Capítulo 5

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"Penelope?" ele disse, ao mesmo tempo em que ela disse seu nome: "Colin?"

Ele abriu um largo sorriso e saiu do elevador, puxando-a para um daqueles abraços de urso dele "Eu não acredito que você está aqui". Penélope, no entanto, foi obrigada a ignorar seu tom urgente e colocou as mãos em seu peito, empurrando-o levemente e, assim, colocando uma distancia considerável entre eles.

Ele a encarou chocado, sem entender o que estava acontecendo. "Pen... o que foi?"

"Seu perfume... acho que vou vomitar", ela disse olhando em volta, sem perder o olhar preocupado de Colin e as malas que ele tinha em mãos.

"Vamos subir" ele pegou a mala dele, juntou com as malas dela e apertou um número no elevador. "Vai na frente, já que meu perfume está te fazendo mal. Apartamento 1012." E lhe entregou a chave.

Enquanto subia, Penélope não deixou de pensar na ironia do destino que era ficar enjoada daquele jeito com o cheiro que ela passou tantos anos amando sentir e até mesmo ansiando  por ele. Começamos bem, pequena. Mal chegamos e já estamos atrapalhando os planos do papai. Ela passou a mão pela barriga, que já estava mais arredondada, e esboçou um leve sorriso com o pensamento de chamá-lo de papai, mas logo se perdeu. Penélope entrou no apartamento e ficou feliz em saber que aquele era idêntico ao que ela tinha alugado para ficar. Assim, ela conseguiu localizar o banheiro com facilidade.

Quando saiu, depois de um tempo considerável, já estava bem melhor do estômago, mas sentindo-se infinitamente mais nervosa do que antes. Penélope acreditava que teria um tempo para chegar, relaxar e depois procurá-lo. Mas não aconteceu, então só tire isso da sua frente logo. Ela respirou fundo e voltou para a sala. Suas malas já estavam lá, mas Colin não estava por perto. Então apenas sentou-se no sofá e colocou as pernas na mesa central, soltando um gemido de alívio no processo.

"Desculpa atrapalhar seus planos, não sabia que ia viajar hoje. Pensei que ficaria mais 2 semanas aqui", ela disse assim que o viu entrar com uma xícara em mãos.

"Eu ia." Ele disse e colocou a xícara em suas mãos. "Fiz chá de gengibre pra você, acho que vai ajudar te com o enjoo."

"Muito gentil de sua parte, obrigada." Ela o encarou, intrigada. Será que ele já sabe?

"Então, você achou mesmo que poderia ficar sem falar comigo e me ignorando sem motivo?" Ele disse de uma só vez. "Estava indo pra Londres, tentar descobrir o que estava acontecendo. Mas fico muito feliz de você estar aqui, embora eu ainda não entenda o porquê."

Penélope ficou surpresa e o encarou atônita, por essa eu não esperava. Ele já deve saber, não é possível. "Acho que precisamos conversar, Colin" O sorriso dele morreu e deu lugar a uma expressão preocupada. "E não poderia ser por mensagem, ligação, facetime... nada disso. É por isso que estou aqui"

Colin acenou e sentou-se ao seu lado com expectativa. Ela estremeceu com a proximidade dele e pediu forças para não pensar com os hormônios naquele momento. No entanto, qualquer pensamento coerente foi embora quando outra onda de enjoo tomou conta dela. "Colin, por favor, fica longe. Eu não vou aguentar com esse cheiro."

Ele apenas abriu um largo sorriso e deu um beijo em sua bochecha antes de se levantar. "Vou tomar banho, acho que vai ser mais fácil pra você. Me espera, já volto." Ela não conseguiu evitar rir dele saindo correndo. Papai parece feliz. Quero ver por quanto tempo, pequena. Ela esboçou um sorriso triste e tomou metade do chá que não estava muito quente, mas estava delicioso.

Penélope olhou ao seu redor. Era um apartamento simples e pequeno, muito diferente dos padrões ingleses que ela conhecia. Olhou pela janela e tudo que podia ver eram mais prédios altos. Estava muito calor e o clima abafado. Parecia que ela ia sufocar a qualquer momento. Talvez não pelo clima, mas pela situação.

"Você está grávida." Ela o ouviu dizer com a voz rouca. Acho que isso deve facilitar as coisas, não? Quando virou o rosto na direção de sua voz, o viu todo molhado e segurando a toalha no quadril. Ela perdeu completamente o raciocínio e não conseguia deixar de olhar. Malditos hormônios, ela pensou antes de se forçar a voltar para a realidade com ele chamando-a. "Penélope!"

"Oi, desculpa." Ela fechou os olhos e balançou a cabeça, tentando aliviar a vontade súbita que lhe deu de ir até ele sem se importar com mais nada. Respirou fundo e o encarou novamente. "Sim, Colin, eu estou grávida."

"Merda." Ele sentou-se no sofá, oposto ao dela dessa vez e com os cotovelos nos joelhos, passou as mãos pelo rosto e cabelo antes de fitá-la nos olhos. "Quando você descobriu?"

"Tem quase três meses."

Colin arregalou os olhos. "Mas de quanto tempo você está?" Ele questionou depois de um tempo, ainda confuso.

"É sério que você está me perguntando isso?" Ela questionou incrédula e soltou uma risada curta e amarga. As lágrimas começaram a se acumular em seus olhos.

"Mas como eu vou saber, Pen? Eu não estava lá." Ele disse parecendo triste e Penélope congelou no lugar, como se tivesse levado uma facada no coração. Ela esperava todo tipo de reação, mas ele fingir que nada tinha acontecido entre eles, nunca passou pela mente dela. Se restava alguma dúvida de que aquilo tinha sido um erro, já não existia mais.

"Bom..." ela engoliu em seco e lutou para continuar a falar considerando o nó que formou em sua garganta, "isso acaba com qualquer questionamento que eu tenha tido. Sairei do Brasil essa semana ainda e não volto para Londres. Pode ficar tranquilo que ninguém vai saber."

Colin olhou para ela confuso e disse, num tom nervoso, enquanto a via colocar os tênis. "Mas do que é que você está falando, Penélope?"

Ela apenas o ignorou e segundos depois, já estava abrindo a porta quando o ouviu "Espera um pouco." Colin se colocou na frente dela, fechando a porta novamente. "Você está me dizendo que esse filho é meu?"

"De quem mais seria, Colin?" Ela disse com indignação. "Você acha que eu viria atrás de você para falar que estou grávida de outro? Quem você acha que eu sou?"

"Uma mulher linda e que tem uma vida além daquela que eu conheço." Ele respirou fundo quando ela lhe lançou um sorriso debochado. "Pen. A gente usou preservativo, como eu poderia imaginar isso?

"Não sei, Colin." Penélope disse com raiva, ele tirou a mala de suas mãos e a puxou de volta para o sofá.

"Por que eu só estou sabendo disso agora?" Ele questionou com a voz baixa, mas em tom acusatório.

"Ia fazer alguma diferença?" Penélope disse irritada. "Olha, Colin. Eu não espero nada de você. Minha intenção ao vir aqui foi apenas de te informar, pois achei que você tinha o direito de saber. Mas eu não vou me colocar no seu caminho. Você tem a sua vida e eu te garanto que não vai precisar interrompê-la por minha causa."

"Como se isso fosse mudar alguma coisa a essa altura do campeonato". Colin se levantou e foi para, o que ela supôs ser, o quarto, deixando-a sozinha e atônita na sala.

Penélope não sabia o que tinha acabado de acontecer, mas acabava ali. Eu não vou continuar passando por essa humilhação. Ela se levantou e pegou suas malas novamente. Tirou a única imagem que ela tinha de seu último ultrassom da bolsa ecolocou na mesa de centro antes de sair. Ela tinha um apartamento pra ficar alguns andares acima e quando entrou no elevador pensou em subir, mas em vez disso desceu. Permitiu-se chorar por tudo. Aquilo tinha sido muito pior do que ela tinha imaginado que seria. Desculpa, pequena. A gente vai ficar bem, eu prometo.

Última Noite | PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora