Dang-Gu treinava ao amanhecer em uma árvore solitária no topo de uma colina próxima ao vilarejo. O som das lâminas cortando o ar era ritmado e preciso, resultado de anos de intensa prática. Seus golpes contra o tronco eram firmes, apesar da pouca idade, e o suor já começava a se acumular em sua testa. A árvore, marcada com cicatrizes de treinos anteriores, parecia ser o único confidente de Dang-Gu, testemunhando suas lutas e o peso de suas escolhas.
Enquanto fazia uma pausa para recuperar o fôlego, Dang-Gu olhou para o horizonte, lembrando-se de quando sua mãe o incentivava a ser forte, mas também gentil. Aqueles tempos pareciam distantes, envoltos em uma névoa de memórias dolorosas. Inspirado por esses pensamentos, Dang-Gu deu mais alguns golpes com a katana, tentando ignorar as emoções que começavam a aflorar. Ele sabia que, ao retornar para casa, teria de enfrentar a realidade que o esperava — uma vida que, desde a morte de sua mãe, nunca mais foi a mesma.
Depois de encerrar o treinamento, Dang-Gu embainhou a katana e desceu a colina, caminhando em direção à pequena casa onde morava com seu pai. O ambiente já era sombrio antes de ele chegar, mas, ao se aproximar, um cheiro familiar e doloroso o atingiu: o cheiro de algo queimando. O coração de Dang-Gu acelerou, e ele começou a correr, temendo o que poderia encontrar.
Ao chegar à entrada da casa, viu seu pai ao lado de uma pequena fogueira no quintal. Suas mãos seguravam o último vestido que a mãe de Dang-Gu havia feito para ele, o presente que simbolizava quem ele era antes da tragédia. As chamas já consumiam parte do tecido delicado, e, num impulso, Dang-Gu correu até o pai.
Dang-Gu: Pai, o que está fazendo?- Gritou, a voz embargada pela dor e pela incredulidade.
O pai olhou para ele com frieza, seus olhos endurecidos pelo luto e pela dureza da vida que os cercava. Sem dizer uma palavra, ele jogou o vestido na fogueira, permitindo que o fogo devorasse o restante do tecido.
Zhou: Você não é mais uma menina, Dang-Gu- Disse, a voz firme, mas sem emoção- Agora você é um homem, e homens não vestem isso.
Dang-Gu caiu de joelhos diante das chamas, vendo o vestido se transformar em cinzas. Lágrimas começaram a descer por seu rosto enquanto ele observava a última lembrança física de sua mãe desaparecer. Ele tentou conter o choro, sabendo que seu pai não o aprovaria, mas a dor era insuportável.
Dang-Gu: Mas... era da mamãe- Murmurou, a voz quase inaudível- Ela me deu...
Seu pai se aproximou, colocando a mão pesada sobre o ombro de Dang-Gu, mas não havia consolo no gesto.
Zhou: Sua mãe se foi- Disse, a voz tão dura quanto as palavras- E agora você deve ser forte. Você deve ser um homem. Não há espaço para fraqueza. Vá para dentro e lembre-se disso.
Com essas palavras, o pai virou-se e entrou na casa, deixando Dang-Gu sozinho diante das chamas que já se apagavam lentamente. Por um momento, ele permaneceu ali, paralisado pela dor e pelo peso da expectativa de seu pai. Quando finalmente se levantou, com as lágrimas ainda correndo pelo rosto, soube que algo dentro de si havia mudado para sempre.
A partir daquele dia, Dang-Gu seria forçado a esconder quem realmente era. O vestido queimado era mais do que um símbolo de sua mãe; era um símbolo do seu próprio ser, que agora seria enterrado junto com as cinzas que restaram.
DIAS ATUAIS
--: Dang-Gu?
Dang-Gu olha para porta assustada mas, logo um alívio tomou seu corpo
Dang-Gu: Jung, você quer me matar?- Pergunta com a mão no peito
Os dois se encararam em silêncio por um momento, o ambiente carregado com um entendimento silencioso. Jung fechou a porta atrás de si e deu um passo à frente, com uma expressão calma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dois Corações- O Rei de Porcelana
FanficEm meio a uma dinastia turbulenta, Dang-Gu, uma jovem guerreira habilidosa disfarçada de homem, é contratada como guarda-costas do príncipe herdeiro Lee Hwi. Carregando o peso de uma vingança e o segredo de sua verdadeira identidade, Dang-Gu enfrent...