O telefone tocou uma, duas, três vezes. Tocou até uma voz feminina desconhecida tomar o lugar que deveria ser de Park Hyung-sik.
Jimin estava acostumado, mas isso não quer dizer que não doía todas as vezes que seu pai ignorava suas ligações. Ele era assim, um homem orgulhoso e preconceituoso. Essa era a justificativa principal para que Jimin nunca se abrisse verdadeiramente com o pai, e mesmo assim, a vida trouxe tudo a pratos limpos, porque nada fica escondido por muito tempo.
A cidade que Park Jimin nasceu e viveu, até ter que se mudar para Busan com a promessa de fazer uma faculdade e melhorar a vida dos dois, não era conhecida pelo seu silêncio. Por ser pequena e com moradores que viviam e morriam no mesmo lugar, carregava conversa como o ar carregava partículas minúsculas de água. Não tinha uma fofoca que se mantinha a sete palmos de terra por ali.
Foi assim que Hyung-sik descobriu tudo.
Quem diria que uma foto, uma mísera foto de um beijo que nunca aconteceu poderia estragar tudo.
Mas estragou e ali estava Jimin, sentado na varanda da casa que dividia com Namjoon, tentando pela milésima vez em um mês se comunicar com seu pai e não tendo nenhum êxito nisso.
Ali era o ápice dos seus problemas com seu pai. Até então era uma convivência pacífica, Jimin não contrariava seu pai e seguia como um filho submisso, em troca recebia o amor dele.
Talvez essa seja a definição de amor mais distorcida que alguém pode ter na vida, todavia era a única que Jimin conhecia. Desde que sua mãe foi embora, se blindar para qualquer tipo de afeto parecia ser o caminho mais fácil.
Esse caminho o levou direto e sem via dupla para o lugar que se encontrava agora, entre o vazio e sua varanda, olhando o extenso céu azul e se perguntando se um dia seria perdoado pelo que não podia mudar.
A solidão pode ser uma oficina para os mais melancólicos pensamentos.
Ali, entre uma vontade enorme de explicar tudo ao pai e a vontade de chorar, Jimin se pegou desejando loucamente um cigarro, só para se sentir menos ansioso com tudo. Tentou ligar mais uma vez, ouvindo novamente a voz desconhecida. Nem para seu pai ter criado uma caixa postal, qualquer coisa era melhor do que não ser ouvido de jeito nenhum.
A luz da manhã aparecia lentamente por entre o horizonte, dando adeus para um azul escuro pesaroso. Os pássaros cantavam longe de seu apartamento no quinto andar, buscando qualquer lugar ao sul como um novo lar. Sua casa silenciosa indicava que Kim Namjoon ainda não havia acordado, mesmo ele sendo uma pessoa diurna que via em qualquer luz inspiração para seu lado positivo aflorar.
Seu colega de apartamento era a versão mais feliz da sua vida e isso o aliviava mais do que poderia contar.
Uma batida de porta e um xingamento em sussurro foi a deixa para confirmar o contrário de um segundo atrás. Namjoon tinha acabado de acordar e como de costume havia batido a porta do quarto sem querer. Em dias normais, nem se importaria com isso, mas quando seu ficante dormia tão profundamente na sua cama de solteiro, ele sempre ficava puto por ser tão desastrado.
Alguns costumes são difíceis demais de mudar.
Jimin acreditava que os objetos quebrados, comidas queimadas e portas batidas com força seriam o futuro de Seokjin, só caberia a ele sentar e aceitar. Entre os dois, mesmo sem confissões e afirmações, havia um amor saudável.
Namjoon se virou coçando a nuca e dobrando levemente o pescoço até estalar ele, um costume matinal. Jin continuava dormindo tão leve que pensou que o dia não estava totalmente perdido. O, até então, possível namorado detestava ser acordado.
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bringing me back to life | Yoonmin Oneshot |
Fiksi PenggemarPark Jimin tem uma decisão importante a fazer, deixar na sua vida alguém que sempre o amou de forma distorcida ou deixá-lo ir e abrir espaço para novos sentimentos. Com a ajuda de seus amigos e o carinho do homem que faz seus olhos brilharem, ele en...