Episódio 9

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Na quietude da meia-noite, Dang-Gu se esgueirava pelos corredores do palácio, seus passos tão leves que mal tocavam o chão. A lua cheia lançava um brilho pálido sobre o mundo, mas Dang-Gu não olhava para o céu. Sua mente estava imersa em memórias sombrias, enquanto atravessava os portões em direção à noite silenciosa.

Quando saiu do palácio, caminhou pelas sombras das árvores, atravessando as trilhas com a precisão de quem já conhecia o caminho de cor. Seu corpo, ainda carregando as cicatrizes de batalhas antigas e recentes, parecia mais pesado naquela noite. Cada respiração que ele tomava era preenchida pela lembrança de sua mãe e de seu pai – as duas pessoas que haviam moldado quem ele era, para o bem e para o mal.

Dang-Gu ajoelhava-se à beira de um precipício, a brisa da noite fria soprando em seu rosto, misturando-se às lágrimas que deslizavam silenciosamente. O vento parecia carregar o peso de suas lembranças, e o abismo diante dele refletia o vazio em seu coração. Era o dia do seu aniversário, o mesmo dia em que seus pais haviam morrido, em anos diferentes, mas sempre marcando esse momento com uma dor insuportável.

Ele fechou os olhos, tentando buscar forças, mas a dor era insidiosa. A lembrança de sua mãe sorrindo e de seu pai severo o assolava. Naquele mesmo dia, anos antes, ele havia perdido a única família que conhecia, e, desde então, cada aniversário era um lembrete cruel de sua solidão.

Dang-Gu: Por que aqui?- Sussurrou para o vento- Por que me deixaram?

Ele sentiu o peso do mundo sobre seus ombros. A busca incessante por vingança, a luta para manter sua identidade oculta, e o fardo de não ser suficiente para quem ele mais amava—tudo isso parecia esmagá-lo naquela noite. Ele queria gritar, mas a voz não saía.

Ajoelhado, ele pressionou as mãos no chão úmido, sentindo a terra fria e dura sob seus dedos. Cada fibra de seu ser ansiava por alívio, mas não havia nada que pudesse preencher o vazio que a morte de seus pais havia deixado. Eles morreram por causas diferentes, em tempos diferentes, mas sempre no mesmo dia, como se o destino zombasse dele, como se esse dia estivesse amaldiçoado.

Dang-Gu: Vocês me tornaram forte- Murmurou ele- Mas também quebrado. Eu sou o que restou de vocês, mas quem sou eu agora?

A solidão do precipício parecia refletir sua alma, um abismo sem fim, onde a luz mal tocava. As memórias lhe assaltavam, fazendo-o sentir-se pequeno, impotente, como o garoto que um dia perdera tudo.

Ele apertou os punhos e baixou a cabeça, permitindo que o desespero finalmente o alcançasse. O vento parecia sussurrar as palavras que ele não conseguia dizer em voz alta.

No fundo, ele sabia que mesmo com toda a dor, mesmo com os horrores que ele enfrentara e causara, havia uma parte de si que ainda ansiava por redenção—mas era algo que ele não sabia se merecia. O peso da vingança, do ódio e do amor não correspondido tornavam aquele momento ainda mais insuportável.

Dang-Gu: Eu não sei se posso continuar assim- Confessou para a escuridão, sua voz quase se apagando no vento- Mãe... Pai... Me perdoem- Sussurraram seus lábios, trêmulos de emoção

Sob o céu escuro, ele se levantou enquanto empunhava sua espada com a precisão de um guerreiro, mas também com o coração de um filho ferido. Cada golpe que ele desferia no ar carregava um eco de sua dor. O vazio da noite parecia ampliar o vazio em sua alma.

Suas mãos calejadas apertavam o cabo da espada, o suor misturando-se às lágrimas que ele se recusava a deixar cair. Ele golpeava o ar com uma força descomunal, como se pudesse, por meio daquele treino incessante, exorcizar a dor de seu peito. Cada batida de seu coração soava como uma sentença de morte, ecoando a ausência dos pais. Sua respiração se tornava mais pesada, os movimentos mais desesperados, como se estivesse correndo contra o tempo, tentando alcançar algo que sabia que jamais voltaria.

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⏰ Última atualização: Oct 20 ⏰

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Dois Corações- O Rei de PorcelanaOnde histórias criam vida. Descubra agora