𝙲𝚊𝚙. 𝙸𝙸𝙸

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Victoria Marinho

Arfei sentindo o calor dos seus olhos queimarem a minha pele quando minhas orbes encontraram as dos maldito uruguaio. Respirei fundo, quebrando o contato visual, virando de costas, saindo do seu campo de visão e indo até o bar, para buscar uma bebida.

Acenei para o barman e me apoiei no balcão. Pedi uma dose de Licor 43, que ao ser servida, nem pensei duas vezes antes de entornar a bebida nos lábios, sentindo o amargo do líquido escorrer pela minha garganta, bati o copinho de shot no balcão e balancei a cabeça em resposta ao álcool, fazendo uma careta.

– Um gin de maracujá, por favor. - Pedi para o homem do outro lado do balcão, que logo começou a preparar o drink.

Mexi na bolsa enquanto esperava e tirei de dentro um ignite de strawberry ice, trouxe aos lábios e dei uma longa puxada, tragando o vapor e aproveitando o gelado da nicotina em minha garganta, que ajudou a tirar o gosto forte do licor. Enquanto soltava o vapor lentamente, senti o aroma daquele maldito perfume e o calor da sua respiração em minha nuca.

Fechei os olhos enquanto expirava todo o ar dos meus pulmões, tentando manter o controle da minha sanidade, mas ouço o garçom me chamar apontando para a bebida pronta, peguei o drink e tomei um gole, sorrindo sobre o copo indicando que havia gostado.

Tentava ignorar a presença do Piquerez, sabia que se conversasse com ele agora não iria funcionar, e não é atoa que o ignorei o dia todo.

Quando ameacei a dar um passo para frente, senti a mão dele envolver a minha cintura, afundando os dígitos na minha carne com força, me arrancando um gemido sofrego, que foi abafado por conta da música alta, ele se aproximou ainda mais, colando seu peito em minhas costas.

Estava imóvel, não sabia como reagir, todos os pelos do meu corpo estavam enrijecidos e os meus mamilos se sentiam incomodados contra o tecido apertado do vestido.

O Piquerez é um pecado e dizer não a ele era um maior ainda.

– Estás solteira? - Perguntou com a voz rouca, misturando o português com o espanhol, fazendo referência aos meus stories.

Agarrei o meu lábio inferior com tanta força ao ouvir sua pergunta, que consegui sentir o sabor metálico do meu sangue, mas um sorriso tomou conta do meu rosto quando o respondi.

– Não! Mas o meu namorado é um idiota. - Colei os nossos corpos ainda mais, pressionando minha bunda em sua pelve. – Ele não irá se importar por estar fazendo isso em você. - Forcei um tom de voz doce, apoiando a cabeça em seu peito enquanto rebolava em sua pélvis. – Por que? - O olhei por cima do ombro.

O ouvi arfar, balançando a cabeça em negação, e tenho quase certeza que ele queria me xingar com os inúmeros, que havia aprendido com o Scarpinha, mas em vez disso, ele me olhou e nas suas expressões, estava evidente que buscava paciência para lidar com aquela situação.

– Vic, no es momento. - Disse com os lábios semicerrados.

– Para o que? - Continuei com a voz doce, tomei um gole da minha bebida e peguei sua mão, que estava na minha cintura, e a deslizei pelo meu corpo, indo até a fenda do meu vestido, o fazendo alisar aquela área.

– No estoy brincando. - Misturou o espanhol com português.

Achava uma gracinha o jeitinho que ele falava.

Me afastei dos seus toques e fiquei de frente para ele. Levei a taça aos lábios mais uma vez e dei um longo gole na bebida, mantinha o olhar fixo ao seu com um sorriso curvado no canto dos lábios, mas logo desfiz o sorriso.

AQUELES OLHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora