19

284 61 50
                                    

A sensação de estar deitado em um lugar macio e quente fez Louis bocejar e se espreguiçar, ele grunhiu quando sentiu todo o corpo relaxar e abriu os olhos.

Que lugar é esse?

Louis apoiou o tronco com os braços e olhou em volta. Ele estava sentado no meio de uma praia de areia quase branca e água cristalina, pássaros cantarolavam em algum lugar e mais ao longe Louis viu um paredão rochoso que circulava toda a praia; Louis ergueu as sobrancelhas, espantado demais para esboçar qualquer outra reação, o pavor aumentou infinitamente quando ele olhou para baixo e encontrou a barriga plana.

Suas mãos foram para a barriga e, em meio ao desespero repentino, ele tateou em volta como se assim fosse encontrar o que estava procurando. Uma brisa quente o atingiu e com ela veio um aroma doce e reconfortante, um pouco do medo foi aplacado, no entanto Louis ainda ficou de guarda e procurou alguma rota de fuga caso fosse necessário.

Louis grunhiu irritado quando percebeu que, a não ser que aprendesse a escalar, não havia saída daquela praia. O cheiro ficou mais forte e vinha da esquerda, Louis protegeu os olhos do sol e os cerrou para tentar ver melhor quem, ou o que, estava se aproximando.

Inicialmente, tudo o que ele conseguiu distinguir foi um ponto branco que ficava maior à medida que se aproximava. Louis engoliu em seco e esperou, estranhamente aquele cheiro não fez com que o ômega ligasse o alerta, mas ele não baixou a guarda mesmo assim.

— Um…lobo?— Louis franziu o cenho, um lobo de pelagem branca e maior do que o humano se aproximou, o animal parou a poucos metros, sentou na areia e encarou Louis com os olhos azuis. — Eu morri ou algo assim? Você vai me levar para o outro lado?

O lobo tombou a cabeça para o lado e continuou encarando Louis, o ômega estava se sentindo nervoso e confuso, então mordeu a bochecha e decidiu ficar quieto.

Ambos ficaram se encarando por longos minutos, apenas o assobio da brisa quente podia ser ouvido. Louis começou a mexer as mãos nervosamente e estava tentando montar os pensamentos ordenadamente para tentar fazer com que algo ali fizesse algum sentido, ele abriu a boca para falar algo, mas ficou de boca aberta quando o lobo falou primeiro.

— Como você está? — o lobo se aproximou de Louis e o cheirou com fungadas rápidas. — Você ficou muito ferido?

A voz do lobo era jovem e calma, Louis ficou paralisado no lugar e evitou até mesmo respirar quando o focinho gelado do lobo passou por sua bochecha.

— Eu estou morto? — a voz de Louis saiu pequena e tímida, ele mexeu o nariz para afastar a sensação de coceira causada pela pelagem do lobo e fitou os olhos azuis gélidos.

— Não, por que estaria? — o lobo se afastou poucos passos quando terminou a vistoria em Louis e sentou de novo. — Me chamo Frey, finalmente nos encontramos.

Louis fez uma careta e cerrou os olhos. — Finalmente?

O lobo, ou melhor, Frey, passou a língua rosada pelo focinho e deitou na areia. — Nós temos muito o que conversar, é claro. Por onde gostaria de começar?

O humano encarou o lobo, com o animal deitado ele ficava um pouco menor que Louis.

— Hum…quem é você exatamente?

O lobo parou por um momento, pensando nas próximas palavras e então explicou: — Eu faço parte de você, Louis.

— Okay, eu estou morto. — Louis virou de costas para o lobo e ergueu as mãos como se tivesse acabado de aceitar que estava morto. Ele estava certo de que aquilo só poderia ser um devaneio da passagem entre a vida e a morte; como diabos ele poderia estar conversando com um lobo falante?

Entre lobos e zumbis- larry [A.B.O]Onde histórias criam vida. Descubra agora