O norte da capital de Clover estava frio. Fazia algumas horas que Noelle escutou o som de do movimento que vinha de fora. O silêncio da madrugada era quebrado somente pelo vento húmido do inverno que soprava do lado de fora, balançando as lamparinas de óleo sob os postes tremulavam contra o vento que corria pelas ruas desertas de pedra, cobertas por gelo e neve. Não demoraria muito ater que fosse início da aurora, porém Noelle não acreditava que a escuridão pudesse ser totalmente dissipada. Havia sido um outono escuro. O inverno havia chegado.
Noelle trocou o peso sob os calcanhares brevemente, tateado as unhas por detrás das costas. O manto escuro se mesclava ao breu do quarto enquanto tinha sua atenção voltada para um ponto qualquer na madeira do assoalho. Enganava-se quem pensava que ela estava desatenta, em um raio de 20 metros, todo aquele perímetro estava sob sua zona de mana. Cada estalo, cada movimento vindo do lado de fora, nada passava por sua percepção. Noelle pode sentir aguarda real passar pelas ruas desertas. Suas armaduras faziam barulho sob os cavalos cobertos de pele, estavam um pouco distantes. Noelle percebeu a estranha inconstância que a ronda passava por aquele local, sempre alternando os horários. Era uma boa estratégia.
Seu olhar brilhante desceu para o lado onde alguém dormia profundamente. Era uma mulher. Seus longos cabelos negros se espalhavam pelos travesseiros de plumas enquanto os edredons macios a abraçavam. Já devia estar na hora.
A jovem observou silenciosa enquanto a mulher forçava seu corpo aquecido para frente, até que estivesse sentada sobreo colchão fofo. Ela estremeceu com o choque térmico, nem mesmo grande lareira conseguia sanar o frio do outono que insistia em invadir seus aposentos. Uma de suas mãos foi de encontro aos cabelos bagunçados, os jogando para trás, foi quando o azul de seus olhos encontrou o rosa dos de Noelle, finalmente notando a garota de pé, parada no mesmo lugar em que havia visto na noite anterior antes de se entregar ao sono.
Ela sorriu.
— Noelle, minha querida... — disse a mulher, mascarando um bocejo preguiçoso. — Bom dia.
Seu sorriso era doce, tão doce que chegava a ser inebriante. As alças de seu chemise lhe caiam levemente, revelando os ombros corados pelo frio matinal. O olhar sonolento lhe oferecia olhos tingidos do mais puro azul celeste, claros como as águas que banhavam o litoral.
— Bom dia, senhorita Lucrécia — ela respondeu, retribuindo seu sorriso com gentileza.
— Muito obrigada por mais uma noite — seu olhar percorreu o interior do quarto, encontrando as sombras dos pés de suas damas surgirem pela pequena fresta da grande porta. — Deve estar cansada... Como se sente? — ela disse, apontando sutilmente para o curativo em sua testa.
Noelle negou com a cabeça enquanto caminhava em direção às portas do quarto.
— Estou bem — ela disse. — Os medicamentos de Raj são muito efetivos. Isso vai me render uma cicatriz legal — um sorriso surgiu em seus lábios junto ao som dos saltos de suas botas contra madeira polida fizera os murmúrios detrás da porta se calarem. — Mas... acho que seja a senhorita que esteja cansada.
Lucrécia sorriu divertida.
— Você está certa — ela mulher confessou, fitando de soslaio a marca vermelha em seu ombro esquerdo. — Ter que inverter meus valores para agradar um homem por uma noite... é cansativo.
Noelle não podia acreditar que o olhar angelical que recebia todas as manhãs, era na verdade vindos uma prostituta da mais alta classe, ou melhor, uma cortesã.
Ainda se lembrava da comoção que foi feita para que elas pudessem conversar brevemente. Noelle havia sido vendada e levada por um mago espacial até uma sala que nunca vira antes. Quando lhe foi autorizado tirar a venda, Noelle á viu pela primeira vez. Junto do luxo e do cheiro de perfume requintado e flores, estava Lucrécia Alighieri. Na conversa que se seguiu, Noelle descobrira o motivo para tal missão.
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Black Clover ▪︎ Hereditary
Fanfiction"Um dos sentimentos mais intenso e confuso presente nos humanos? Eu diria que é o Amor." Dizem que os demônios amam brincar com esse sentimento, pois ele faz o mais orgulhoso coração se torna tímido e o mais alheio ficar confuso consigo mesmo ao faz...