Capítulo 4

182 31 9
                                    

Durante muito tempo de sua curta vida o pequeno lorde questionou as coisas que aconteciam ao seu redor, como era injusto os homens não usarem vestidos, parecia muito confortável. Era injusto as pessoas nascerem miseráveis, sem nem teto para morar, perder seu pai tão novo, sua mãe ficar viúva e a maior injustiça de todas, era Mito Uzumaki liderar a família. Não fazia sentido na cabeça do ômega, afinal, sua mãe ainda era a Senhora da casa, porém calada pelo luto constante. Naruto observava Samantha correr pelo jardim, seu vestido creme flutuando ao seu redor como se a garotinha fosse uma linda fadinha, sorriu tocando o vitral da janela, seu peito se apertando com a vontade avassaladora de sair.

Porém, era inviável, estava planejando uma fuga, e o corvo de Tobirama levava e trazia recados secretos pela janela no cair da noite. Dois dias antes do seu aniversário ele fugiria, antes não teria coragem, mas seu peito se inflou de uma coragem repentina, queria conhecer o mundo, queria viver, depois ter uma família tranquila para cuidar, com um alfa que ele mesmo escolheu. Não queria casar com um homem com a idade de seu falecido pai, mesmo que Kakashi seja um bom homem, ainda sim não foi a ele que Naruto escolheu.

Seus ouvidos atentos capturavam a todo momento o barulho do corredor, os dois guardas conversando entre si, algum assunto banal da cidade, não era de seu interesse. Esperava que tudo corresse bem, e ele então estaria nos braços de seu amado alfa, havia pedido aos mares tanto para ser um ômega, então deveria ser um ômega forte! Sua mãe havia saído em uma viagem, prometendo voltar o mais cedo possível, ela ainda não sabia que ele havia sido pego, e seu medo falou mais alto do que a razão, omitindo esse segredo cruel.

Um toque na porta despertou o ômega de seu mártir, e com a suave aprovação a porta se abriu, revelando um dos servos com uma bandeja adornada.

— O senhor deveria comer, pequeno mestre.

O rapaz com cabelos encaracolados entrou em passos tímidos, colocando a bandeja na mesa de chá próxima a janela, pondo a mesa conforme deveria ser feito. Os olhos castanhos encararam esperançosos o seu mestre, que se sentou com um suspiro.

— O senhor deseja um banho?

Os grandes olhos castanhos observavam com admiração o jovem lorde, que sorriu simpático para o garoto, concordando levemente em um aceno. O garoto mal pôde conter seu êxtase, saindo em passos largos para a casa de banho, a fim de preparar o melhor banho de todos para seu pequeno mestre. Naruto sorriu sozinho, sentia-se sortudo por ser amado tão puramente pelos que cuidavam de seu lar, seus pais sempre o ensinaram a respeitar em primeiro lugar para depois ser respeitado. E em nível que os servos amavam seus senhores, eles odiavam com destreza a lady regente.

Naruto comeu devagar, forçando seu estômago a aceitar a comida que estava deliciosa, mas ele simplesmente não tinha fome. Com mais uma mordida ele se recostou no acolchoado da cadeira, levando o lenço cheiroso em seu nariz, chateado que o aroma alcoólico estava desaparecendo com o tempo. Com a ajuda de Art ele se despiu e tomou um banho calmo, sua pele ainda fervia em certos momentos, mas as dores diminuíram consideravelmente desde o último encontro com Tobirama. Quando estava devidamente limpo e vestido, agradeceu o beta pelo cuidado, que sorriu feliz, se retirando com a bandeja quase intocada.

O ômega suspirou finalmente saindo de seu quarto, tendo dois guardas a seu reboque.

— Não vou sair de minha casa, senhores.

— Desculpa, jovem mestre, apenas seguindo ordens.

Eles disseram quase uníssonos, e então o ômega bufou, dirigindo-se enfim para a biblioteca do palacete.

— Quase tudo concluído? — a voz do capitão trovejou pelo convés — Andem com isso, maricas.

O homem velho andou imponente pela embarcação, em poucos dias eles partiriam para as Indias em busca de um lote de temperos e perfumes. Ele não tinha medo, apesar da ameaça constante de piratas pelos mares, confiava que sua tripulação não correria e usaria força bruta para defender o navio. Os marinheiros de Flaming eram conhecidos por serem perigosos, apesar de justos e dentro da lei, além de ter a mão do rei em cima deles.

— Com licença, capitão Watterson. — os olhos verdes do capitão pousaram no rapaz de cabelos brancos, era um bom garoto e determinado, ao ter a atenção para si ele finalmente falou — Em dois dias tenho um assunto pessoal para resolver, irei ter que me ausentar.

O homem de cabelos vermelhos arqueou as sobrancelhas compreensivo, e acenou brevemente com a cabeça, dando a autorização que o alfa precisava, os olhos carmesim brilhando em uma felicidade muda, e logo ele voltou ao seu trabalho. Watterson era um beta, e nunca havia conhecido alguém para passar meia vida junto, porém ele entendia de fogo e de paixão, e era isso que ele via quando colocava os olhos no garoto Senju, ele tinha a chama que era necessária para fazer parte daquele navio.

Com isso ele voltou para seus aposentos de capitão, derramando rum em um copo de cristal, banhando seus lábios com o amargor imediato. Puxou seu amuleto para perto, as labaredas de fogo dançando em frente aos seus olhos, como mágica. Ele estava com o pé na cova, e já sabia quem poderia cuidar do seu tesouro flamejante, tão bem quanto ele próprio.

•••••

Capítulo curto, porém de extrema importância, o próximo capítulo vai ser um caos, eu espero que vocês gostem.

Gostaram dos personagens novos?

Eu estou tão ansiosa para mostrar para vocês tudo que vai acontecer aqui!

Curiosidade: a ideia dessa fic foi assistindo piratas do Caribe

Beijinhos

Flaming Treasure - TobiNaru ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora