CAPÍTULO TRÊS
CONTINENTALALICE'S POINT OF VIEW
19 de maio de 2017
Hotel Continental, Nova YorkQUANDO RECEBI uma mensagem de Tarasov, me dizendo que Wick provavelmente estaria no Hotel Continental nessa noite de sábado, soltei uma risada, quase lhe agredecendo pelo óbvio.
Eu passei os três últimos dias estudando a vida de John Wick. E tinha descoberto mais coisas do que esperava, incluindo seu envolvimento com a Ruska Roma. E certamente, sabia de sua suposta presença no Continental hoje a noite.
Afinal, também havia procurado por pessoas próximas dele (embora não sejam muitas).
Talvez fosse um tiro no escuro, mas eu não tinha nada a perder. Acabaria por beber algumas de qualquer maneira.
Mas, mesmo que fosse apenas uma possibilidade encontrá-lo, eu tinha que estar preparada para começar com isso. Então, escolhi um longo vestido preto de frente única, que exibia as partes certas do meu corpo, não me vulgarizando, mas me deixando atraente o suficiente para aquela ocasião. Decidi marcar meus olhos com uma maquiagem leve.
Pronta para a batalha.
Quando o sinal abriu, dirigi até o estacionamento do Hotel, embora, não fosse me hospedar. Apenas o bar era de meu interesse naquela noite. Ou uma pessoa no bar.
Estacionei no lugar que sempre costumava estacionar. Era engraçado como Winston reservava, me perguntava se ele fazia isso até os dias de hoje. Improvável, era só sorte mesmo.
Olhei meu reflexo no retrovisor interno, ajeitando meu cabelo e me lançando um sorriso convincente. Até eu me seduziria hoje.
Assim que entrei no hotel, fui recebida com um saudoso cumprimento por Charon, que logo me conduziu ao bar. Depositei uma moeda de ouro do Continental e logo a porta foi aberta. Assim que entrei no bar, senti uma onda de nostalgia me invadir, e um vislumbre das possíveis noites mais divertidas que já tive. Guardava momentos bons aqui, o Continental nunca fora um lugar negativo para mim.
Muitos me olharam surpresos, perguntando por onde estive. E muitos também me olharam com pena, me desejando suas condolências. Eu imaginava que isso aconteceria, mas ainda não sabia lidar com tudo isso. Era muito novo e recente, e talvez com o tempo eu aprendesse.
Mas ouvir palavras de esperança, ou frases de superação tão genéricas, me irritava. Não sabiam como me sentia, e se colocar no meu lugar me parecia egoísta.
Apesar disso tudo, eu não vim aqui para me sentir emocionada, ou ficar corroendo minha saudade. Vim a trabalho, e deveria focar. Iria focar.
── Alice? ── Uma voz me chamou, e eu senti um sorriso se abrir de imediato em meu rosto.
Assim que virei, ele estava em minha frente. Winston, com aquele sorriso ávido, que me confortava como nunca. Algo saudoso apertou em meu peito, e mesmo que não fosse meu plano, não contive o abraço apertado dele.
Winston era um grande amigo do meu pai. Ele me viu crescer, viu minha família se formar. Era como parte dela, na verdade. E tê-lo tão perto após tanto tempo era inigualável, algo como um refresco de toda a melancolia guardada pelo meu pai.
Tê-lo perto era como ter Antônio perto novamente.
── Winston! quanto tempo. ── Me separei do abraço, olhando mais uma vez em seu rosto. O mesmo sorriso permanecia.
── É bom te ver de novo, querida.
O senhor me levou para uma parte mais calma do bar, onde a iluminação era apenas amarelada, tornando o ambiente mais confortável. Me sentei numa poltrona, enquanto ele, no estofado vermelho sangue em minha frente. Me serviu com um copo de Whisky, e bebericou do outro que já estava ali, provavelmente sendo o que já bebia.
Beberiquei do meu copo, sentindo o queimar escorregar pela minha garganta.
── Como você está? ── Ele perguntou, abaixando o olhar e seu tom de voz.
Soltei um suspiro, abrindo um sorriso leve e fadigado. Por mais que fosse a vigésima pessoa que me perguntava aquilo naquela noite, parecia ser a única que realmente se importava.
── Eu estou bem... ── Seu olhar não me permitia mentir. E eu odiava isso. ── Eu... estou me acostumando. É tão novo e estranho, tudo parece um pouco... surreal ainda.
Ele suspirou, assentindo. Envolveu minhas mãos com as suas, e se inclinou para frente.
── Também sinto a falta dele. Antônio foi um grande amigo, acima de tudo. Mas vocês vão ficar bem. Você vai ficar bem.
Abri um sorriso leve, assentindo e agradecendo. Segurando com todas as minhas forças lágrimas que teimavam nascer no canto dos meus olhos.
Winston me devolvia o conforto e a familiaridade de sempre, até que, por algum motivo seu olhar desviou do meu, e iniciou um encarar atrás de mim. Mas o sorriso permaneceu, apenas pareceu mais surpreso.
Até que ele disse um nome que me despertou daquela melancolia toda. E eu finalmente relembrei o motivo de estar aqui.
── Jonathan.
Quando olhei para trás, ele já me encarava, e por minha surpresa, nenhum de nós dois quebramos isso. Mas Winston sim.
── Essa é Alice, Alice de Noronha. Uma grande amiga. ── Sorri leve para Winston, antes de voltar meu olhar ao homem atrás de mim.
── Eu imaginei. ── Ergueu a mão, e coloquei a minha sobre a sua. Ele depositou um selar nela. ── Sou Jonathan, Jonathan Wick.
── Eu imaginei. ── Sorri, recebendo o mesmo.
Wick se sentou ao meu lado. Eu sabia de sua beleza, pelas fotos era evidente. Mas por Deus, pessoalmente ele era mais ainda, seu cheiro era forte e apossava todos ao seu redor.
Era realmente uma pena que em algum tempo aquele rostinho tão bonito estaria numa estante.
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WICKED GAME | JOHN WICK
عاطفيةNO MUNDO DO CRIME existiam duas pessoas quais todos temiam. Dois nomes, que quando citados, ninguém ao menos ousava contrariar. Esses eram John Wick e Alice de Noronha, os assassinos mais temidos e requisitados. Em férias com sua família no Brasil...