salvador

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Minha ikran estava agitada abaixo de mim, era como se ela soubesse que havia algo em minha mente. Acaricio o pescoço longo e forte, acalmando-a aos poucos.

"Mawey Syanan, Mawey! Mantenha-se firme, garota, já desceremos" murmuro baixinho para a poderosa criatura, ouço um pequeno resmungo em resposta, finalmente a senti mais calma com o nosso tsaheylu, me fazendo suspirar aliviado.

Minhas orelhas se mexem para o lado direito do meu corpo, ouvindo alguns bateres de asas. Reviro os olhos já sabendo da nova presença ao meu lado.

"Hey, mano, o pai chamou a gente. Você precisa voltar! Mamãe está furiosa com você! Você não aprende, Neteyam?" lo'ak falava ofegante, parecia que havia corrido a floresta inteira mesmo que estivesse em cima de seu próprio ikran.

Reviro os olhos dando de ombros para a fala do meu irmão. Estava nervoso com a noite anterior, precisei sair e esfriar a cabeça, por sorte, havia alguns omaticayas para me ajudar com o meu problema.

Lo'ak vai em direção ao solo e eu sigo logo atrás. Não demoramos muito para chegarmos ao solo, desço do meu ikran e pego alguns peixes de dentro da bolsa que carregava nas caçadas, estendendo para a grande boca do animal.

"Hey, menina! Tam tam... Você foi uma garota muito boa hoje" dou leves tapas em seu pescoço, ouvindo um breve ronronar que me fez sorrir instantâneamente.

Caminho em direção a grande árvore, sendo recebido pelos olhares amorosos das minhas irmãs e pelo doce olhar ameaçador da minha mãe, se é que eu poderia chamar de doce.

"NETEYAM! Onde você esteve? Está perdendo a cabeça?" Mamãe rosnava enquanto rodeava meu corpo, procurando algum ferimento. Seu olhar para em meu pescoço e eu vejo a sua feição se formar em puro desgosto.

"Estava se divertindo com os jovens do clã de novo?" Sua voz irritada ecoa pela nossa cabana, me obrigo a encolher as orelhas, meu pai me olhava e balançava a cabeça em negação.

"Mãe, eu-" Vejo a sua mão se erguer em uma ordem de silêncio, abaixo a cabeça em obediência.

"Lo'ak" ela chama meu irmão, ele se aproxima lentamente, seu olhar de compaixão em minha direção, me fazendo rosnar, eu odiava receber olhares de pena "leve suas irmãs para fora, conversarei com o seu irmão e seu pai" ela continua a falar, meus olhos acompanhando meus irmãos saindo da grande cabana.

"Neteyam, você é o futuro Olo'eyktan, já passou da hora de escolher um companheiro para você e ainda assim, você anda se esgueirando com os outros jovens? O que eu falei para você?" A Tsahík falava alto, meu pai estava ao meu lado agora, acariciando meus ombros.

"Mas eu não estava-" novamente ela não me deixa terminar de falar, apontando diretamente para o meu pescoço "não minta para mim. Estou vendo como deixaram marcas em seu pescoço" ela termina de falar.

Um silêncio ensurdecedor se instala entre nós três, minha mãe suspirava alto, procurando a calma dentro dela. Meu pai resolve intervir e mudar de assunto.

"Mas não foi por isso que chamamos você, filho" olho na direção do mais velho, franzindo o meu cenho. "Você deve saber sobre os Metkayinas..." Ele indaga sugestivo, cruzo os braços confuso, afirmando com a cabeça "bom... Isso é muito bom. Convidei a família do Olo'eyktan para passar alguns meses aqui, fortalecer os laços com o povo do mar, fará bem aos Omaticayas essa união" ele fala e eu ainda fico confuso, não tinha necessidade de me chamar só para falar sobre isso.

"Quero que você e seus irmãos os recebam. Traga-os com cuidado e muita descrição, mandarei alguns poucos guerreiros para essa missão" balanço a cabeça em confirmação, viro o meu corpo em direção a saída mas a sua voz chamando o meu nome me fez recuar novamente na direção dos mais velhos.

Ma Yawntu Onde histórias criam vida. Descubra agora