Alhos em conserva

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Marcy P.O.V

E lá estava eu, atrasada pra chegar cedo na escola, acabei perdendo meus três primeiros alarmes, fiquei até tarde jogando então acabei dormindo pesado por dormir pouco.

— Que droga, vai ser difícil manter amizade assim, se eu chegar tarde alguém pode tomar a Anne de mim.

Falo pondo uma torrada na boca e abrindo a geladeira pegando um pote de alho em conserva. Eu vou levar ele pra comer na hora do intervalo, vai ser um bom apelitivo. Vou correndo até a parada do ônibus com minha roupa habitual, meus amados moletons, e minha mochila em frente à minha barriga.

Acabo saindo de casa de óculos dessa vez, porque não tinha tempo o suficiente pra procurar por minhas lentes.
Não demorou muito pra que o ônibus escolar chegasse então eu até cheguei bem cedo na escola. Passando pelo inferno que era o corredor e pegando meus papéis coloridos guardados dentro do meu armário.

Eu sempre fui de ter muitos hobbys, a maioria é bem passageiro, o único que eu fico a muito tempo é jogos, mas meu novo hobby passageiro é fazer origami, e eu até que estou ficando boa nele. Fiz um buquê pra minha nova amiga ontem, ela se chama Anne e é novata na escola, novatos são a melhor opção de amigos que alguém isolado pode ter.

Eu me apego bem fácil e tenho uma carência que preciso suprir já faz um tempo, nem tudo se resolve na terapia infelizmente. Sou tirada dos meus pensamentos tropeçando nos meus próprios pés enquanto ando.

Olho pra baixo observando que um dos meus cadarços está desamarrados e me agacho no corredor pra arrumar isso e acabo tendo minha cabeça acertada com um livro.

— Ai que merda— resmungo de dor e olho pra cima — Você deixou cair?

Ouço algumas risadas de amiguinhos próximos ao cara e pego o livro do chão entregando a ele, me levantando depois disso.

— Deveria tomar cuidado, eles são bem caros e pesados.

O garoto que tinha acabado de pegar o livro joga ele em direção a meu pé, me fazendo afastar antes dele me atingir novamente.

— Já comeu cachorro hoje Wu?— pergunta o garoto rindo— Ou quem sabe hoje foi pastel.

Pisco algumas vezes tentando entender a graça da piada e porque todos estavam rindo. Nego com a cabeça e tento passar pelo corredor até minha sala tendo meu pulso segurado pelo mesmo menino.

— Me solta!

Grito batendo no garoto jogando o peso da minha mochila em cima dele e fazendo alguns de meus papéis caírem, o garoto dá uma tombada pro lado se equilibrando pra não cair.

— Sua vadiazinha!

— O que está acontecendo aqui?

Pergunta o velho barbudo do nosso diretor aparecendo no corredor para apartar a briga, me abaixo enquanto ele dá bronca no garoto por estar incomodando uma das alunas exemplares dele. Eu me abaixo novamente pegando meus papéis coloridos do chão e correndo até a sala de aula.

Pelo menos dessa vez o diretor Andrias estava lá. Vou andando até meu lugar de sempre o cantinho mais escuro da classe, lá a luz não incomodava tanto meus olhos. Dou um longo suspiro ao me sentar e começo a fazer um cisne de origami para me distrair.

Enquanto estou concentrada no processo sinto alguém tocar meu ombro, e olho para ver quem foi vendo Anne em minha frente com um sorriso nos lábios.

— Bom dia, Marcy — Cumprimenta — Você está muito fofa de óculos.

Pisco meus olhos repetidas vezes e sinto minhas bochechas esquentarem pelo elogio de Anne, não estou muito habituada a elogios nem nada do tipo, bem pelo contrário, xingamentos e críticas fazem mais parte da minha rotina.

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