SOLANA"Solana, o café tá pronto!" ouço meu pai me chamar, me fazendo levantar da cama e ir pra cozinha. "Você não se trocou ainda? Quer chegar atrasada?" Ele pergunta, transitando na cozinha.
"Eu vou me vestir, pai. Ninguém vai chegar atrasada." Digo, montando meu café e me sentando pra comer, vendo seu olhar desconfiado pra mim. "Você não vai comer?" digo, me fazendo de desentendida e o vendo rir de leve, fazendo seu prato e comendo junto a mim.
"Qual os planos de hoje?" Ele pergunta enquanto come seu café, me vendo encará-lo confusa e risonha.
"Escola? Trabalho? Teatro? Coisas de sempre?" Digo, confusa com sua pergunta, enquanto como meu café.
"Então você volta mais tarde hoje?" Ele pergunta, me vendo concordam com a cabeça. "Você nunca me falou como tá sendo fazer teatro. Você tá gostando?"
"Tá sendo legal, a gente faz atividades práticas, aprende sobre umas pessoas, é um lugar bem diferente do que tô acostumada." Digo e ele me encara com um leve sorriso.
"Isso é bom, sua mãe ia ficar orgulhosa." Ele diz sorrindo e pra não deixar ele no vácuo, dou um sorriso de volta.
Ainda não quero falar sobre isso.
"Hoje vai ser chinesa, tudo bem?" Ele me pergunta e eu, fanática por comida chinesa, apenas concordo empolgada. "Minha garota!" Ele diz piscando o olho de um jeito bem de pai e brega. "Vou indo, qualquer coisa me liga. Tenha um bom dia, meu amor!" Meu pai diz, terminando de lavar sua louça e pegando suas coisas na mesa.
"O senhor também, pai. Te amo." Digo, terminando minha comida.
"Te amo, chica!" Ele diz, beijando minha cabeça e falando o apelido que me deu desde a infância, saindo pela porta logo em seguida.
Termino de comer e lavo a minha louça e, logo em seguida, começo a me arrumar pra escola.
Essa merda é um saco.
Não é que eu não goste da escola, eu não curto as pessoas de lá. Não tenho tempo pra toda essa merda.
Enquanto Lyte as a Rock da Mc Lyte tocava no fundo, terminava de me arrumar.
Pra mim, Mc Lyte era o que muita gente queria ser e não conseguia. Muitos manos inclusive. O flow, sem contar a canetada a cada música. Ela tinha acabado de chegar na cena e já aniquilava todo mundo.Termino de arrumar e pego minhas coisas e, logo após, desço pra sala, saindo pela porta.
...
O sinal já tinha tocado a alguns minutos e todas as salas estavam vazias em comparação ao refeitório lotado de gente. Vou pra fila com a minha bandeja, esperando ter algo bom hoje.
Até que enfim, eu tô na maior fome.
A aula de história era minha favorita, mas era muito desgastante. Express Yourself do N.W.A tocava do lado de fora num toca fitas boombox, com algumas pessoas em volta. Procuro pelas meninas, mas elas ainda não estavam aqui.
"E aí, Sol?" ouço alguém me chamar e quando me viro percebo que é Kastro, que recebe um olhar desconfiado meu. "Qual foi, garota? Por que você tá me olhando assim?"
"O que você quer, Kastro?" Pergunto, pegando a comida e colocando na minha bandeja, enquanto ele vinha do meu lado e algumas pessoas reclamavam por ele furar a fila.
"Qual foi, Sol. A gente é parceiro. Não é só porque eu tô aqui que eu vim te pedir algo. Não necessariamente." Ele diz, sussurrando a última parte e me fazendo encará-lo de lado. "Tá bom, ia te pedir algo, mas você não tem que fazer nada." O encaro confusa, sem saber o que esperar dele.
"Fala logo, porque eu preciso comer." Digo terminando de pegar minha comida e, agora, indo pra uma mesa qualquer.
"Tá de boa, pode comer. Não tem problema." Ele diz e senta comigo na mesa, vendo eu encará-lo incrédula.
Ele não devia tá por aí com os amigos dele?
"Então, cê tá ligada que a festa da Ash é daqui umas semanas e eu queria dar alguma coisa pra ela, mas eu não sei muito do que ela gosta e pá. Daí, eu queria te pedir ajuda com isso." Ele diz e vejo ele ficar um pouco tímido enquanto fala, o que me faz querer rir já que ele é o oposto disso.
" 'Cê quer saber do que ela gosta?" Digo, enquanto como minha comida e o encaro risonha.
"É, mas não só isso. Preciso da sua ajuda pra escolher alguma coisa que ela realmente goste, tá ligada?" Ele diz, gesticulando e esperando uma resposta minha, enquanto eu o analisava por alguns segundos. "Garota, manda o papo!"
"Tá bom, tá bom. Mas precisa ser numa quarta ou sexta, por causa do teatro e uns bagulho." Digo, terminando minha comida e me levantando pra deixar minha bandeja em cima do balcão.
"Que bagulho?" Ele pergunta e me viro o encarando chocada pela segunda vez, o vendo levantar as mãos. "Tá suave. Valeu, Sol. Te aviso em um desses dias." Ele diz com um sorriso e se afastando.
"Aí, sabe onde tá a Ash e as meninas?" Pergunto, vendo ele se virar em minha direcão.
"Não. Eu tinha combinado com a Ashley de se encontrar na hora que o sinal bateu, mas nada até agora." Ele diz e, assim que me viu confirmar, foi embora dali.
Aonde essas vagabundas estão?
Decido ir lá pra fora, e ver se elas estão lá. Procuro por alguns minutos e não as encontro, mas vejo uma pequena multidão em uma mesa perto do corredor e ao me aproximar percebo que era uma batalha. De um lado, tinha um menino com Hi-top fade e do outro, um com black mediano. O pessoal ao redor ria e gritava com as rimas que eram feitas. Eles tavam dando tudo de si.
"Passe o microfone, sou o caos perfeito. Jóias e tudo mais, minhas roupas são tudo isso. Idiotas pisando em mim, foi aí que eles erraram feio! Rápido para sufocar, um filho da puta liso. Disfarçado, juro por Deus, estou acima de você. Meu flow, mais solto que o Luther. Palavras que você se acostuma, mas nunca escuta. Você perde tempo, nunca tem uma conduta. Nessa disputa, ela é torta igual a porra da sua peruca." O mano de black rima e faz as pessoas rirem e gritarem ao mesmo tempo, mas o outro cara não expressou nada.
Chego mais perto pra poder ver, já que dá onde eu estava não dava pra ver muita coisa. E foi aí que percebi.
"Ai, você deve tá brincando se jura que vai me derrotar, não. Sua rima é tão fraca que faz mal pra saúde. Sei que você é um mano confiante, mas não se engane não. Meu microfone é uma arma, minha rima mata sua alma rude. Não tô me gabando, sou tão bom que roubei sua garota. Ela veio até mim, me pediu pra tirar a roupa. Não faz sentido ir contra mim, você sabe como é, como foi, sabe que se tentar, não adianta, porque daí você será. Você ainda acha que pode me vencer, fica ligado, porque eu nunca serei derrotado." Vejo Tupac rimar com todo o seu fôlego e ouço os gritos em dobro quando ele acaba a rima.
Algumas pessoas o agarram e sacudiram, enquanto ele ria de toda a comoção e eu ainda tentava entender uma coisa.
Desde quando ele rima?
Eu sabia que ele curtia rap e tudo, até pelo o que todo mundo falava. Mas, rimar já era outro papo. Decido sair dali, já que o sinal já ia tocar de novo e se o diretor soubesse disso, ia ser um caos.
━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━
é isso aí.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LOVERS OF CHAOS
Romanceaqui o caos e o amor tem um caso, então mantenha distância e vá com calma. ©BABYBOO1988