A Thousend Scars

Viagem Pra Itália

Quase uma semana se passou e Rad mal havia saído de seu quarto, recebendo seus amigos lá para ver como ele estava e refazer os curativos. Ele ainda sentia a dor em suas pernas enquanto andava e o cheiro de álcool ainda embrulhada seu estômago, mas o que mantinha o gato em seu quarto era a falsa sensação de segurança que aquele lugar passava, a sensação de que ele não poderia ser encontrado enquanto estivesse lá dentro, sob a proteção dos irmãos Kurome.

O dia estava nublado, anunciando as tempestades que estavam por vir naquela tarde e um trovão ou outro já ecoavam pelo bairro. Uma música calma se fez presente no cômodo, o toque do celular de Rad. Ele não teria atendido, mas o nome na tela fez suas esperanças sorrirem com a chance de seu dia melhorar.

— Ciao Rad! — O rapaz de cabelos negros falou acenando enquanto segurava uma faca, o celular estava em algum apoio e ele fazia sua janta.

— Ciao Mikoto... Faz tempo que você não ligava.

— Ainda não estou cem por cento aqui, então eu esperei estar mais de boa. E pelo visto não sou o único que não está muito bem... — Mikoto comentou vendo os curativos no corpo do gato, ele fazia parte do pequeno grupo de pessoas que sabiam da origem de suas cicatrizes.

— Não sei se quero falar sobre isso...

— É um direito seu e você sabe que eu vou respeitar.

— Saudades. Agora eu sou o único pra dar dicas de como a Kirika pode conquistar o Al. — O gato comentou tentando não pensar em Jeff.

— Falando nisso, como eles estão? — O moreno resolveu entrar mais afundo no tema, buscando qualquer coisa que animasse seu amigo enquanto tentava não queimar a comida.

— O Al não admite mais gosta dela, e eu vejo isso no jeito que ele protege ela. E a Kiri 'tá treinando com a Mel pra ir pro bar.

— Eu falei que ela ia conseguir! — Ele levantou a colher rapidamente, espalhando molho por todo o fogão e proferindo xingamentos em italiano enquanto tentava limpar o que podia sem queimar a mão no fogo.

— Ainda não aprendeu a cozinhar sem sujar a cozinha inteira?

— Eu estou... Trabalhando nisso.

— Eu falei que você não servia pra isso! Como você quer morar sozinho se não consegue fazer um miojo sem derrubar o tempero no chão?

— Eu aprendi a não abrir mais com o dente, beleza? Sem contar que meu pulmão já tem uma camada protetora disso aí.

— Protetora? E uma só?

— Olha quem fala! Você sempre se lambuza todo comendo coisa com chocolate! Especialmente se for no recheio.

— Estou aproveitando o bom da vida, não me intoxicando! — Rad rolou na cama, deixando o celular deitado sobre o colchão e o olhando de cima.