Bad Things [Yeonbin]

𝟓: Problema

Quando terminaram o que estavam fazendo, os dois ficaram em silencio, meio que sem saber o que fazer.

Soobin, que esperava que Yeonjun dissesse se arrepender do que fizeram, se impressionou quando o mais velho apenas deitou a cabeça no peito dele.

— O que foi? Me comeu e agora não quer cuidar de mim? — disse ao reparar a surpresa do outro.

— Não é isso — riu fraco — É que estranho você agindo assim.

— É que eu tô cansado — puxou o cobertor, os cobrindo até a cintura — Mas eu ainda não gosto de você — era o Yeonjun de sempre.

— Não se preocupa, eu também não — riram juntos pela primeira vez.

E naquele momento, Soobin reparou no quanto era linda a visão do mais velho sorrindo pra ele, normalmente Soobin só via ele sorrindo pro computador.

A verdade era que Yeonjun era muito arrogante pra perceber que, se desse uma chance pro Soobin, eles se dariam muito bem.

As vezes Soobin ficava chateado com o quanto o colega de quarto era distante de si, mesmo sem ele ter feito nada.

Yeonjun abraçou o corpo de Soobin fechando os olhos, a primeira demonstração de carinho.

E assim, como se nunca tivessem brigado, eles dormiram juntos.

°

Quando Soobin acordou, Yeonjun já não estava mais ali.

Sentou na cama e coçou os olhos, tentando raciocinar que estava vivo e existia.

Logo viu Yeonjun saindo do banheiro, e o olhando.

— Você tá atrasado, hoje é segunda — e nesse momento Soobin se lembrou: a faculdade. Se levantou e correu pra tomar banho, enquanto Yeonjun tentava não rir do desespero do colega de quarto.

Após poucos minutos, Soobin saiu já vestido do banheiro, e correu pra arrumar suas músicas.

— Devia ter arrumado ontem né, idiota— as provocações de sempre.

— Eu esqueci poxa, essa vida é muito confusa.

— Que bom que eu não sou você — disse enquanto comia uma maçã tranquilamente. Soobin revirou os olhos, terminando de guardar suas coisas.

°

Chegando na faculdade, Soobin foi até seu melhor amigo, Beomgyu.

— Gyu, eu fiz uma merda.

— Eita já chega assim?

— Cara, eu transei com o Yeonjun — Beomgyu, que já sabia tudo sobre os dois, não conseguiu disfarçar a cara de espanto.

— Como caralhos isso aconteceu?

— Ah cara, só aconteceu.

— Esse cara não te odiava?

— Ele me odeia ainda, isso não mudou.

Eles pararam o assunto quando uma terceira voz apareceu: Yeonjun.

— Eu peguei seu livro por engano — Yeonjun entregou o livro pra ele.

— Obrigado, Yeonjun — Yeonjun concordou com a cabeça, frio.

Mas, toda a frieza passou e um olhar caloroso e brilhante apareceu no rosto de Yeonjun, com a presença de um garoto desconhecido por Soobin.

— Yeonjun hyung, você esqueceu na minha casa — disse entregando um casaco pra ele, que sorriu.

— Ah sim — pegou o casaco, e depois passou um braço pelo ombro do garoto, dando um beijo na bochecha dele — Obrigado, Kai — o garoto sorriu, enquanto Yeonjun ainda sorria.

Soobin olhava aquela cena confuso, não fazia ideia de quem era aquele tal de Kai, nem o que ele era do Yeonjun, e nem porque o mais velho ficou tão feliz quando ele apareceu.

Com Soobin, Yeonjun sempre era frio e demorou dias pra dar um sorriso. Mas com o tal Kai, ele sorria a todo momento, era carinhoso, era diferente.

Soobin acabou se sentindo incomodado com aquela cena, ver Yeonjun tratando Kai tão bem, fez ele se sentir rejeitado de certa forma.

Por que Yeonjun o odiava?

Beomgyu, conhecendo o melhor amigo o suficiente pra perceber o incomodo, o puxou pra longe dali.

— Você viu como ele tratou aquele garoto? — Soobin disse.

— Mas o que tem? Você gosta dele?

— Não é isso — sentou num banco, sendo seguido por Beomgyu — É que poxa, ele tratou aquele garoto tão diferente.

— E por que você se importa?

— Sei lá, fico pensando como é a sensação.

— Que sensação?

— De ser tratado assim por ele. Ele sempre me tratou mal, sabe? Nunca me deu uma chance de ser amigo dele.

— Amigo, Soobin? Eu te conheço, você tá sentindo alguma coisa por ele e nem percebe. Você nunca se questionou assim?

— Ah, sabe — suspirou — Ele sempre implica comigo, eu já até me acostumei. Mas, as vezes eu vejo ele jogando, e eu vejo ele rindo super animado, e sei lá, mexe um pouco comigo.

— O que mexe com você?

— O sorriso dele.

— Mas esse sorriso nunca é pra você, né? E agora, é pro Kai — Soobin desviou o olhar pra baixo.

— É... — respirou fundo.

Foi naquele momento que Soobin percebeu que, talvez, estivesse sentindo algo pelo cara que o odiava.

E aquilo era um problema.