Sakura: A ascensão da força interior

Alucinação

Tsunade-Sama estava apoiada em meu ombro, a garrafa de saquê estava em sua mão ainda que vazia. Eu a segurava pela cintura, tentando mantê-la em pé, mas não era uma tarefa fácil. Eu também não estava nas minhas melhores condições. Embora minha mestra gostasse de uma boa noite de bebedeira, não havia me apropriado desse costume. No entanto, não podia negar que havia bebido muito mais do que estava habituada. As ruas de Konoha estavam tranquilas, iluminadas apenas pela luz das estrelas e da lua, que pareciam dançar em meu campo de visão, graças ao efeito do álcool. A Sra. Tsunade, normalmente uma mulher forte e imponente, estava agora completamente dominada pelo efeito da bebida, tropeçando a cada passo. Pensei em como Shizune deve ter tido trabalho em sua última viagem.

― Sakura, tenho certeza que estamos no caminho errado.

― Tenho certeza que não, Tsunade-Sama. ― Tentávamos andar em linha reta, mas era como se as ruas estivessem se movendo e brincando conosco.

― Não me lembro dessa pedra aqui. ― Parou encarando um paralelepípedo qualquer. ― Tenho certeza que estamos na rua errada.

― Sinto muito Tsunade-Sama, mas não acho que está em condições para ter certeza de nada. ― Ela revirou os olhos.

― Você também não está num dos seus melhores dias, Sakura. ― Pigarreou, fui obrigada a concordar.

― Mas estou certa que já estamos chegando, está vendo aquela árvore? Fica perto do seu apartamento.

― Qual das duas? ― Ela estreitou os olhos. ― A que está se movendo para a direita ou a que está se movendo para esquerda? ― Nos encaramos por alguns instantes antes de gargalhar. ― Tudo bem, Sakura, você pode me guiar.
Rimos enquanto cambaleávamos até o apartamento da Quinta-Hokage, abri a porta para que ela entrasse, já que não conseguia por as próprias chaves na fechadura. Minha mestra se arrastou até o sofá da sua sala

― Ah, que confortável... Acho que vou tirar uma soneca aqui mesmo.

― Acho que é uma boa ideia, Sra. Tsunade. Descanse bem, ou Shizune pegará no seu pé pelo resto da semana.

Com um último riso, ela fechou os olhos e pareceu cair em um sono profundo. Eu a cobri com uma manta e me preparei para sair, deixando-a descansar.

Apesar de já ser tarde, caminhei sem pressa, refletindo sobre a conversa que tive com minha mestra. Estava distraída em meus pensamentos, até avistar a figura de um homem não muito distante de mim, demorei um pouco a reconhecer aquele chakra, talvez pela bebida. Kiba estava em pé, observando algo de longe, o rosto tenso, mandíbula pressionada. Tentei avistar o que ele encarava com tanta concentração. Estávamos perto dos portões de Konoha, um grupo estava partido para sua missão. Tive uma sensação estranha ao notar que Naruto estava entre eles, se despedindo de Hinata com um abraço caloroso, mas não dei importância. Me aproximei de Kiba devagar, ele desviou os olhos para minha direção assim que notou minha presença.

― Não vai dizer tchau? ― Indaguei de maneira um tanto indiscreta.

― Não. ― Ele falou com os lábios cerrados. ― O que está fazendo aqui a essa hora?

― Poderia fazer a mesma pergunta a você. ― Rebati. ― Ele desviou os olhos rapidamente.

― Estava fazendo uma caminhada. ― Olhei em direção aos portões.

― Vocês são amigos, é normal desejar boa sorte antes de uma missão. ― Falei sem pensar.

― Hinata já tem tudo que ela precisa, não é mesmo? Não precisa que eu lhe deseje sorte. ― Respondeu. Notei certo desconforto em seu semblante.

― Há algo de errado? ― Indaguei.

― Não. Está tarde, eu vou indo. Deveria fazer o mesmo. ― Kiba se afastou apressadamente, ao olhar para os portões os ninjas já estavam partindo. Franzi o cenho tentando entender o que havia acontecido, e por um instante algo me passou pela cabeça, mas não sei se fazia sentido. Respirei fundo antes de voltar a caminhar, Kiba estava certo, eu deveria voltar para casa, no entanto, fiz exatamente o oposto, continuei caminhado até chegar no lago que havia nas proximidades. Sentei-me no deck de madeira, sentindo a brisa fria.