Chapter 2 - Internato

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  Depois de longas horas de viagem eu finalmente chego ao meu destino, a casa dos meus avôs, faz bastante tempo desde que não vejo eles e nem sei como estão. Eu bato na porta rapidamente, até que vejo uma mulher que eu nunca vi na vida abrir a porta para mim. Ela não é muito menor do que eu, seus olhos são de um tom castanho claro muito bonito, seus cabelos cacheados dourado parecem tão macios que meu pergunto como seria tocá-los, seu rosto é calmo e cheio de sardas que parecem constelações, a garota na minha frente me observa confusa que me faz acordar de meus desvaneios.

  - Ahn... Quem é você? - Ela pergunta e sua voz é doce e confortável igual a um girassol...

  - Como você não sabe quem eu sou? - Pergunto indignada lembrando que tenho uma imagem a cumprir - E o que uma pobrezinha... imunda faz na casa dos meus avós? - Digo com uma certa dificuldade, é a primeira que me sinto intimidada por alguém, mas não posso perder minha pose, tenho que mostrar a essa plebeia quem é manda. Seu rosto calmo se transforma em uma mistura de raiva e decepção, enquanto parece tentar se segurar para não me bater.

  -Olha sua... - Ela parece respirar fundo 3 vezes – Presta muita atenção com que eu vou dizer, moça. Ninguém aqui vai abaixar a cabeça para sua humilhação, não. - Agora que eu percebo seu sotaque caipira irritante, ela levanta o dedo em minha direção, como ela ousa?! - Pode ir tirando seu cavalinho da chuva senhora.

  Ela diz isso e sai batendo os pés para fora da casa e eu fico parada em estado de choque, como ela ousa falar assim com uma Florence? Meu pai é um dos pintores mais famosos de toda França e Brasil, como essa garota irritante não me conhece?! Argh! E aquele sotaque então? Me dá um sentimento estranho, essa garota é tão confusa e... Irritante!

  Decido entrar dentro da casa para parar de pensar naquela menina, espero não ter que vê-la nunca mais! Fecho a porta atrás de mim e vou entrando silenciosamente pela casa a procura de alguém, até que vejo um senhor de 67 anos sentado em uma cadeira, seus fios brancos vão apenas até as laterais de seu couro-cabeludo, seus olhos são azuis da cor do oceano iguais aos meus. Reconheço esse como meu avô, Rodolfo Florence, ele era um amador na arte, então nunca seguiu muito nesse ramo e foi mais para a música, eu sei tocar piano por sua causa.

  - Oi vô! - me aproximo lentamente mantendo minha voz baixa para caso ele esteja dormindo.

  - Bonjour ma petite fille! (Olá minha garotinha!) - Ele se vira com dificuldade para mim, enquanto me observa com carinho em seu olhar. Meu vô tem uma dificuldade em falar em português, então prefere se comunica por sua língua nativa, o francês.

  - Comment as-tu été? (Como você tem estado?) - Eu pergunto sentando-me em um banquinho ao seu lado, eu me sinto feliz por estar ao lado de meu avô, ele sempre foi mais presente do que papa, me deu mais atenção, eu acredito que seja melhor continuar aqui do que lá em minha mansão as vezes. Mas, só as vezes.

  - Je vais bien, comment va ton papa? (Estou bem, como está com seu papai?) - Ele pergunta curioso, fico hesitante sobre o que eu falo. Meu vô não sabe sobre a relação que eu tenho com meu papa, então eu não sei se devo falar com ele, até que ouço uma voz atrás de mim.

  - Já chegou Amelie? - Minha vó fala atrás de mim vestindo um vestido florido e usando um avental branco, seu sorriso me traz um conforto que eu raramente sinto em casa, me levanto e corro para abraçá-la e sou retribuída imediatamente. Depois de alguns segundos, que pareceram minutos para mim, minha vó me solta e diz:

  - Vamos lá comer garotinha, a comida já está pronta – E começa a andar em direção a cozinha.

  Vou em direção ao vovô, dou um beijo em sua testa e logo saio em direção onde a comida mais maravilhosa me espera, quando chego lá vejo minha vó preparando meu prato com minha comida preferida.

GORGEOUS - BarbelieOnde histórias criam vida. Descubra agora