lo, mas ela precisava. Era uma decisão importantíssima a se tomar e sua incapacidade de escolher era como uma faca afiada perfurando o seu peito sem hesitação.

Ela escolheria sua família de sangue, ou aquele que conquistara um alojamento em sua mente e coração?

Kazuha sabia do dilema que Miya enfrentava, tendo lido a carta ao seu lado, processando tudo o que seus olhos curiosos tinham absorvido e mesmo que a resposta acabasse sendo muito óbvia para si, ele compreendia a confusão em seus olhos violetas e o nervosismo que estampava-lhe o rosto. E ele soube que naquele momento, teria de ceder seu espaço ao lado dela e permitir que fosse ocupado por seu irmão.

O samurai segurou gentilmente as mãos da garota, passeando os dedos contra as palmas enquanto suspirava, seu coração ao ponto de quebrar, assim como as engrenagens — ele acreditava que eram engrenagens — dentro dela estavam ao ponto de parar. Aproximou-as de seu rosto e beijou cada nó de seus dedos, segurando as lágrimas que queimavam em seus olhos, sabendo que muito provavelmente, aquela seria a última vez que conseguiria tê-la diante de seus olhos.

Miyatsuru abaixou seu olhar, o entendimento lhe atingindo tão lentamente como os últimos de seus toques. Parecia que o mundo tinha parado para assistir, mas seu destino já havia sido decidido e como o fim de um poema sobre amor, Kazuha encerrou tudo com um último beijo.

— Obrigado por ter me dado a oportunidade de te ter em minha curta vida, querida.