TRÊS - Ellie

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- Depois, como sempre, limpei o rosto e continuei.
Desconhecido

Capítulo três - Lar, Doce Lar

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Capítulo três - Lar, Doce Lar

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O apartamento onde seria minha nova casa ficava em uma rua pouco conhecida de Barcelona. Miguel havia me contado a algum tempo que era um lugar pouco frequentado e que a movimentação era quase mínima, que eu gostaria daqui por ser um lugar calmo e silencioso.

Acontece que a rua na qual fui atacada anos atrás também era calma e silenciosa, principalmente nos horários da noite, e aquele simples fato não me passou despercebido por um minuto sequer, o que me deixou nervosa. No dia, porém, quis muito que meu irmão estivesse certo sobre mim.

Se concentre Ellie, aqui não é Cadaqués.

Respiro bem fundo e observo o edifício em minha frente, focando em seus detalhes enquanto sinto o vento gelado tocar meus cabelos. O lugar onde eu moraria possuía de seis a sete andares, as paredes eram de tijolos vermelhos com algumas rachaduras e as janelas de madeira escura estavam gastas, na frente um enorme salgueiro decorava a fachada limpa e uma entrada para o estacionamento estava a direita.

Pouco eu conhecia sobre Barcelona, mas só o que vi pelo passeio de carro pude notar que isso aqui não era nem um pouco comparado aos outros lugares da cidade, e se fosse, com certeza declarariam o prédio como decadente e esfarrapado. No entanto, apesar de tudo e para minha surpresa, eu havia gostado.

Não era pequeno mas também nada muito grande e exagerado ou chamativo. Era só o suficiente para eu não me sentir presa e nem solta demais.

Tinha a cara de um lugar onde eu poderia ser feliz.

- É bom te ver, Miguel. - a voz de papai me tira dos devaneios e então estou de volta a realidade, em pé a alguns passos de distância do meu irmão e seu amigo, Nix parado ao meu lado, meu pai olhando orgulhosamente para o filho.

Observo a cena um tanto receosa e imediatamente sou recebida com uma estranha sensação no peito. Algo tão normal e comum que eles estavam fazendo, mas que para mim tinha um peso tão grande e significativo.

Eu sentia saudades de simplesmente abraçar minha família, afundar o rosto nas suas blusas, aperta-los até não aguentar mais e sentir os seus cheiros tão familiares, mas o simples pensamento de ter alguém perto de mim novamente, tocando minha pele ou simplesmente parado ao meu lado me tirava o juízo e me fazia pirar, sufocar e querer gritar.

Era estranho, eu sei, mas são apenas as consequências do meu ataque. Eu não conseguia mais lidar com as pessoas.

- O senhor poderia ter aparecido mais. - Miguel sorri e aperta o ombro do mais velho, que imediatamente trava seu sorriso.

Inefável | Pablo TorreOnde histórias criam vida. Descubra agora