Minha querida traficante - Wenclair

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Enid Sinclair

Minha vida é um inferno.

Todos os dias eu tenho que acordar 5 horas da manhã para fazer todos as tarefas de casa impecavelmente. Caso eu não arrume, eu apanho.

Definitivamente não preciso mais de desculpa para apanhar. Se ele sente vontade, ele me bate. Seu eu rir, ele me bate. Se eu me mexer na hora errada ele me bate.

Eu não aguento mais. Só estou segurando por conta da minha filha.

Meu marido não aguenta nem escutar choro da minha filha. E eu apanho por ela. Eu faço tudo, mas não o deixo encostar nela. Ela é o meu bem mais precioso.

Hoje não seria diferente.

Minhas mãos tremem ao ouvir o barulho da porta abrindo. Eu já queria chorar.

O que adianta morar no Leblon, no melhor condomínio, em um dos melhores apartamentos, se a minha vida é um inferno?

Eu não lembro qual foi a última vez que sai de casa sozinha. Ele sempre vem atrás de mim, me tratando como uma criada.

Eu só servia para ser seu troféu nos jantares do governo. Ele comprava vestidos caros e gastava rios de dinheiro para contratar uma maquiadora que desse jeito nas minhas marcas. Marcas que ele deixava.

Minha filha estava no meu colo, sendo amamentada. Eu rezei para que ela tivesse dormindo, para Renan não implicar com ela. Mas ela não estava. Queria brincar comigo, ficar de chameguinho.

(Autora: Coloquei um nome fictício porque não queria usar ninguém do enredo)

- Minha comida está pronta? - Engoli em seco quando escutei sua voz.

- Oi meu amor, está sim. - Falei da maneira mais carinhosa, mesmo sentindo meu estômago embrulhar de nojo.

Isabella soltou meu seio é virou para olha-lo, dando um tchauzinho.

Renan revirou os olhos.

- Tira essa coisa de perto de mim. - Resmungou. - E cubra esses peitos caídos. - Se jogou no sofá. - Por isso que a minha secretária é melhor, ela é bem mais gostosa que você. - Suspirei, segurando o choro. Não é de hoje que ele vem acabando com a minha autoestima, mas dói, dói muito.

- Vou colocar o jantar, meu amor. - Falei sorrindo forçadamente. - Fiz tilapia ao molho de maracujá. - Comentei e ele deu de ombros.

Não falei mais nada, apenas caminhei até a cozinha com Bella no colo. Eu evitava ao máximo deixar ela com ele.

Arrumei o seu prato e levei até ele no sofá, que estava vendo o jornal enquanto ria da cara das pessoas que estavam na fila do sus aguardando medicamentos, falando coisas como "Comprei meu iate com o dinheiro dos seus remédios, otários."

Deixei Bella em seu cercadinho que havia alguns brinquedos e arrumei a mesinha portátil pra levar até ele.

Quando ele já estava comendo eu Suspirei aliviada, pensando que ele tinha gostado.

- Vai preparar meu banho. - Ele ordenou e eu assenti, pegando a minha filha do cercadinho e levando até o banheiro comigo.

Liguei a banheira na água morna, do jeito que ele gostava. Quando finalmente a banheira encheu, eu desliguei e voltei para a sala, encontrando Renan cheirando aquele pó branco.

Que inferno.

- Sua banheira está pronta, meu amor. - Sorri forçado e ele nem me olhou.

- Deixa a coisa no cercado e venha aqui. - Tremi. Não queria chegar perto dele.