011 - O mais belo.

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Por mais que pareça, uma criança de cinco anos pode sim se lembrar de eventos traumatizantes, ou coisas que há tragam certos problemas psicológicos. Embora, nosso cérebro esteja em função de tentar apagá-las com o tempo, sabemos que aconteceu.

E quando o pai de Shoto praticamente o arrastou para seu escritório, eu já sabia sobre o que se tratava, e com aqueles gritos, eu tive um breve dejavú de quando meu pai e minha mãe discutiam sobre quem era o mais irresponsável, e quem de fato, ficaria comigo.

— O que você fala nem faz sentido! — Mesmo há grandes passos de distância, ainda se dava para ouvir o tom de voz do dual começar a se manifestar e aumentar mais e mais.

Enquanto Enji gritava pelas culatras.

— Faz total sentido! Deixar você passar tanto tempo assim com aquela louca, está te deixando maluco também! — Minhas pernas deram uma estremecida ao ouvir uma forte pancada sobre uma superfície de madeira, creio.

— Minha mãe não tem culpa alguma de eu gostar de homens também! — Shoto retrucou, batendo sobre a mesma superfície que seu pai havia, há pouco segundos atrás.  — E se você não consegue colocar isso nessa sua cabeça, é você quem deveria procurar um psiquiatra!

— Se esqueceu com quem você está falando?! Eu sou seu pai! Não sou esses amigos pamonhas que você acha em qualquer canto não!

— Graças a Deus, Graças a Deus! — O ouvi rir em bom som, zombando. — Ter um encosto como você no meu grupo de amigos já teria me feito se matar há muito tempo!

— Shoto! Escuta aqui, enquanto eu colocar a comida nessa mesa, pagar suas roupas, seus sapatos, esses produtinhos idiotas que você usa na cara,e no cabelo, inclusive a gasolina daquela sua moto horrenda, o mínimo que você tem que fazer é me respeitar, e seguir minhas ordens! — Gritou, calando até mesmo a televisão que Natsuo assistia, e a fala de Fuyumi que já estava insegura, enquanto me mostrava alguns de seus antigos livros, de quando morava com o pai e irmãos na casa onde nos encontrávamos agora. — Então agora, peça para aquele menino sair da minha casa, e nunca, nunca mais me apareça com outro namoradinho tosco de escola aqui! Muito menos me venha com esses papos de bissexualidade!

— Vai se fuder! É por isso que todo mundo some dessa casa quando tem a oportunidade!

— Shoto...!

— Agora eu entendi por que o Toya preferiu passar horas na chuva vendendo doce barato, e passou até dias na rua! Ninguém merece morar no mesmo teto que uma desgraça feita você! Você polui o ambiente só quando pisa!

— Se você não esta satisfeito com nada que eu te dei, e dou até hoje, sai agora! Vai! Seu abutre!

— Abutre é você! Nunca agregou porcaria nenhuma na minha vida! Única coisa que você me dá é raiva!

Foi aí, que nos três paramos de tentar fingir que não ouvíamos a discussão, quando ela na verdade tinha deixado de ser. Com um simples tapa, Enji mudou todo o rumo da situação, para uma briga de verdade.

Natsuo se levantou as pressas, andando em passos rapidinhos até o escritório de seu pai, e Fuyumi foi junto, já começando a gritar pelos dois birrentos, e eu fui logo atrás, tentando por na minha cabeça que não era por culpa minha.

— Abre essa porta! — Natsuo bateu mais algumas vezes de forma desesperada, enquanto rodava a maçaneta várias vezes.

— Pai! Shoto! — Fuyumi acariciou meu ombro de forma insegura e muito preocupada, antes de me lançar uma frase dolorida no fundo do peito. — Eu sinto muito, Izuku...

— Não acredito que seu irmão conseguiu jogar fora toda a educação que te dei! — Quando Natsuo finalmente conseguiu, praticamente, arrombar a porta, demos de cara com os dois entre os tapas e socos, ainda que de pé.

PREMONITÓRIO | BakuDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora