Não era como se Minjeong desgostasse de Kwangya. Ou dos modos estranhos das pessoas que moravam ali. Ou da comida nortista. Ou do calor absurdo que fazia durante o dia e que amenizava à noite. Ou das roupas que vestiam. Também não era como se ela abominasse seu futuro marido, ou o rei e a rainha, ou o castelo. Mas a princesa Jimin, no entanto...
- Eu não a suporto, Ningie! - Minjeong praticamente rosnava diante do espelho, enquanto sua dama penteava seus cabelos com toda a paciência e esmero do mundo. Os movimentos da escova deslizando pelos fios loiros e lisos foram interrompidos quando a princesa levantou, de repente, caminhando firme até a cama. Se ela não fosse tão franzina e delicada, talvez seus passos pudessem rachar o chão. - Ela é tão... tão chata, arrogante e metida!
- Mas por que exatamente você está com raiva dela, Dongie? - Ningning encarava a princesa com um sorriso brincando nos lábios, havia tomado o banco diante a penteadeira. - Ela te livrou de virar refeição de porco-montês ou, como eles dizem aqui em Kwangya, javali.
- Podemos mudar de assunto, por favor? - Minjeong, que já estava sentada na cama, caiu para trás sentindo a maciez daquele colchão contra suas costas, sem se preocupar em assanhar os cabelos recém-penteados pós banho. Focou a vista no dossel. - E os porcos-montês não se alimentam de seres humanos, Ningie. Além do mais, ele parecia ser bem menos perigoso e arisco que aquela selvagem a quem chamam de princesa.
- Ainda assim, ela salvou a sua vida, Dongie. Mesmo que aquele animal não fosse te devorar, poderia tê-la matado com facilidade. Se não fosse a princesa Karina...
- Nossa, mas não faz nem dois dias direito que estamos aqui e você já se tornou uma patrono nortista. - Minjeong voltou a sentar-se e estreitou o olhar rumo à sua dama de companhia, tentando decifrar o que continha codificado naquele empenho desvelado em defender Jimin. - Você não ouviu os disparates que ela me disse quando desceu do cavalo, não vamos mais falar sobre aquela boçal.
- Como queira, princesa. - Ningning riu do suspiro profundo de Minjeong, a princesa era muito cabeça dura assim como boa parte dos membros de sua família e nem notava isso. Ela também não queria render no assunto, continuar seria monótono e estagnado. - Se precisar de mim, estarei na cozinha, ou em meu quarto.
Ningning concordava com Minjeong sobre o enfado dominar o castelo, e entendia o aborrecimento dela, nenhuma das duas esperava tanto distanciamento - e ausência - de Seunghan durante a primeira semana da temporada que estariam ali para conhecer o reino, o dia-a-dia da família real e dos kwangyenses. A rainha também não demonstrava ainda interesse em monopolizar sua futura nora, sabia-se lá o porquê. Era tudo estranho. Embora não quisesse tirar conclusões precipitadas, ela suspeitava que Minjeong não fosse a princesa a encabeçar a lista de candidatas ao posto de noiva do príncipe. Em nenhum momento.
O moreno não tinha caído no conceito de Ning Yizhuo e isso era um problema.
Como os dias não prometiam qualquer emoção, Ningning decidiu que seria ótimo conhecer os criados do local e fortalecer o seu lado social. Quem sabe ela não acabaria esbarrando no seu futuro marido? Era uma possibilidade. Porém, seu intuito primordial se concentrava em saber mais sobre as novidades dos habitantes daquele castelo, talvez surgissem histórias que justificassem tanta frieza em torno dos gêmeos Yu. Minjeong, certamente, adoraria ouvir sobre as desavenças nítidas entre Karina e Seunghan. Os criados eram sempre discretos, eram invisíveis, por isso, eram as melhores fontes de informação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love you till kingdom come | winrina
FanficHá dois meses, a mão da princesa Kim Minjeong de Seolwon foi prometida ao príncipe Yu Seunghan de Kwangya na tentativa definitiva de selar a paz entre os reinos. E para diminuir o estranhamento entre os dois, o rei de Seolwon concorda em enviar a fi...