A Regina do passado estava na aula de equitação. Com Daniel. E eu precisava garantir que ela não voltasse tão cedo. Apesar da apreensão, eu estava empolgada. Curiosa para conhecer mais uma versão da rainha. Andei me esgueirando pela propriedade no meio de árvores e arbustos até avistar os dois pombinhos, cavalgando lado a lado.Observei de longe enquanto eles paravam e amarravam os cavalos em árvores e iam para debaixo de outra mais distante. Bom, eu acho que aquilo deveria ser uma aula, mas observei enquanto Daniel estendia uma toalha na grama e Regina tirava de um dos bolsos algumas frutas cristalizadas, castanhas e nozes. Do outro bolso tirou um pequeno frasco, contendo o que deveria ser Rum.
Oh, aquilo era um encontro.
Os dois se aproximaram e trocaram um longo beijo apaixonado. Eu senti minhas bochechas corarem, constrangida com a cena. Sentia que estava interrompendo algo . O jeito como Regina olhava para Daniel, um olhar intenso e terno ao mesmo tempo, carregado de desejo, admiração e carinho. Ela não olhava para Robin assim. Não que eu reparasse muito em como Regina olhava para os outros. Mas algo naquele olhar era familiar. Como se...como se ela já tivesse me olhado assim. Sacudi a cabeça. Meus pensamentos não tinham fundamento nenhum e só estavam me distraindo da missão.
O mais discretamente possível me aproximei e soltei um dos cavalos. Aquilo deveria bastar. Como previ, ele saiu galopando, livre. Daniel, assim que o viu, montou no outro cavalo e foi atrás do fujão. Regina observava a cena um tanto preocupada. Me mantive atrás da árvore. Minha missão agora era apenas garantir que ela não voltasse para o casarão. A observei por um tempo, que esperava por Daniel, aflita. Fui ajustar minha posição quando pisei sem querer em um galho seco e oco. O barulho fez com que Regina se virasse para a minha direção. Droga, droga, droga. Me virei de costas para a árvore, fechei os olhos e rezei para que ela não quisesse investigar o barulho. Mas não adiantou. Em pouco tempo ouvi seus passos e sua voz:
-Ei!
Sentia o suor escorrendo em minha nuca, apesar do vento frio. Sai de trás da árvore lentamente para encará-la.
-Olá! -na minha cabeça escutava a voz da Regina do presente, minha Regina, me julgando: "Olá??? Sério, Emma?".
-Quem é você? -ela se aproximou o suficiente para que eu pudesse ver seu rosto de perto. Ela estava diferente, tinha o cabelo longo, um rosto com menos linhas de expressão, mais sereno. Mas a mesma cicatriz nos lábios. - E o que está fazendo aqui?
-E-eu sou nova na cozinha e...vim ver se a madame precisa de algo. -Vi seu rosto se contrair em uma interrogação.
-Já disse que não gosto de ser interrompida nas minhas aulas. - Aí estava a firmeza com a qual eu estava acostumada.
Limpei discretamente a gota de suor que escorria pela minha têmpora.
-Sim, perdão Re...Madame. - eu fiz menção de abaixar minha cabeça, como em uma reverência.
Ela me olhava, intrigada.
-Não precisa dessa formalidade toda, sabe. Não é como se eu fosse uma rainha.
"Ainda". Murmurei, um pouco alto demais.
-O que?
-Nada!
-E como é seu nome? - Senti minha respiração falhar.
-Marjorie. - inventei.
Ela me olhou de cima a baixo, claramente não satisfeita com a resposta. Depois olhou em volta e sacudiu a cabeça, como se tentasse afastar algum pensamento.
-Olha Marjorie, eu não sei o que você viu aqui, mas peço por favor que jamais comente algo com a minha mãe.
-Mas é claro! Eu jamais falaria nada! - mas minha mãe sim, daqui a alguns meses provavelmente. Argh, que situação horrível. Ver Regina assim, mais nova, apaixonada, com um futuro brilhante pela frente e saber de seu destino, saber que minha mãe seria de certa forma responsável por isso. Senti uma pontada de culpa, mas logo lembrei que o que a rainha má faria depois seria muito pior. Que tudo havia sido trágico mas não adiantava culpar ninguém agora. E que as coisas aconteceram como tinham que acontecer e se não fosse por isso não teríamos o que temos, nem Henry, nem nada.
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My Happy Ending [Swan Queen]
FanficEmma acabou de voltar de uma viagem no tempo. Regina luta para disfarçar seus reais sentimentos, mas até quando eles podem ficar guardados?