O Cair da Noite na Sinuosa - II

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Perplexa e com os olhos brilhando como uma chama verde no meio da escuridão, Sakura perguntou a Chiyo:

— O que... O que você está fazendo?

Chiyo balançou a cabeça de um lado para o outro.

— O mesmo que você. Caçando.

— Você é louca. És uma assassina. — Sakura levantou a voz — Você está matando pessoas. Pessoas!

— E qual a diferença entre humanos e animais? — Chiyo gargalhou arrastando seu pé lentamente na direção da garota.

Sakura rosnou, movendo-se à medida que Chiyo fazia, não queria estragar suas chances. A mulher era velha, mas agora pouco a rosada havia visto ela lançar um machado com a força de um homem em seus dias de juventude. Não poderia arriscar, ainda mais quando sua vida estava em jogo.

— Por quê? — Sakura perguntou com ira gelada em sua voz.

— Não banque a idiota comigo, garota.

— Eu não estou.

Chiyo, que se movia nas graças de um felino como se já tivesse feito aquilo várias vezes, sorriu de forma macabra ao ouvir a resposta.

— Você não é iniciada. Pelo sangue de Madara, hoje é meu dia de sorte.

— Do que você está falando? — Sakura esbravejou ainda mais.

Em resposta, rápida como as flechas que a rosada lançava, uma adaga fina cortou o ar ao voar na direção do rosto dela, por reflexo, Sakura desviou, e adaga encontrou a parede de pedra como seu destino final, mas a garota logo sentiu algo quente lhe escorrer pela bochecha e constatou que era seu sangue. A adaga havia passado de raspão próximo ao seu rosto. A garota se preocupou, nem sequer percebeu Chiyo segurando uma adaga.

— Bruxas que não são iniciadas, não deveriam andar e caçar sozinhas por aí. A não ser que não tenham te contado que és uma bruxa.

— Bruxas não existem. Pare com este joguinho psicodélico, Chiyo! O que, demônios, você quer? — A ficha começava a cair mais e mais, e Sakura se sentiu acuada e assustada percebendo a situação que se encontrava. A mulher a sua frente era insana, louca por mais definição. O corte em sua bochecha começava arder e os corpos espalhados tomavam mais atenção de seus olhos do que gostaria.

Chiyo parou, ergueu levemente a cabeça e fungou profundamente.

— O cheiro do seu medo é uma delícia, querida. 

Dessa vez, a rosada viu quando Chiyo levou uma adaga e lambeu a lâmina de uma forma que se gravaria para sempre em sua mente.

— Bruxas existem, acredite você ou não, e estou na frente de uma agora. Eu pensei que iria ter alguma diversão na luta, mas se você não é iniciada. Isso será um abate fácil. — A mulher flexionou as pernas, e prendeu os pés ao solo de terra fofa, se preparando.

— Impossível... E mesmo que eu seja, não deveríamos nos apoiar? — A rosada respondeu, enquanto pensava numa forma para conseguir escapar daquele porão. Teria que tirar Chiyo de perto da escada de alguma forma.

— Apoiar, huh? Acho que você se confundiu. Eu não sou uma bruxa, sou uma feiticeira e minha diversão favorita é caçar bruxas estúpidas como você, sua raça me enoja. Já fazem anos desde que matei uma bruxa, por isso envelheci tanto. Porém, senti sua presença assim que colocastes os pés nos limites da floresta. Então, não se preocupe Sakura, sua morte valerá a pena. Sugarei sua alma, me banharei em seu sangue e minha juventude se reestabelecerá. Você foi o presente enviado pelos meus maiorum¹.

The Witch - A Maldição da BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora