Capítulo 02

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Steve precisou respirar fundo diversas vezes para conseguir se sentir pronto para dirigir. Um acidente automobilístico era o que eles menos precisavam agora. Também sabia que precisava se acalmar para não assustar a filha, nesse momento Natasha estava em um quarto de hospital tentando passar o máximo de normalidade possível para James, o mínimo era que ele fizesse o mesmo por Sarah.

Ao tocar a campainha, não demora para que Clint apareça, ainda com uma calça de pijama, sem blusa, cabelo bagunçado e uma cara de quem acordou a pouquíssimo tempo. Ao ver os olhos meio vermelhos do amigo Barton o puxa para um abraço. 

— Sinto muito, sei que é difícil, mas ele vai ficar bem — Clint interrompe o abraço e abre espaço para que Rogers entre.

Steve segue atrás dele em silêncio, o acompanhando até a cozinha onde Laura acrescentava uma xícara de café para ele. A solidariedade do casal não era estranha, os quatro eram amigos a muito tempo. Na verdade, Natasha e Clint eram amigos de infância, então tecnicamente Steve e Laura eram os dois agregados daquela amizade.

— Como meu afilhado está? A última mensagem que a Nat mandou foi quando estavam levando ele para o quarto — a mulher pergunta ao mesmo tempo em que estende a xícara para o loiro.

— Os médicos disseram que não ia ser fácil, mas que por terem descoberto cedo as chances de recuperação são boas. — ele precisa fazer força para não voltar a chorar. — Sara deu muito trabalho?

— Não, está muito quieta na verdade. — Clint responde sentando na cabeceira da mesa — Tentamos não deixar ela perceber nossa preocupação, mas Sara só queria ficar quietinha no canto dela. Até Nathaniel parou de encher o saco dela para brincar.

— Ela e James sempre tiveram essa conexão, eu e Nat nunca entendemos direito, a gente só aceita — um mini sorriso aparece nos lábios de Steve — Sara deve ter percebido que algo não estava bem já que não voltamos para buscá-la.

— Ela está dormindo no quarto da Lila, sabe que sempre deixamos colchões reservas para eles dois — Laura diz e sente o braço do marido sobre seus ombros.

— Vou chamá-la, não quero deixar  Natasha e James sozinhos por muito tempo no hospital.

Ele tinha medo de que algo acontecesse com seu filho e não pudesse estar lá para ajudar. O casal Barton concorda com um aceno de cabeça e observam ele seguir para o quarto onde Sara dormia.

Steve sorriu quando viu a filha dormindo. Os cachos ruivos bagunçados, a baba escorrendo pelo canto da boca e o braço cobrindo os olhos. Com cuidado para não acordá-la, ele a pegou no colo, junto da mochila que estava perto da porta.

— Papai? — ela sussurrou enquanto desciam as escadas. — Cadê a mamãe e o James?

— Nós estamos indo encontrar com eles — Rogers responde e acaricia a cabeça da filha — Não se preocupe, pode continuar dormindo.

— Eles estão em casa?

— Não meu bem.

— Então temos que passar em casa primeiro para pegar o presente da mamãe.

Ele para ao ouvir as palavras da filha. Era dia das mães. Agora entendia o motivo do buquê enorme na cozinha dos amigos, Clint provavelmente tinha comprado para Laura, enquanto que Steve nem ao menos havia se lembrado de desejar "feliz dia das mães" para sua esposa.

— Certo, vamos passar em casa e pegar o presente da mamãe.

Após se despedir dos Barton, ele acomodou Sara na cadeirinha e ficou se martirizando por ter esquecido da data que tinham planejado tão cuidadosamente para comemorar. Os gêmeos até tinham escolhido o presente, estavam tão empolgados com isso.

E agora, eles passariam o dia no hospital. Com James fazendo exames e provavelmente iam submeter Sara a alguns testes também, para descartar que ela também tivesse a doença.

Ao chegarem em casa, ele ajudou a filha a trocar de roupa, além dos dois pararem para comer alguma coisa. Sara subiu a escada apressada para pegar o presente da mãe, assim como o desenho que ela e o irmão haviam feito.

Percebeu que o pai não dizia onde os dois estavam, assim como também parecia meio perdido. Sem escutar direito o que ela dizia.

— Papai, o que está acontecendo? — perguntou quando pararam o carro no estacionamento do hospital.

Steve saiu do carro, somente para entrar de novo, dessa vez na parte de trás, sentando ao lado da filha.

— Querida, James está doente. Ele vai precisar ficar no hospital por um tempo.

— Mas ele vai melhorar, certo?

— Sim, claro que vai — ele diz forçando um sorriso, porém Sara nunca foi fácil de enganar.

— Por que está mentindo?

— Eu não estou mentindo, Sara — ele a pega no colo, abraçando-a bem apertado — Ele está aqui para melhorar, um monte de gente vai ficar observando ele o tempo todo, é mais seguro.

— Não quero ele morra... eu não sobreviveria se ele morresse.

Steve se surpreende pelas palavras dela, apesar de sempre ter sido dramática, ele sabia que Sara e James eram extremamente próximos.

— Ele não vai morrer. Agora ele precisa que a gente tente ser o mais normal possível, ok?

— Ok.

O pai ajudou a filha a descer do carro depois de acalmar as suas dores. Não queria esse tipo de preocupação nela, não queria que nem ao menos pensasse nessa possibilidade. Eram o tudo de Steve e Natasha, os dois sempre fariam o possível para manter a vida o menos problemática possível para os filhos.

Com o presente em mãos e um balão que compraram na loja de presentes do hospital, eles entraram no quarto e encontraram Natasha sentada na maca assistindo desenho com James.

A princípio Sara ficou parada, assustada com tanta informação. Entretanto, basta um sorriso da mãe para que o rosto dela espelhe um parecido. Correndo em direção aos dois.

— Papai, me ajuda a subir! — ela pede apressada e Steve imediatamente faz isso — Feliz dia das mães, mama!

— Obrigada, minha princesa.

Natasha abraça a pequena e deixa um beijo em sua testa. Agora, com os dois filhos ao seu lado, parecia que ela podia finalmente respirar.

Sad, Beautiful, TragicOnde histórias criam vida. Descubra agora