𝙲𝚊𝚙. 𝚇

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Victoria Marinho

Você é uma pessoa tão ingrata, Victoria. Esse seu sonho é patético! Você não é boa o suficiente para essa vaga, acha mesmo que eles irão te contratar por seus méritos? ou por nepotismo? Para de ser ridícula! Só pensa em si, e na primeira oportunidade abandonou a pessoa que mais te apoiou. Você sempre foge das responsabilidades colocando suas vontades à frente de tudo. - Uma voz raivosa ecoou no quarto escuro, chamando minha atenção.

Estava tão assustada, que o meu corpo ficou paralisado no mesmo lugar, não conseguia fazer mais nada a não ser olhar para o vazio enquanto sentia a presença dele tão próximo de mim.

– Para, por favor, para. - Implorei choramingando.

– Egocêntrica, Narcisista, Egocêntrica, Narcisista... - Ele cuspia as palavras.

Mas ele não parou, invés disso, sua voz foi se tornando cada vez mais alta e intimidadora, e ele parecia se aproximar de mim todas as vezes, que repetia a frase.

Meus olhos ardiam e a essa altura, não só choramingava, mas sim chorava descontroladamente, pedindo para que ele parasse. Minha garganta se fechava a cada grito de socorro, entrando em total desespero, conseguia sentir suas mãos apertando meus braços enquanto eu me debatia tentando sair do seu aperto.

O medo havia me consumido e suas palavras continuavam a ressoar por minha mente.

Abri os olhos, e estava ofegante buscando por todo o ar, que havia escapado dos meus pulmões, sentia meu coração batendo tão forte no peito enquanto a Brenna limpava as lágrimas que continuavam a escorrer das minhas orbes. Engoli em seco, passando os olhos pelo local, notando que não estava mais no lugar de antes, mas sim no meu quarto.

Segundos depois o Atlas aparece na porta segurando um copo com água em uma das mãos e alguns comprimidos na outra.

– Você estava tremendo, Vic! Estávamos dormindo e do nada cê começou a gritar pedindo socorro, o que aconteceu? - Ela perguntou preocupada pegando minha mão.

Sentia seu polegar deslizando pela minha pele, fazendo um carinho, tentando me acalmar.

– Caralho, você tá parecendo uma pedra de gelo. - Arregalou os olhos demonstrando ainda mais preocupação.

Olhava para a parede do quarto, ignorando todos os questionamentos, e não fazia a mínima ideia de como responder a essas perguntas, já que não sabia que porra foi aquela. Sentei na cama e abracei os joelhos, tentando me situar sobre aquele sonho transtornador.

Deslizei os dedos por meus fios, sentindo uma pontada forte na cabeça, que me arrancou um gemido doloroso, com os latejos, suspirei cansada e aceitei os remédios do Atlas, tomando um longo gole de água, aproveitando o refresco em minha boca seca de ressaca da noite passada.

Fechei os olhos mais uma vez, tentando afastar as lembranças daquele sonho perturbador, mas isso foi ineficaz, já que elas voltaram com maior intensidade, me fazendo reviver aquela situação, e com o susto derrubei o copo de vidro no chão, que se partiu em inúmeros pedacinhos espalhados por o quarto.

– Ei, calma, você tá tremendo. - Atlas sentou na cama ao meu lado enquanto a Brenna foi pegar algo para limpar os detritos.

Olhei para ele ao ouvir seu tom de voz, mas não aguentei encará-lo por muito tempo, e desviei o olhar para o chão engolindo em seco.

– Tá tudo bem, só tive um pesadelo. - As palavras quase não saíam da minha boca.

– Como foi o pesadelo? - Perguntou. – Já passou, estamos aqui com você. - Me confortou.

AQUELES OLHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora