Why? - Kylian Mbappé ✅

Capítulo 41

Minhas férias se passaram de forma lenta e dolorosa a cada dia. Neymar havia se machucado novamente, provavelmente perderia os jogos da Champions que ele tanto falava, e teve que fazer novas cirurgias no pé. O que o deixou muito abatido e irreconhecível. Eu fiquei cuidando do mesmo.

Mas ao mesmo tempo, as crises de Fibromialgia vinham aumentando cada vez mais, então erámos dois doentes cuidando um do outro. "Na saúde e na doença". Sabendo dessa situação, Caio mandou Graciela vir cuidar de nós, mesmo tendo a admitido como fisioterapeuta da Fiorentina.

- Obrigado por vir, não precisava e você e o Caio sabem. E desculpa por ninguém ter ido te buscar no aeroporto.- Falei quase cochichando pois Ney dormia no sofá.

- Não precisava? Olha a situação de vocês dois. Além do mais, eu sei muito bem o caminho até aqui. Obrigado pela preocupação. Mas e aí, como a doença está agindo? - Falou ela ao soltar as bagagens e a bolsa.

- Violentamente. Os pontos de dor estão aumentando a cada dia, minhas articulações parecem que não funcionam, sem contar a falta de concentração mental e a coordenação motora. Um dia após a cirurgia do Ney, fui preparar a janta e eu não consegui colocar uma panela de água no fogo, não fiz outra coisa a não ser chorar.

A doença também afetava meu psicológico, tanto por ser uma consequência do mal funcionamento do corpo, quanto por não permitir realizar atividades e movimentos básicos. Graciela ouvia minhas queixas e analisava minha musculatura. O leve sono de Ney foi interrompido pela campainha que tocou novamente:

- Kylian? - Perguntou Graciela um tanto surpresa, e em seguida me olhou tentando entender, mas eu estava tão perdida quanto ela.

- Eu mesmo. Cadê o Neymar? - Perguntou ele ao passar da porta. - Eu preciso falar com ele.

- Tô aqui, Kyky. - Falou Ney tentando ficar sentado, mas havia muita dificuldade.

- Vamos deixar você à vontade. - Estava pronta para me retirar com Graci.

- Não, fica. - Falou ele docemente e eu me segurei para não surtar ali mesmo. - Vocês também precisam estar presente, então só ouçam. Brasileiro, eu sei que você tá muito mal, mas o time tá pior que isso. Você estava sendo um grande líder para nós, principalmente na Champions. Agora tá todo mundo desmotivado, até mesmo o Sergio.

- Ele não pode jogar, o que você quer que ele faça? - Perguntou Graciela.

- Eu sei que não, mas ele pode assistir, pode apoiar e falar com o time. Não agora com a cirurgia recente, mas ao longo da recuperação. Principalmente no jogo do Bayern, e não está tão em cima. Eu pago o deslocamento se necessário.

- Você quer nos arrastar para Munique, na Alemanha? É isso mesmo que eu entendi? - Perguntei com um tom de ironia.

- Mon a... - Hesitou ele perceber que me chamaria pelo apelido carinhoso. - Renata, é um caso de vida ou morte. Ninguém aguentaria mais uma eliminação vexatória. Temos que tentar absolutamente tudo. Não nadamos tanto para morrer na praia.

- Eu vou. Mesmo que vocês tentem me impedir. Meu time precisa de mim de alguma forma, eu não posso dar as costas. Não posso falhar como falhei na seleção.

- Na seleção foi diferente, e você e todos nós sabemos disso.

- É melhor concordar, você sabe como o Ney é. Ele vai ficar agitado, nervoso, e isso atrapalha a recuperação.

- Se não pode derrotá-los, junte-se à eles. - Levantei os braços em ato de rendição.