Cupido do Inferno

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O som de passos ecoava pelos longos corredores gelados. A pressa era nítida em seu respirar e no suor que molhava suas roupas sujas de poeira e sangue. Asta sentiu o corpo paralisar momentos antes daquele frio preencheu o lugar, um frio espectral que não pertencia a aquele mundo. Seus passos cessaram rapidamente, frente as portas de uma capela vazia. Os olhos verdes brilhavam enquanto percorria o interior da capela destruída.

— Eu sei que está ai! — Asta gritou, mas tudo que teve como resposta foi sua voz ricocheteando contra as altas paredes. — Pois bem... se não sair, eu vou até você.

O abafado barulho vindo da batalha que vinha do lado de fora deu lugar a risada que cortou o silêncio da sala como uma lâmina cega, escondido por detrás de uma das grandes pilastras de mármore sob a o topo escadaria se projetou uma sombra opaca.

— Vejam só...— respondeu, revelando parte de sua forma. — O humano está cheio de si.

— Demônio...  

— Não se incomode comigo, por favor. — disse parando sob o topo da escadaria. Suas belas esferas de cor âmbar brilhavam perigosamente por debaixo da franja repicada. Sua aparência remetia a de um jovem rapaz, bagunçado era o seus cabelos grisalhos. 

As asas brancas que envolviam seu corpo arrastaram pela poeira da tapeçaria que cobria o alto da escadaria, fazendo um lento barulho enquanto seu rosto pendia para o lado em um sorriso sem dentes. Asta estava incomodado, o KI que emanava da criatura era neutro, aquele não era um demônio irracional como os que encontrou pelo caminho, a forma como ele falava, o olhar cheio de soberba que recaia sob si... ele tinha certeza de uma coisa, aquele demônio era diferente.

Asta abaixou os ombros, se pondo em posição.

— Eu não tenho tempo pra perder com você. Liebe, vamos acabar com ele! — chamou o pequeno sob seu ombro, mas ele nada fez. — O que deu em você?

Liebe estreitou os olhos.

— Esse cara... eu o conheço — o jovem revelou.

— Conhece? — repetiu, porém Liebe não se deu ao trabalho de responder.

— Vejo que o brinquedinho encontrou um portador — pestanejou o demônio, trocando seu peso sob uma das longas pernas. — Inesperado eu diria, afinal, você deveria estar morto. Vejo que continua persistente.

— Ele estava lá quando me lançaram contra a barreira que separa nossos mundos — disse não se abalando com suas palavras, deixando um Asta confuso ao seu lado. — Onde estão as legiões que você comandava? — ele perguntou de repente.

Aquilo? Apenas ficaram para trás.

— Um duque sem seus cavaleiros? — foi a vez de Liebe usar de sua ironia.

— Nunca liguei para esse título. — retrucou junto a um rápido suspiro, sorrindo para o pequeno ainda sobre o ombro alheio.

— Quem é esse cara? — foi a vez de Asta perguntar sem desviar o olhar do demônio sorridente.

— Zepar — ele disse, logo em seguida se envolvendo em redoma de miasma, parando de pé ao lado de seu companheiro. — O maldito é um dos duques do andar onde nasci.

Era. — corrigiu ele, divertido.

Aquilo fez Liebe rir irônico.

— O que é isso? Algum tipo de aposentadoria?

— Você pode ver dessa maneira.

— O que esse cara é? — Asta perguntou novamente, impaciente.

— Não tenho certeza... um súcubo? — as palavras de Liebe fizeram o ser acima das escadas franzir a testa.

Black Clover ▪︎ HereditaryOnde histórias criam vida. Descubra agora