XII

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Tradução da capa: Querido Irmão.

[...]

Acordo em um lugar que me parece um hospital, tudo branco e alguém dormindo de costas em um sofá cama azul claro. Meu braço está com dois equipo, um de soro e outro de sangue. E me encontro em  uma camisola hospitalar.

Olho ao redor tentando me lembrar como vim parar aqui, e que dia é. Não tem ninguém por perto e a pessoa no sofá que me parece ser Lorenzo começa a se mexer.

-Ei! Acorda- Solto um gemido de dor quando assim que falei meu rosto inteiro latejou.

-Por Deus! finalmente você acordou- Diz vindo até mim. - Cheguei a pensar que iria ficar dormindo para sempre.

-Está insinuando que pensava que eu ia morrer ou ficar em coma para sempre?- questiono devagar.

-Estava em dúvida entre os dois, ainda bem que o seu destino não seguiu a minha linha de raciocínio.

Ainda bem mesmo.

-Você estava dormindo há quatro dias, seu pai veio te ver, Fran e seu irmão também.- Ele diz me encarando com o olhar pesado. Deve estar constrangido por não poder adicionar o nome da minha mãe na sua lista de visitantes.

Perguntei como Chesca estava e se estava se dando bem novamente com os pais, ele disse que sim e fiquei aliviada. Me contou que Ícaro ficou dormindo todas as noites aqui, Chesca precisou viajar com o pai no segundo dia de coma, meu pai só veio um dia. Enzo ficou para não parecer que sou uma solitária sem familia.

Lorenzo e eu somos amigos desde criança, quando eu voltada para casa nas férias; passavamos semanas brincando sem parar. Nos acostumamos com presença um do outro, podemos ficar perto um do outro sem dizer uma palavra por horas ou falar sem parar. Como eu ele é formado em arquitetura, trabalha por diversão, sendo que com todo o dinheiro da familia poderia viver por anos sem trabalhar e mesmo assim iria sobrar dinheiro para sua próxima geração

Ele me contou sobre o que fez nesses últimos anos, planejou a reforma de um museu perto do centro e agora está trabalhando com esculturas. Sua mãe foi morar na Inglaterra longe de seu pai, segundo ele não dava mais certo.

Mencionou algo sobre Francis mas não dei atenção, perguntei o que tinha acontecido comigo. Ele explicou.

-Seu dedo já era, a perna está estável mas o corte foi fundo, você teve uma concussão forte mas não foi por isso que você ficou inconsciente esse tempo todo, o caso foi que você perdeu muito sangue e acabou demorando a reagir a transfusão.

Ele estava evitando as minhas perguntas sobre o que aconteceu para eu chegar aqui, eu lembro que eu cara arrancou meu dedo. Apenas quero saber quem me encontrou, até porque já sei quem está por trás disso.

Decidi perguntar mais tarde, sendo que ele não para de falar de quantos jornais com palavras cruzadas ele já completou enquanto estava aqui.

-Até me sinto mais inteligente.- Se gaba me mostrando os jornais.

Passamos o dia conversando e quando chegou a noite Ícaro apareceu.

-Não acredito que você acordou, finalmente! - ele caminha até mim tentando me abraçar com cuidado.

-Como você está se sentindo?- Pergunta ansioso.

-Estou melhorando, não se preocupe.- Seus ombros relaxam e se senta colocando minha perna sã no seu colo.

-Vim dormir aqui todas as noites, fiquei muito preocupado assim que Lorenzo ligou para casa e nos deu a notícia, mamãe disse que você tinha ido dar uma volta pela cidade, fiquei te esperando mas você nunca chegou.- desabafa.

-Ei, está tudo bem agora, eu vou ficar legal não se preocupe -Tento passar algumas palavras de conforto, Ícaro sempre foi muito sensível perto de mim e adoro ele por isso.

Ao decorrer da noite ele me ajudou a jantar e me colocar para dormir, ficou relembrando de algumas histórias de quando éramos crianças enquanto me consolava pela minha situação. Em nenhum momento ele citou Hera, talvez ele não saiba ainda e nem pretendo contar, não quero que ele saiba da minha relação no momento com ela, para ele ela está muito feliz que eu voltei e vamos ser uma família denovo. Para Ícaro minha relação com a nossa mãe nunca foi anormal.

Parece que  ninguém da família nota nada, ou será tudo frutos da minha imaginação.

Sinto que não devo preocupa-lo com isso, ele sempre se deu muito bem com a nossa mãe e não quero ficar me metendo entre eles. Tudo que acontece com Ícaro eu me sinto responsável, talvez isso seja um instinto de irmã mais velha.

Ele me contou que estava ajudando Hera quando fui embora, e acrescentou que ela ficou muito abatida com todo esse drama, mas o importante é que eu voltei para o lugar que eu nunca deveria ter saído, segundo ele.

Explicou que nosso pai está ocupado resolvendo algo no stúdio, alguma coisa assim. E rapidamente começou a falar sobre Madrid como é maravilhoso morar lá, e que estava muito feliz estudando négocios para ter um espaço na familia. Ícaro não pode assumir como Don; só se eu morrer, somente o primogênito pode ocupar esse cargo e pela infelicidade de Hera eu não sou um homem. 

Digo a ele que senti muito sua falta e me sinto mal ter causado qualquer tipo de sentimento ruim nele, não foi opcional essa última.

Ele não me perguntou o que tinha acontecido, achei meio estranho mas não quis falar sobre isso com ele.

Fiquei muito contente em ver e falar com ele novamente. Talvez o único da familia que possa se salvar.

Guardo meus pensamentos para mim mesma e deixo ele dormir.
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-Olá pessoal! Espero que tenham gostado do cap

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Olá pessoal! Espero que tenham gostado do cap.

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