Capítulo Dois

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SEXTA-FEIRA

8:10m DA MANHÃ

De pé, em frente ao assento emadeirado na primeira fileira. Observava o padre Bieber sendo apresentado oficialmente por um arcebispo a Catedral. Ele assumiu seu lugar detrás do púlpito, dando início a uma apresentação agradável e irreverente.

Assim como o padre Oliver, citou princípios matrimoniais. No entanto, fora mais objetivo. Não quero que pense que acho-me o centro da terra, mas foi como se ele tivesse dito aquelas palavras embasadas em tudo que lhe contei na segunda-feira, sabe?! Sobre Dexter e eu. Talvez, nem seja isso, e mesmo se não for, queria muito que meu marido estivesse aqui, para que pudesse perceber o quão errado é a maneira que tem tratando-me ultimamente.

Durante a semana, quando o Dexter finalmente retornou de Seattle. Conversamos sobre nosso relacionamento. Ele disse que me ama e prometeu melhorar. Prometeu.

Passamos a semana inteira sem exaltar nossos ânimos, e ele também não agrediu-me por nenhuma vez. Estava sendo o Dex que eu conheci a um ano atrás. E continuou durante as duas semanas que se seguiram.

(...)

Era mais uma tarde fria em Londres. Apanhei meu sobretudo marrom. Vestindo-me com o mesmo. Pousei a bolsa sobre o ombro e segui para fora do quarto.

Assim que sair de dentro da casa, senti o sopro gélido do vento. Esfreguei os braços, com o intuito de aquecê-los. Arrependi-me instantaneamente de não ter apanhado luvas para aquecer as mãos. Mas não queria retornar ao cômodo. O motorista retirou o meu carro da garagem, entregando-me as chaves.

Estacionei em uma vaga. Desci do veículo, e em alguns instantes eu estava subindo os degraus da Catedral. Antes mesmo que eu abrisse a porta, escutei o coro das crianças. Adentrei, tentando fechar a porta novamente sem atrair atenções. Felizmente conseguir. Me benzi.

Aproximei-me sorrindo encantada, observando as crianças do coral cantando uma canção já conhecida, mas cantada de maneira diferente. Quero dizer, a letra da música é a mesma, no entanto tudo mudou.

O padre estava regendo o coro, como um professor de música. E de fato, ele parecia ser. Sentei-me em um banco distante do altar, apenas observando.

––– Beth, tenha a bondade de continuar. ––– escutei ele pedir a uma garota que estava na segunda fileira de crianças.

––– Sim, padre Bieber.

Ela saiu do seu lugar, e ele entregou as batutas em suas mãos. Ela começou a reger o coral. Ele virou-se para trás, logo deslocando-se em minha direção. Levantei-me.

––– Benção, padre.

––– Deus lhe abençoe, minha filha.

––– O senhor me viu aqui?

––– Fala de quando estava tentando fechar a porta sem fazer barulho? ––– falou em tom divertido. Eu ri.

––– Desculpe-me, padre. Não foi minha intenção atrapalhar.

––– Não atrapalhou, senhora Heinzenn. Sente-se, por favor. ––– apontou para o banco, o fiz. Ele sentou-se ao meu lado. Não muito próximo, mas o suficiente para o meu olfato captar o seu agradável cheiro de canela.

––– Eu nunca havia escutado essa música, dessa maneira. ––– falei com os olhos fixados ao altar. ––– Não sabia que o Sr. Godofredo sabia fazer arranjos tão diferentes da versão original.

––– Eu fiz os arranjos. ––– o olhei surpresa. ––– O senhor Godofredo não faz mais parte do coro, ele aposentou-se, disse que precisa de férias. ––– riu pensativo. ––– Carrancudo, mas um bom homem o senhor Godofredo.

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