tempestade

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Abaixei um pouco a música de meus fones e escutei um baixo ruído.
Fui até a janela e espiei por trás das cortinas.
Estava chovendo do lado de fora, a chuva estava batendo com certa força em minha janela, força na qual era impulsionada pela ventania que não permitia ser esquecida durante aquele espetáculo, o vento trazia um um assovio longo e suave que retumbava em meus ouvidos como uma melodia acolhedora.
Me encontrei anestesiada contemplando uma das gotas que escorria demoradamente pelo vidro da minha janela, outras gotas se enfileravam atrás dela e ela ia escorrendo cada vez mais lentamente, ela parecia que só estava a escorrer por ter muitas outras gotas atrás dela, era como se ela estivesse carregando um peso muito grande em si mesma e não estava mais conseguindo escorrer como todas as outras gotas.
Percebi que o assovio do vendo estava cada vez mais baixo, o longo assovio agora mais se parecia um sussurro confuso, era como se estivesse pedindo por ajuda, o assovio estava cansado e aos poucos ele foi sumindo.
Quando me dei de conta só restava a chuva, o assovio não estava mais lá.
Me afastei da janela e deitei em minha cama, alguns minutos se passaram e estava com um turbilhão de pensamentos. Ainda estava chovendo lá fora, mas a tempestade estava dentro de mim.

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