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Ravka, Keramzim, Orfanato

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Ravka, Keramzim, Orfanato.
Verão

Já estávamos na última criança e ainda nenhum sinal das ondas de calor que senti mais cedo. Tentei me convencer de que foi apenas uma memória me atingindo ou a criança infernal que encontramos, mas não adiantou muito; logo estava indo atrás das ondas de calor novamente.

Durante aqueles poucos instantes em que senti as ondas de calor, eu pude jurar que vi minha filha: suas bochechas gorduchas, sua paixão por cabelos, suas mãozinhas espertas, suas gaitadas noturnas que me faziam rir mesmo se estivesse exausta e seus olhos...

— Por que essas duas crianças não fizeram o teste? — perguntei, apontando para a lista.

— Malyen está com a mão machucada e Alyna... também machucou a mão.

— Tem atestado? — perguntei, e a senhora me entregou um papel, o atestado de Malyen Oretsev. Respirei fundo e a encarei. — Não vou contar a ninguém que mentiu para mim, mas que não se repita.

Saí dali antes mesmo que ela falasse algo. Voltei para o campo de mais cedo; as ondas pareciam estar mais rápidas e isso me deu a direção certa em apenas alguns segundos.

Para minha surpresa, havia duas crianças de mãos dadas em meio ao campo, deitadas e olhando para o céu. O susto que eles levaram quando apareci em seu campo de visão foi algo memorável.

— Uau! — o garoto sussurrou com os olhos arregalados. Após se recuperar do susto, os fios platinados não são comuns, então apenas ignorei a reação dele.

— Já fizeram o teste? — perguntei, sabendo que os dois não haviam nem chegado perto do local onde estávamos.

— S-sim! — a garota com traços shu falou. Neguei com um aceno de cabeça, os repreendendo, e me afastei uns dois passos para trás.

— De pé, por favor — pedi, e os dois obedeceram prontamente. — São Alina Starkov e Malyen Oretsev?

— Não — Alina disse, mas Maly disse que sim, irritando a garota.

— É feio mentir, sabia? — perguntei, colocando minhas duas mãos para trás. Aquela velha mente ensina as crianças a mentirem também... — Você, mocinha, deve fazer o teste e Malyen vai esperar até que o pulso esteja melhor para fazê-lo.

— Não queremos nos separar — Maly disse com os olhos carregados de medo e desespero.

— Malyen, você entende que se um de vocês for grisha, continuar aqui pode ser muito perigoso? — perguntei, e o garoto estufou o peito.

— Eu protejo a Alina! — ele disse, e eu ri, encostando a mão em seu ombro. As ondas não vinham dele, mas consegui sentir um calor estranho correndo por suas veias.

Talvez no próximo teste ele pudesse ser descoberto como um Infernal, mas de qualquer forma vou arrumar um jeito de me manter informada sobre esse garoto; o calor estranho me lembrava o do túmulo da irmã de Baghra.

Lights and Shadows- A.Morozova(Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora