1. Primeira Impressão é a que Fica

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      Um desejo avassalador alastrava-se através das veias tensas de Jim, florescendo, ameaçando tomar toda a extensão de seu corpo.

      Passado um tempo desde o último momento em que aquele sentimento foi apenas uma vontade, a cada instante aquela necessidade angustiante de adentrar o salão se agravava, ainda que sutilmente.

      Ainda que volumosa, era reconfortante a maneira como sua audição foi extasiada ao captar a cacofonia criada pela miscêlanea de sons vindos do interior do salão. Um arrepio se manifestou através de seus pelos, e os músculos de seu rosto não fizeram um bom trabalho em reprimir seu sorriso.

      Não conseguiu conter o suspiro que parecia implorar para que escapasse de seus pulmões.

      Como se atuassem como um convite, os afáveis feixes da luz quente e amarelada fugiam pelas janelas e por diante das brechas amadeiradas da porta do salão.

      Ajeitava seus fios castanhos antes de cobri-los outra vez, não podendo evitar olhar para baixo por um mero segundo para posicionar seu chapéu devidamente. Assustou-se vagamente ao perceber o estado de suas vestes, que antes já pouco coloridas, agora notavam-se com uma variação de cores muito menor. Estavam imundas, parcialmente manchadas pela deplorável lama que insistia em assombrá-lo todas as vezes que visitava Valentine.

      Seus olhos azuis passearam pelos arredores enquanto tremia diante da entrada do salão, quase louco para que enfim pudesse acalmar seus ânimos. O som das esporas batendo no chão ecoava enquanto o fora da lei empurrava a porta de vaivém e adentrava o recinto.

      Seus olhos se ajustaram à penumbra, revelando um ambiente repleto pela presença de tantas pessoas com o mesmo propósito que ele.

      Apesar de sempre apreciar uma quantidade relevante de uma boa bebida, ironicamente, não queria beber como os demais naquele local. Pelo menos não o suficiente para ser considerado um homem verdadeiramente embriagado.

      Aquele estava longe de ser o melhor dia para que um Jim embebido em uísque barato tomasse e transformasse a cidade em um incontestável pandemônio. A última coisa que queria era acordar na cadeia, alheio aos acontecimentos que o levaram até lá. Principalmente após um dia árduo; e, nesse caso, também uma noite de baderna.

      O tênue calor que os lampiões ofereciam ao ambiente abraçava sua pele e o preenchia com uma leveza categórica. Aquele sentimento revigorante o impedia de desmanchar seu sorriso, ainda que minimamente. Enfrentando os perigos diários que costumava vivenciar, um momento de paz em meio ao caos que perdurava em sua vida quase o fazia esquecer do frio que pairava sobre aquela região.

      Marchando em direção ao balcão, ocupava-se tentando se livrar do pouco que restou do clima exterior, no entanto, ainda prestava atenção ao que acontecia à sua volta. Alguns cidadãos jogavam pôquer, outros bebiam, e outros apenas conversavam. Nada especial.

      Quando enfim parou de frente para o barman, não hesitou em se apoiar imediatamente sobre o balcão. Sedento pelo uísque que descansava sob a mesa, Jim desejava que o homem fosse um pouco mais rápido em notar sua presença. Estreitou um pouco os olhos ao notar a indiferença do indivíduo à sua frente; praticamente estático, com os olhos absortos sobre o copo de vidro que secava com um pano que algum dia, há muito tempo, fora branco.

      Um pigarro foi o bastante para direcionar a atenção necessária para o fora-da-lei irlandês. O barman, um sujeito robusto com um avental sujo, lançou-lhe um aceno de sobrancelhas antes de se aproximar.

      — O que deseja, forasteiro? — Ele posicionou o copo sobre o balcão, esperando a resposta do mais novo freguês antes de servi-lo.

      Uma moeda de cinquenta centavos foi posta sobre o balcão. As mãos de Jim se afastaram dela, para que pudesse ser recolhida.

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⏰ Última atualização: Jul 04 ⏰

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