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Capítulo curtinho, mas é para comemorar a marca de 100 votos! Muito obrigada e estou muito feliz que estão gostando <3
Obs: os próximos capítulos serão maiores já que a história saiu da parte mais introdutória.

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A cafeteria estava movimentada desde que foi aberta, mini bandeiras decoravam todas as mesas e faixas brancas, azuis e vermelhas preenchiam o teto de ponta a ponta. Mary teve um imprevisto e deixou a cafeteria para Louis administrar o que resultou nele correndo desde que acordou e em um mau humor escondido sob seu belo sorriso de vendedor.

— Em uma hora é o seu intervalo, Louis. — Leon, um beta e um dos poucos moradores da vizinhança que não tratava Louis como se ele tivesse uma doença contagiosa, disse enquanto entrava com uma bandeja cheia de copos e pratos sujos.— Você tenta esconder, mas está na cara que hoje não é seu dia.

— Poxa, achei que estava fingindo bem. — Louis debochou no meio de uma leve pontada de dor na têmpora.

O beta revirou os olhos e voltou ao trabalho. Como Louis ficou responsável pelo caixa ele conseguiu ficar sentado a maior parte do tempo, mas mesmo assim o cansaço não deu trégua. Talvez fosse hora de trocar o colchão, ele deixaria essa tarefa para Harry quando o alfa voltasse de viagem.

Quando não tinha clientes para atender ele ficava atento ao desfile na televisão da cafeteria, se desse sorte poderia ver o seu alfa lindamente fardado e sério, mas ao meio dia a cafeteria estava lotada e os pedidos não paravam de sair, o horário de almoço teria que ficar para mais tarde e Louis suspirou aborrecido.

Após terminar de atender um grupo de jovens ele trocou de lugar com Sarah, uma garçonete contratada temporariamente, e foi até a área do estoque com uma prancheta com o que estava faltando na cozinha. O pequeno estoque foi construído no porão da cafeteria e as escadas ficavam do lado externo, Louis desceu as escadas enquanto assoviava e empurrou a porta com o ombro.

Sozinho, ele tirou o avental com um suspiro cansado e se espreguiçou e gemeu vergonhosamente pelos músculos doloridos. Ele sentou em uma banqueta e deu uma olhada no celular, ao ler a mensagem do alfa pela décima vez no dia ele deu um sorriso bobo.

"Bom dia, amor, estou com saudades, mal posso esperar para comer sua macarronada de novo."

Louis riu com a mensagem como se estivesse lendo pela primeira vez, o alfa nunca iria esquecer quando ficou fora por um longo período e ômega o recepcionou com uma macarronada de procedência duvidosa. O ômega estava todo sorrisos se gabando por ter aprendido a cozinhar, até que Harry encontrou o pacote da entrega no lixo da cozinha. Louis mordeu o lábio inferior e leu a última mensagem.

"Estou brincando, te amo, meu lobinho, se cuida, não coma muita besteira e não se esqueça de pagar as contas."

As mensagens foram enviadas muito cedo quando Louis ainda estava dormindo, o que significava que Harry as enviou antes de sair para o trabalho. Louis respondeu assim que acordou, com a bochecha babada e os olhos turvos de sono, o alfa provavelmente só as veria quando o dia terminasse.

Ele rolou para as mensagens que Harry o enviou alguns dias atrás e seu sorriso caiu um pouco. Harry disse que não podia explicar detalhadamente, mas contou sobre um possível vírus que poderia estourar na Europa e pediu para que Louis checasse se todas as suas vacinas estavam em dia e que tomasse cuidado. Louis não conseguiu evitar o arrepio ao se lembrar da notícia que passou na televisão e esfregou os braços para espantar o calafrio.

Ele colocou o celular de volta no bolso do jeans com o coração pesado de preocupação e saudade e, mesmo querendo ficar sentado ali por mais tempo, ele não poderia demorar muito, o salão estava cheio de clientes e Leon estava quase arrancando os cabelos tendo que orientar os novos funcionários e preparar os pedidos. Louis caminhou entre as prateleiras com uma cesta apoiada no braço e colocou o que precisava ali, com a cesta cheia e pesada ele usou as duas mãos para aguentar o peso e praguejou quando se desequilibrou para trancar a porta.

De volta a cafeteria, ele deixou os produtos na cozinha e sentiu o suor escorrendo na têmpora, o dia estava mais quente e abafado do que o normal, o ômega só poderia torcer por uma chuva no fim da tarde.

— Estamos sem calda! — Rick, o barista, gritou pela porta da cozinha.

— Não tinha calda na lista. — murmurou, ele fechou os olhos e suspirou. Estava tudo bem, erros são normais. Ele se virou para voltar ao galpão e viu de relance pela televisão que o desfile ainda estava acontecendo, ainda dava tempo de ver o discurso e talvez ver Harry no meio do grupo tático de segurança.

Dessa vez ele desceu as escadas com mais disposição e nem mesmo se importou de ter que carregar o balde de seis litros de calda sozinho. Ele andou pelos corredores e demorou para encontrar o que precisava, quando as festividades acabassem ele teria que organizar o estoque de novo.

— Louis, que demora é essa? — a voz de Leon soou do lado de fora e o beta estava na porta com um olhar impaciente.

— Eu estou proc-achei! — finalmente com o balde em mãos ele caminhou até a porta com um sorriso de orelha a orelha, o beta revirou os olhos e pegou o balde de Louis e sinalizou para que o ômega trancasse a porta. Quando ele virou para ir embora, ele deu de cara com as costas do beta e praguejou, Leon não parecia ouvir e Louis o olhou confuso.

Ao olhar em volta ele entendeu o colega, até agora estava um sol de queimar os olhos, porquê em questão de minutos o céu estava escuro? Uma ventania forte surgiu de repente e ele teve que cobrir os olhos.

— Volta pro depósito. — Leon largou o balde no chão, sem se importar com a bagunça de calda de caramelo grudando na sola do tênis e empurrou Louis para a porta; Louis estava confuso, mas conseguiu destrancar a porta na segunda tentativa, antes de ser empurrado para dentro ele olhou para o céu e ofegou.

Centenas de pontos brilhantes caiam em direção a terra, o céu escuro foi iluminado por esses pontos que se aproximavam em alta velocidade e foram seguidos por sons de explosões consecutivas. Antes que as pessoas pudessem reagir os meteoros destruíram tudo que atingiram, algumas pessoas saíram correndo, gritos de desespero foram afogados pelos sons de mais meteoros caindo do céu e das explosões quando atingiam o solo. A chuva de meteoros durou cerca de dez minutos, mas foi o suficiente para jogar o mundo no caos.

Em meio a isso, Louis estava no depósito encolhido dentro de um armário com a cabeça escondida entre os joelhos, seu coração estava batendo tão rápido que ele podia sentí-lo retumbando nos tímpanos. As explosões foram ensurdecedoras, e ele podia sentir o chão tremendo e o barulho de ferro sendo retorcido. Ele nunca foi alguém religioso, mas naquele momento ele estava rezando para todas as entidades que uma vez ouviu falar.

Tudo que ele conseguia ouvir era o som de destruição, ele gritou assustado quando os estrondos estavam perto demais; ele não se atreveu a olhar para fora então tudo que lhe restou foi a escuridão do esconderijo em que estava. Felizmente o canto em que Louis escolheu em meio ao desespeeo ainda era seguro; mas isso não impediu que ele se preocupasse com Leon, o beta não coube no pequeno armário em que Louis estava, então ele foi se esconder no armário do lado e mesmo que Louis berrasse o nome do colega até que sentisse o gosto metálico de sangue na garganta, sua voz se perderia nos sons dos meteoros caindo.

No entanto, no meio da chuva de meteoros algo estranho aconteceu, a humanidade foi atingida por uma sonolência sem controle, pessoas que fugiam caíram nas ruas desacordadas, Louis ainda estava com a cabeça escondida nos joelhos e coçou os olhos com força, mas o ômega foi incapaz de manter os olhos abertos e nem mesmo o medo e a destruição do lado de fora mantiveram o ômega acordado.

E, após o que pareceu ser uma eternidade, os sons de explosões pararam e o mundo caiu em silêncio. Apenas os sons das chamas eram ouvidas, pelas ruas era possível ver as pessoas caídas em um sono profundo e sem sonhos; se alguém estivesse acordado e fosse corajoso o suficiente poderia ver que os meteoros não tinham o aspecto rochoso comum dessas rochas espaciais, das fissuras nos meteoros era possível ver que um gás esverdeado se esvazia lentamente misturando ao ar, as nuvens no céu ainda estavam cinzas, o brilho roxo de trovões era um sinal de que uma tempestade se aproximava.

Logo o fogo que assolava a terra após a destruição foi substituído pela chuva, a cena era até irônica, as gotas finas e suaves eram um contraste com o céu escuro e o caos silencioso que se instalara no planeta.

Era o início do apocalipse.

Entre lobos e zumbis- larry [A.B.O]Onde histórias criam vida. Descubra agora