44 | Guilty

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HADES LEWIS

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HADES LEWIS

— SCARLETT! — gritei seu nome, vendo-a passar pela porta do quarto com as malas feitas. — Você precisa acreditar em mim! — meu tom de voz agora era baixo, ela me encarava com o rosto vermelho. Não ousava derramar uma lágrima, mas mesmo assim parecia desapontada.

— Você foi tão baixo quanto ele, Hades. — Ela se abaixou para fechar o zíper do casaco de Kenny, ela empurrou as roupas dele e fechou a mala azul com rodinhas barulhentas.

— Eu juro por Deus, não tive nada haver com isso.  — Dei alguns passos em sua direção, ela se afastou. Parece com medo de mim, está com raiva, triste e descrente. — Amor, por favor — suspirei.

Scarlett deixou um sorriso amargo em seus lábios, ela está com as chaves do carro entre seus dedos. A morena olha para a porta de saída e depois para mim, seu olhar faz meu corpo todo doer. Mesmo que a dor seja psicológica.

— Parece que a porra do universo está tentando nos mostrar que não fomos feitos um para o outro, Hades! Parece que sempre acabamos sendo jogados para longe, sempre alguma merda acontece. Você não está cansado disso? Desde que entramos na vida um do outro, tudo foi arruinado!

Engoli em seco, colocando minhas mãos no bolso da jaqueta azul e branco, estilo colegial. Sustentei seu olhar permanecendo de queixo erguido. Eu já disse tantas vezes que a amo, já demonstrei isso um milhão de vezes. Mas nunca é o suficiente.

— Não sei aonde está querendo chegar — minto. Eu sei sim. Estamos chegando no fim, mais uma vez. Só que agora, é real. Agora ela realmente está colocando um ponto final na nossa história.

Olhei para o garoto loiro que segurava sua mão. Kenny parecia não entender o que estava acontecendo, na outra mão ele segurava seu celular. Observava atentamente a tela do celular, provavelmente está assistindo a um de seus desenhos favoritos. Sorri fraco, nós sempre acabamos no mesmo lugar. Sempre tendo que arrastar Kenny junto por conta da nossa bagunça

— Você mandou matar meu pai. Eu sei que ele não merecia estar vivo depois de tudo o que fez. Mas você desceu ao nível dele, Hades. Eu não te reconheço mais, é isso o que estou querendo dizer — ela exclamou. Seus olhos tem um brilho diferente de ódio, ela só está magoada. Não está com raiva. Isso vai passar, e quando Scarlett souber que eu não fiz nada. Tudo vai voltar ao normal. Ao nosso normal.

— Eu odiava o Pablo mais do que tudo, mas eu não mandei ninguém matar ele! — esbravejei, tentando não perder a paciência. Tentando fazer ela acreditar em mim.

Scarlett suspirou, desviando seu olhar do meu. Ela olhou para Kenny, depois para a porta, depois para as malas feitas.

— Eu queria muito acreditar em você, mas... Não consigo. Você disse que o queria morto, nós brigamos por causa disso e hoje... — fez uma pausa, certificando-se de que a criança não estava prestando atenção na nossa conversa. — Recebi a notícia da morte dele. Mataram ele durante uma briga no pátio, apenas ele foi morto. Foi esfaqueado quinze vezes. Ninguém sabe o motivo, apenas nós dois e sua mãe. Apenas nos sabemos que foi ele quem matou Magnólia, isso é o suficiente para que eu não acredite em você.

— Eu não vou te deixar sair por essa porta, nós vamos sentar e conversar como adultos. Há quatro anos você foi embora sem dizer uma palavra, você me levou até o fundo do poço e me deixou lá! Você ousou...

— Chega, Hades! Não é mais sobre nós dois. Acabou! Tudo o que tínhamos acabou no instante que você não pensou em nós antes de mandar alguém matar o meu pai!

Andei de um lado para outro, vendo as lágrimas começarem a rolar por seu rosto. Massageei as têmporas, sentindo dor de cabeça, sentindo vontade de voltar a dormir até que tudo estivesse bem.

— Não entendo por que você está agindo assim, como se gostasse dele, como se o que ele te fez não fosse motivo o suficiente para querer ele morto. Talvez você tenha mandado alguém matar seu pai e está jogando a culpa para cima de mim — sugeri, com um sorriso amargo. Seus lábios se abriram em um "O", ela levou a mão até seu peito como se estivesse ofendida.

— Você é um maldito manipulador! — gritou. — Eu queria ele morto, está satisfeito? Eu fiquei feliz quando soube que ele estava morto! Mas eu não queria que você tivesse feito isso, porque isso significa que você é tão podre quanto ele! Entendeu agora?

Agora seu rosto estava vermelho de raiva, e essa é a cena mais perfeita que eu consigo guardar na memória. Não gosto dos motivos de estarmos aqui, não gosto da briga, da raiva que ela está sentindo por mim neste momento. Mas gosto de ver seu rosto vermelho, seu olhar e punhos semicerrados. Gosto de ver o brilho em seus olhos, e também gosto de imaginá-la embaixo de mim na cama enquanto me xinga.

— Eu sou inocente, amor. Juro pela minha vida — cruzei os braços na altura do peito, estou tão calmo que a deixo nervosa. Eu sei que sim. Sei que ela não está entendendo que porra está acontecendo agora, por que caralhos eu estou com esse sorriso de lado e parecendo tão confiante. Não estou confiante, mas imaginar eu a fodendo de quatro me deixa mais tranquilo.

— Eu quero provas, Hades. — Scarlett caiu sentada no sofá, se dando por vencida. — Estou odiando você nesse momento, e se não me provar a sua inocência e vou sair por essa porta e não vou mais voltar!

Ela tamborilou os dedos no sofá, esperando que eu começasse agora a procurar as provas de que não mandei ninguém matar Pablo. É verdade, eu não fiz isso mesmo. E não faço ideia de quem fez, mas eu não tenho provas. As únicas provas que tenho é que não dei telefonemas a semana inteira. Também não fiz nenhuma transferência. Eu estive com ela todo segundo do meu tempo, não tinha como eu ter ligado para alguém e ter encomendado a morte de Pablo.

Mas fico feliz que ele esteja morto. Fico feliz que alguém tenha poupado meu trabalho.

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